Criando e contando histórias!...

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Blog Literário


O objetivo deste Blog consiste na divulgação de textos literários e de atividades de contação de histórias da escritora Kate Lúcia Portela. Além do desejo de encantar, empolgar, emocionar, cativar, informar, formar, reformar e transformar este blog tem a finalidade de incentivar a prática da leitura prazerosa!... Aproveite o ensejo para conhecer um pouco mais sobre essa escritora, acompanhando algumas de suas atividades artísticas e culturais. Vale a pena conferir!...



terça-feira, 25 de outubro de 2011

O circo da infância (Kate Lúcia Portela)

Respeitável público:
Era uma vez um palhaço.
Era uma vez outro palhaço.
Um era o Bolinha, o outro era o Varetinha.
Eles gostavam de brincar, brincar e brincar...

Faziam caretas mágicas:
FAAAA! LEEEEE! MIIII! BOOOO! ZUUUU!
Faziam malabarismos com as palavras:
ES-FRAM - BÚ-TI - COS! CA- LUS- FA- TI - LEX! PRO - MER- CLA- GI- A- NO!
Faziam coreografias com as cores:
A-M-A-R-E-L-O-A-Z-U-L-R-O-S-A-V-E-R-M-E-L-H-O-V-E-R-D-E...
Faziam mímicas de animais:
Cocoricó, Muuuuu, Ihiiii!

Um dia, algumas crianças pediram um presente para o Bolinha e o Varetinha.
Mas... que presente dar?
Os palhaços pensaram, pensaram, pensaram...
Então, resolveram lhes dar pedacinhos de infância!

Deram uma bola de meia...
Deram um chapéu de papel...
Deram uma peteca de jornal...
Deram um telefone sem fio...
Deram uma pipa...
Deram bolinhas de sabão...
Deram uma corda...
Deram um bambolê...
Deram um cata-vento...
Deram bolinhas de gude...
Deram um pião...

E resolveram se dar para as crianças!...
E por inteiro!
Marcharam!
Bateram palmas!
Assobiaram!
Fizeram uma pombinha com as mãos!
Piscaram o olho!
Soluçaram!
Apertaram as mãos!
Deram joia com os dedinhos!
Fizeram uma cobrinha com as mãos!
Jogaram beijos!
Desafinaram!
Estalaram os dedos!

As crianças adoraram os presentes e deram parlendas aos palhaços, como forma de retribuir o carinho:
Os primeiros versinhos encantaram os palhacinhos:
‘Batatinha quando nasce
Se esparrama pelo chão
A menina quando dorme
Põe a mão no coração’

E elas recitaram outra parlenda com sabor de magia:
‘Chuva e sol
Casamento de espanhol
Sol e chuva
Casamento de viúva’

Mas a preferida das crianças elas deixaram para o final:
‘Cadê o toucinho que estava aqui?
O gato comeu. Cadê o gato?
Fugiu pro mato. Cadê o mato?
O fogo queimou. Cadê o fogo?
A água apagou. Cadê a água?
O boi bebeu. Cadê o boi?
Está amassando trigo. Cadê o trigo?
A galinha espalhou. Cadê a galinha?
Está botando ovo. Cadê o ovo?
ESTÁ AQUI!’

Aí, os palhacinhos entraram na brincadeira e recitaram outra parlenda:
‘Era uma vez uma bruxa.
À meia-noite.
Em um castelo mal-assombrado.
Com uma faca na mão.
Pra passar manteiga no pão!’

Após tantas e tantas brincadeiras, estava armado o circo:
O circo da infância!
Esse espetáculo é um presente e ninguém pode perder!...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Outro cravo, outra rosa (Kate Lúcia Portela)

“Era uma vez uma menina. Ela tinha um amigo. Tinha, não tem mais. Eles brigaram: “O cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada. O cravo saiu ferido. E a rosa despedaçada. O cravo ficou doente. A rosa foi visitar. O cravo teve um desmaio. E a rosa pôs-se a chorar.”
No princípio, a menina nem ligou. Afinal, ela tinha muitas amigas. E, com elas, adorava brincar de pular corda: “Um homem bateu em minha porta e eu abri. Senhoras e senhores, ponha (sic) a mão no chão. Senhoras e senhores, pule (sic) num pé só. Senhoras e senhores, dê (sic) uma rodadinha e vão pro olho da rua.”
Mas, com o passar do tempo, a menina começou a sentir saudades do amigo. Então, resolveu visitá-lo. No caminho, encontrou um sapo, que nem era príncipe: “O sapo não lava o pé. Não lava porque não quer. Ele mora lá na lagoa e não lava o pé porque não quer, mas que chulé!”
Aí, a menina resolveu comprar um pirulito para dá-lo de presente ao amigo: “Pirulito que bate, bate. Pirulito que já bateu. Quem gosta de mim é ela, quem gosta dela sou eu.”
Quando comprou o pirulito, ganhou de brinde um soldadinho: “Marcha soldado, cabeça de papel. Quem não marchar direito, vai preso pro quartel. O quartel pegou fogo, a polícia deu sinal. Acode, acode, acode a bandeira nacional.”
Caminhou muito, muito e teve que atravessar um rio com a canoa do Seu Chico: “A canoa virou. Vou deixá-la virar. Foi por causa do seu Zé que não soube remar. Se eu fosse um peixinho e soubesse nadar eu tirava o seu Zé do fundo mar.”
Até que ela finalmente chegou até a casa do amigo. Nossa, era uma casa tão diferente: “Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada. Ninguém podia entrar nela, não. Porque na casa não tinha chão. Ninguém podia dormir na rede porque na casa não tinha parede. Ninguém podia fazer pipi, porque penico não tinha ali. Mas era feita com muito esmero. Na rua dos bobos, número zero.”
Finalmente, o menino abriu a porta. A garota o abraçou e lhe deu de presente o pirulito e o soldadinho. Ele adorou a visita, nem se lembrava mais da briga, e ofereceu um lanchinho à amiga: “Meu lanchinho, meu lanchinho vou comer, vou comer. Pra ficar fortinho, para ficar fortinho e crescer, e crescer. Meu suquinho, meu suquinho vou beber, vou beber. Pra ficar fortinho, pra ficar fortinho e crescer, e crescer.”
Eles descobriram que é muito bom quando nos alimentamos de músicas, histórias e poesia... Entrou por uma porta saiu pela outra. Quem quiser que cante outra!”