Criando e contando histórias!...

Criando e contando histórias!...

Blog Literário


O objetivo deste Blog consiste na divulgação de textos literários e de atividades de contação de histórias da escritora Kate Lúcia Portela. Além do desejo de encantar, empolgar, emocionar, cativar, informar, formar, reformar e transformar este blog tem a finalidade de incentivar a prática da leitura prazerosa!... Aproveite o ensejo para conhecer um pouco mais sobre essa escritora, acompanhando algumas de suas atividades artísticas e culturais. Vale a pena conferir!...



domingo, 15 de janeiro de 2012

Tistu

“- Em que é que você está pensando, Tistu?
- Estou pensando que o mundo podia ser bem melhor do que é.”


Era uma vez um menino do dedo verde.
Verde, símbolo da natureza.
Verde, símbolo da esperança.
Tistu transformou a cidade de Mirapólvora em Miraflores, com seu dom de semear flores onde quer que tocasse.
A obra de Maurice Druon é calcada em várias antíteses: guerra x paz, morte x vida, tristeza x alegria, humanidade x angelitude.
É interessante frisar que esse menino tão especial simplesmente dormia nas aulas.
Aulas?
Jaulas.
Tistu passa a estudar com o jardineiro Bigode e com o gerente da fábrica de canhões, o Senhor Trovão.
E aprende, fazendo.
E aprende, vivendo.
Aprende a aprender.
Tistu é uma criança que protege os adultos.
Do abandono.
Do desespero.
Da rejeição.
Do desamor.
O menino do dedo verde escreve poesias no ar.
E evoca o cheiro da terra molhada.
E evoca o canto dos pássaros.
E evoca o sabor agridoce.
E evoca o aperto de mãos.
E evoca a visão do arrebol.
Capaz de encantar os alunos, capaz de lhes ensinar lições sobre o respeito à natureza, a busca da paz e da fraternidade.
Trabalhar com esse livro na sala de aula significa abrir as portas da escola para uma mensagem constituída de valores universais que enriquecerão o repertório moral e intelectual dos alunos.
Como professora, eu faria com meus alunos uma maquete da cidade de Mirapólvora e outra da cidade de Miraflores.
Faria dobraduras de flores com eles, como tulipas e rosas e enfeitaria a sala de aula com elas.
Transformaria os dez dedinhos de Tistu em personagens: como se relacionaria o dedo verde com os outros dedos? Haveria colaboração? Haveria competição?
Proporia a produção de um texto sobre a escola de Tistu, com base, igualmente, na frase de Rubem Alves: “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”.
Estimularia a criação de outros personagens: como seria o menino do dedo azul, do dedo amarelo e do dedo vermelho?
Enfim, curtiria, e muito, todas essas brincadeiras literárias, com meus alunos.
E se Tistu semeava flores, como professora, quero semear ideias!...

domingo, 1 de janeiro de 2012

Era outra vez...

Contar histórias é uma arte cada vez mais incentivada nas escolas, hospitais, templos religiosos, livrarias...
O boom dessa atividade no mundo moderno se deve muito à atual tendência de valorização da leitura e do singelo olho no olho, que aproxima as pessoas. Estudiosos afirmam que se trata de uma reação ao ritmo frenético do mundo atual, em que o contato entre as pessoas escasseou.
Deste modo, o ressurgimento da contação de histórias está ligado ao contexto do culto à tecnologia, ao imediatismo, ao superficialismo, bem como à tendência às relações humanas descartáveis. Isso porque a narração de histórias é um maravilhoso convite ao ouvir, ao escutar o outro e à consequente socialização das pessoas.
Pesquisadores como Regina Machado (2004) vêm enumerando os benefícios da prática de narração de histórias, como a possibilidade de “virar o olho”, de braços dados com a imaginação e fantasia.
De fato, essa atividade, além de contribuir eficazmente para a formação de leitores, nos proporciona (a) o contato com a diversidade cultural e étnica, (b) a valorização da literatura e tradição oral, (c) a manutenção da memória e identidade de uma sociedade, (d) o enriquecimento das experiências infantis por meio de uma pedagogia do imaginário, (e) o encantamento e a sensibilização dos ouvintes, (f) o alimento da alma, (g) o resgate de significados para a nossa existência, (h) a troca de afetividade, (i) a ampliação da capacidade de escuta e reflexão, (j) o desenvolvimento da criatividade.
Há também ganhos mais específicos, como a ampliação do vocabulário, o contato com o esquema narrativo das histórias, a valorização da língua portuguesa em sua modalidade escrita e em sua modalidade oral.
A contação de histórias não deve ter cara de aula. Segundo Fanny Abramovich (1995) ela é o ponto de partida para o desenhar, o musicar, o teatralizar, o brincar, o inventar, pois tudo pode nascer de um texto.
Na escola, as crianças fazem dobraduras, fantoches, mosaicos, colagens, desenhos...
Sempre relacionados à história.
Com os contos, as crianças criam o seu próprio repertório moral e se enriquecem com a ginástica imaginativa.
A contação de histórias é, por vezes, o Livro Vivo!...
Brincar e se envolver com a contação de histórias representa um treino para a criança aprender a lidar com a realidade. As histórias não são uma fuga, são um ensaio.
Atualmente, os contadores de histórias são valorizados e requisitados, por conta do calor humano e da afetividade que evocam e que a tecnologia não nos proporciona.
Os contos apresentam um caráter terapêutico, pois encantam e curam.
Simplesmente, salvam sonhos!
Contar histórias é um ato de amor literário.
Entrou por uma porta, saiu pela outra, quem quiser que conte outra!...