Criando e contando histórias!...

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Blog Literário


O objetivo deste Blog consiste na divulgação de textos literários e de atividades de contação de histórias da escritora Kate Lúcia Portela. Além do desejo de encantar, empolgar, emocionar, cativar, informar, formar, reformar e transformar este blog tem a finalidade de incentivar a prática da leitura prazerosa!... Aproveite o ensejo para conhecer um pouco mais sobre essa escritora, acompanhando algumas de suas atividades artísticas e culturais. Vale a pena conferir!...



quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O Castelo da Princesa


Era uma vez...
Era uma vez ou outra que isso acontecia.
Uma princesa nascia:
VITÓRIA!
E isso sem que os pais nem sequer desconfiassem que esperavam uma Realeza.
Uma princesa!
Quando nasceu, disseram: - Seja bem-vinda, Alteza!
Mas...
O tempo passou.
E a princesa precisava de um castelo.
Um lindo castelo!
Então, papai e mamãe saíram com a menininha em busca de um Castelo.
Caminharam, caminharam, caminharam...
Até que encontraram o Castelo da Música.
E ouviram canções lindas, lindas.
Mas tocaram canções de ninar e a menina dormiu profundamente.
Papai e mamãe partiram.
Caminharam, caminharam, caminharam...
Até que chegaram ao Castelo da Dança.
E dançaram canções lindas, lindas.
Mas quando dançaram um agitado rock-and-roll a menina chorou.
Papai e mamãe partiram.
Caminharam, caminharam, caminharam...
Até que chegaram ao Castelo da Poesia.
Declamaram-se muitos poemas lindos, lindos.
Mas não havia nenhuma rima rica para princesa.
Papai e mamãe partiram.
Caminharam, caminharam, caminharam...
Até que chegaram ao Castelo do Esporte.
Fizeram alongamento, jogaram bola e correram.
Mas a menina ficou muito cansada.
Papai e mamãe partiram.
Até que, finalmente, chegaram ao Castelo dos Livros.
E leram de tudo.
Principalmente as histórias de princesas.
E agradeceram a Papai do Céu por terem sua própia Rapunzel.
Descobriram que aquele, sim, seria o castelo de sua princesinha.
Eles a beijaram e delicadamente a deixaram na porta do Castelo.
Do portão Amarelo.
Ainda avistaram quando um Rei, uma Rainha e um pequeno Príncipe receberam a tão esperada princesa... sua filhinha do coração!
“Só faltava você!”- comemoraram.
No Castelo dos livros, uma nova história começava,
E começava de um jeito diferente, com todos ‘felizes para sempre’!...

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Chá de chuva
(Kate Lúcia Portela)

“Lá vem você com essas histórias de comer nuvem”.
Por vezes, ouço essa frase quando relato a pessoas próximas o encantamento que sinto pelo clima mágico das histórias e poesias infanto-juvenis.
Acho até graça.
Mas, infelizmente, a poesia ainda causa um estranhamento nas pessoas.
Certa vez, um jovem afirmou que poesia é muito difícil.
Afirmei: “Difícil é viver sem poesia!”
E lhe dei um saquinho de poemas do genial Mário Quintana.
Li uma história interessante em que um menino, em meio a um engarrafamento, pergunta ao pai: “Que sabor tem o sol?”
E o pai lhe dá uma explicação científica.
Claro, isso não satisfaz o menino e, aos poucos, os dois são envolvidos pelo clima da magia e encantamento.
Atualmente, estou me alimentando com poemas da autora Roseana Murray.
Num, ela trata de um banquete com chá de chuva, bolo de neblina, empadão de pensamento, sorvete de orvalho, torta de tempo...
Incrível convite ao novo, ao inusitado, ao inesperado.
Um banquete literário.
Noutro, uma receita para espantar a tristeza:
Fazer caretas, plantar bananeiras, apanhar estrelas...
Mágico.
Deixemos, pois, o pragmatismo de lado, ao menos um pouquinho.
E aceitemos o convite da poetisa Roseana Murray:
“Quer jantar comigo?”
Um cardápio de poemas para todos!...

Se essa rua fosse nossa


Acabo de ler um livro belíssimo, intitulado “Se essa rua fosse minha”, do genial Eduardo Amos.
No livro, diz-se que ninguém mandaria ladrilhar a rua, nem botar pedras ou asfaltar, mas deixariam o chão de terra e plantariam flores, colocariam casas coloridas, casas malucas de bolinhas, cheia de amigos, brincadeiras, histórias, com uma feira repleta de legumes, frutas e verduras, sem contar a Festa de São João. Não haveria poluição...
Fiquei recordando a rua de minha infância, com suas brincadeiras como o Pique-Bandeira, com suas fogueiras e batatas assadas, com as histórias da vizinhança...
Tempo bom.
Tempo feito de pedacinhos saborosos de infância, de cafuné, de fruta no pé.
A rua de minha infância era o quintal de minha casa, a minha própria Disney, um celeiro de amigos, era um morro.
Eu brincava de Barbie e Suzi com a Marilaine.
Eu gritava pela Adelaide, uma vizinha que vendia guaraná Simba: ADELAIDE!
Eu conversava com as plantinhas do quintal da casa da minha avó, diziam que com a prosa elas cresciam mais.
Eu separava as brigas de meus irmãos, na laje de nossa casa.
Eu brincava de Iabobói com meu primo debaixo da mesa da casa da minha madrinha.
Eu comprava amendoins coloridos e paçoca no botequim da minha rua.
Eu descia o quintal montada numa tonca, junto com meus irmãos. Apostávamos corrida, era nosso autódromo Interlagos.
No quintal de minha casa, tinha pé de amêndoa, e eu ficava quebrando cada uma com um pedregulho, para comer o que tinha dentro.
A garagem do Monza do meu avô era um lindo Castelo Mágico, cheio de bugigangas e cacarecos encantados.
Tempo bom.
Mas... como serão as ruas de nossas crianças e jovens atualmente?
Será que têm a mesma magia? Será que têm outros encantos?
Ainda há espaço para o sonho, para o lúdico?
Creio que todas as ruas têm que ser nossas...
Ruas que evocam cidadania, civismo.
Ruas que precisam ser cuidadas, que precisam ser seguras para que nossos amores possam passar...