quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Se essa rua fosse nossa
Acabo de ler um livro belíssimo, intitulado “Se essa rua fosse minha”, do genial Eduardo Amos.
No livro, diz-se que ninguém mandaria ladrilhar a rua, nem botar pedras ou asfaltar, mas deixariam o chão de terra e plantariam flores, colocariam casas coloridas, casas malucas de bolinhas, cheia de amigos, brincadeiras, histórias, com uma feira repleta de legumes, frutas e verduras, sem contar a Festa de São João. Não haveria poluição...
Fiquei recordando a rua de minha infância, com suas brincadeiras como o Pique-Bandeira, com suas fogueiras e batatas assadas, com as histórias da vizinhança...
Tempo bom.
Tempo feito de pedacinhos saborosos de infância, de cafuné, de fruta no pé.
A rua de minha infância era o quintal de minha casa, a minha própria Disney, um celeiro de amigos, era um morro.
Eu brincava de Barbie e Suzi com a Marilaine.
Eu gritava pela Adelaide, uma vizinha que vendia guaraná Simba: ADELAIDE!
Eu conversava com as plantinhas do quintal da casa da minha avó, diziam que com a prosa elas cresciam mais.
Eu separava as brigas de meus irmãos, na laje de nossa casa.
Eu brincava de Iabobói com meu primo debaixo da mesa da casa da minha madrinha.
Eu comprava amendoins coloridos e paçoca no botequim da minha rua.
Eu descia o quintal montada numa tonca, junto com meus irmãos. Apostávamos corrida, era nosso autódromo Interlagos.
No quintal de minha casa, tinha pé de amêndoa, e eu ficava quebrando cada uma com um pedregulho, para comer o que tinha dentro.
A garagem do Monza do meu avô era um lindo Castelo Mágico, cheio de bugigangas e cacarecos encantados.
Tempo bom.
Mas... como serão as ruas de nossas crianças e jovens atualmente?
Será que têm a mesma magia? Será que têm outros encantos?
Ainda há espaço para o sonho, para o lúdico?
Creio que todas as ruas têm que ser nossas...
Ruas que evocam cidadania, civismo.
Ruas que precisam ser cuidadas, que precisam ser seguras para que nossos amores possam passar...
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