Querido diário,
Hoje, queria deixar registradas algumas falas das crianças, que anotei:
“Você é muito bonita”, “Sua maquiagem está borrada”, “A história foi boa”, “Sua voz é muito bonita”, “Vai com Deus”, “Eu queria que isso fosse real”, “Conta a história de novo”.
Fico emocionada somente em me lembrar da imensa afetividade das crianças. Após o ato de se contar uma história, nós nunca mais somos os mesmos para elas.
Nós nos tornamos especiais, únicos!
Na escola, vivem me abraçando.
Nas ruas, gritam meu nome, acenam e me mostram para as suas mães.
Até me tornei uma tia mais encantadora depois que passei a contar histórias para meus sobrinhos!
Essa troca de afeto permeia a troca de conhecimentos, de experiências, de pontos de vista, de magia que envolve a contação de histórias.
Mas, além disso, tenho um plano: acho que podemos reverter essa nossa popularidade em benefício do estímulo à leitura.
Outro dia, após uma contação, mostrei o livro com a história para as crianças e comentei sobre a importância do ato de ler.
Li um artigo que nos aconselha a sempre levar o livro onde está a história, se for esse o caso, para estimular os alunos a descobrirem a magia da leitura.
O resultado da minha atitude foi imediato: dois meninos, após a atividade de colagem, pediram-me para ver de novo o livro.
Eles formaram uma dupla e liam com certa dificuldade a história, mas sempre com muita empolgação. Algumas crianças ficaram em volta, numa rodinha de leitura, que tocou meu coração...
Ah! Queria lembrar que, de acordo com os PCNs, todo professor é professor de leitura.
A situação dos contadores de histórias é idêntica.
Por fim, já que tratamos de afeto, relembro as palavras contidas no inventivo livro “O Pequeno Príncipe”: És responsável por quem cativas.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Carta ao Príncipe Encantado
Querido Príncipe,
Sou uma princesa.
Esperei, por longos anos, que você viesse me salvar, montado em seu famigerado cavalo branco.
Mas você não veio.
Imagino que você seja muito ocupado, tendo que duelar constantemente com monstros e dragões, sempre confiando no poder de sua espada.
Não tem problema.
Descobri que minha batalha é outra.
Na verdade, você não pode me salvar, pois não pode me livrar dos dragões da vida.
Da rejeição, do despeito, da intriga, da hipocrisia, da arrogância, da calúnia, da malícia...
Quer saber? Acho que os verdadeiros heróis são os que enfrentam esses monstros sem desacreditar dos seres humanos.
Sem perder a ternura.
Confesso que, às vezes, fujo para o alto de torres.
E nem quero jogar tranças para ninguém.
Mas... penso nas crianças.
Mais que isso.
Penso que todos somos crianças.
E que só erramos tanto porque, de algum modo, ainda não crescemos...
Sou uma princesa.
Esperei, por longos anos, que você viesse me salvar, montado em seu famigerado cavalo branco.
Mas você não veio.
Imagino que você seja muito ocupado, tendo que duelar constantemente com monstros e dragões, sempre confiando no poder de sua espada.
Não tem problema.
Descobri que minha batalha é outra.
Na verdade, você não pode me salvar, pois não pode me livrar dos dragões da vida.
Da rejeição, do despeito, da intriga, da hipocrisia, da arrogância, da calúnia, da malícia...
Quer saber? Acho que os verdadeiros heróis são os que enfrentam esses monstros sem desacreditar dos seres humanos.
Sem perder a ternura.
Confesso que, às vezes, fujo para o alto de torres.
E nem quero jogar tranças para ninguém.
Mas... penso nas crianças.
Mais que isso.
Penso que todos somos crianças.
E que só erramos tanto porque, de algum modo, ainda não crescemos...
domingo, 15 de maio de 2011
O livro em cartaz
“Os verdadeiros analfabetos são aqueles que aprendem a ler, e não leem”. Com essas palavras, extraídas de um poema intitulado Cartaz para uma feira de livros, Mário Quintana elucidou a importância do hábito de leitura e, por conseguinte, do livro no Brasil. Afinal, os livros consubstanciam o ideal do “saber”, tão necessário ao desenvolvimento de uma nação forte e soberana.
Nem sempre as pessoas tiveram acesso aos livros, no Brasil, tal como ocorre no século XXI, em que a população conta com sebos, bibliotecas e livrarias a seu dispor. Os livros, antigamente, eram um artigo de luxo, destinados às pessoas mais abastadas que sabiam ler. Tratava-se de uma exclusão que privava muitas pessoas de ampliar seus conhecimentos e desenvolver o senso crítico.
Hoje, a importância do livro no Brasil é indiscutível. Como ferramenta de instrução, o livro possibilita a formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, de pessoas mais bem formadas e informadas. Sem o livro, a Educação ficaria sem a sua própria alma.
Assim, a Educação não pode prescindir do livro, pois, como afirmou Monteiro Lobato, uma nação se faz com homens e livros; com homens instruídos, portanto. Não se trata apenas dos necessários livros didáticos, mas também de outros livros que estimulem, igualmente, a criatividade e despertem o sabor que está contido, etimologicamente, no saber.
As bibliotecas, no país, devem se multiplicar ainda mais, a fim de que o acesso aos livros não seja privilégio de uma minoria. Deste modo, como verdadeiro instrumento de democratização do saber, o livro cumprirá o seu papel de assegurar o progresso intelectual de quantos lhe procurem, ávidos por aprimorar seus conhecimentos.
Os livros são capazes de despertar a paixão naqueles que leem. Lembro o caso de um amigo que estava se sentindo angustiado na faculdade, cansado de ler tantos “pedaços de livros”, imerso a um saber fragmentado, e que um dia deparou-se com uma imagem, estampada em um livro, que o fez recuperar o gosto pela leitura. Tratava-se de uma biblioteca em ruínas, bombardeada pelos nazistas, por ocasião da Segunda Guerra Mundial. O que chama a atenção na capa desse livro é o fato de haver, nessa mesma biblioteca, três homens, devidamente trajados e portando seus elegantes chapéus, consultando as obras, como o fazemos em tempos de paz. O livro, intitulado A paixão pelos livros, era pleno de textos de D’Alambert, Chalámov, Drummond de Andrade, Gustave Flaubert, Plínio Doyle, Jonh Milton, Montaigne, Petrarca, Mindlin, entre outros. Esse livro trata justamente da relação amorosa que se estabelece entre o livro e seus leitores, dessa paixão capaz de acenar para a paz, mesmo em meio a terrível confronto armado.
Na atual era da informática, nem mesmo o computador foi capaz de substituir o papel do livro na sociedade deste século, como difusor de conhecimentos gerais. Conectados aos livros, de mais fácil acesso inclusive, é possível apreender informações e saberes que irão potencializar o desenvolvimento dos indivíduos nos níveis intelectual e pessoal.
Não apenas os livros devem ser lidos. Tudo o que está a nossa volta deve ser decifrado, pois, como afirmou Paulo Freire, a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Mas, sabemos, o mundo está contido nos livros. Assim, quem lê a vida e lê o livro decodifica o mundo duas vezes. E é preciso ler e reler o mundo para ser um agente transformador, ou um leitor transformador: um mundo de livros para todos...
Nem sempre as pessoas tiveram acesso aos livros, no Brasil, tal como ocorre no século XXI, em que a população conta com sebos, bibliotecas e livrarias a seu dispor. Os livros, antigamente, eram um artigo de luxo, destinados às pessoas mais abastadas que sabiam ler. Tratava-se de uma exclusão que privava muitas pessoas de ampliar seus conhecimentos e desenvolver o senso crítico.
Hoje, a importância do livro no Brasil é indiscutível. Como ferramenta de instrução, o livro possibilita a formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, de pessoas mais bem formadas e informadas. Sem o livro, a Educação ficaria sem a sua própria alma.
Assim, a Educação não pode prescindir do livro, pois, como afirmou Monteiro Lobato, uma nação se faz com homens e livros; com homens instruídos, portanto. Não se trata apenas dos necessários livros didáticos, mas também de outros livros que estimulem, igualmente, a criatividade e despertem o sabor que está contido, etimologicamente, no saber.
As bibliotecas, no país, devem se multiplicar ainda mais, a fim de que o acesso aos livros não seja privilégio de uma minoria. Deste modo, como verdadeiro instrumento de democratização do saber, o livro cumprirá o seu papel de assegurar o progresso intelectual de quantos lhe procurem, ávidos por aprimorar seus conhecimentos.
Os livros são capazes de despertar a paixão naqueles que leem. Lembro o caso de um amigo que estava se sentindo angustiado na faculdade, cansado de ler tantos “pedaços de livros”, imerso a um saber fragmentado, e que um dia deparou-se com uma imagem, estampada em um livro, que o fez recuperar o gosto pela leitura. Tratava-se de uma biblioteca em ruínas, bombardeada pelos nazistas, por ocasião da Segunda Guerra Mundial. O que chama a atenção na capa desse livro é o fato de haver, nessa mesma biblioteca, três homens, devidamente trajados e portando seus elegantes chapéus, consultando as obras, como o fazemos em tempos de paz. O livro, intitulado A paixão pelos livros, era pleno de textos de D’Alambert, Chalámov, Drummond de Andrade, Gustave Flaubert, Plínio Doyle, Jonh Milton, Montaigne, Petrarca, Mindlin, entre outros. Esse livro trata justamente da relação amorosa que se estabelece entre o livro e seus leitores, dessa paixão capaz de acenar para a paz, mesmo em meio a terrível confronto armado.
Na atual era da informática, nem mesmo o computador foi capaz de substituir o papel do livro na sociedade deste século, como difusor de conhecimentos gerais. Conectados aos livros, de mais fácil acesso inclusive, é possível apreender informações e saberes que irão potencializar o desenvolvimento dos indivíduos nos níveis intelectual e pessoal.
Não apenas os livros devem ser lidos. Tudo o que está a nossa volta deve ser decifrado, pois, como afirmou Paulo Freire, a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Mas, sabemos, o mundo está contido nos livros. Assim, quem lê a vida e lê o livro decodifica o mundo duas vezes. E é preciso ler e reler o mundo para ser um agente transformador, ou um leitor transformador: um mundo de livros para todos...
sábado, 7 de maio de 2011
A estilista da alma
Era uma vez uma jovem que recebera uma carta misteriosa de si mesma.
Ela não se lembrava de ter escrito nenhuma daquelas linhas, mas se apaixonou por cada palavra, que a tornava uma verdadeira estilista da alma.
Desde então, a moça se vestiu de fantasia.
Enfeitou sua cabeça com uma coroa de margaridas radiantes.
Bordou estrelas cadentes em sua blusinha azul celeste.
Costurou retalhos de poesias na sua saia rodada de luzes.
Calçou sapatinhos banhados nos cores de um arco-íris marinho.
Então, essa jovem se tornou uma encantadora poliglota do amor!...
Ela gaguejava rosas,
Sussurrava algodão doce,
Falava com crianças interiores,
Gritava estrelas do mar.
As pessoas ficavam fascinadas com a moça e descobriam em si mesmas sua própria dose de magia, que as tornava mais ousadas na arte de serem simplesmente únicas, singulares.
Nunca ninguém soube o que estava escrito na carta que a moça recebera de si própria, mas praticamente todos os que conviviam com ela se transformavam em cartas vivas escritas na mais cativante linguagem do amor!...
Ela não se lembrava de ter escrito nenhuma daquelas linhas, mas se apaixonou por cada palavra, que a tornava uma verdadeira estilista da alma.
Desde então, a moça se vestiu de fantasia.
Enfeitou sua cabeça com uma coroa de margaridas radiantes.
Bordou estrelas cadentes em sua blusinha azul celeste.
Costurou retalhos de poesias na sua saia rodada de luzes.
Calçou sapatinhos banhados nos cores de um arco-íris marinho.
Então, essa jovem se tornou uma encantadora poliglota do amor!...
Ela gaguejava rosas,
Sussurrava algodão doce,
Falava com crianças interiores,
Gritava estrelas do mar.
As pessoas ficavam fascinadas com a moça e descobriam em si mesmas sua própria dose de magia, que as tornava mais ousadas na arte de serem simplesmente únicas, singulares.
Nunca ninguém soube o que estava escrito na carta que a moça recebera de si própria, mas praticamente todos os que conviviam com ela se transformavam em cartas vivas escritas na mais cativante linguagem do amor!...
terça-feira, 3 de maio de 2011
Revista Reconstruir
Caros leitores,
Recebi um convite para escrever artigos para a Revista Reconstruir, do Instituto Brasileiro de Educação Moral (IBEM).
Sou responsável pela seção "LITERANDO", por meio da qual trabalho com a interface Língua e Literatura.
Escrevi, em abril, um texto sobre ensino de língua materna e variação linguística.
Vale a pena conferir!...
http://www.educacaomoral.org.br/reconstruir/literando_edicao_85_o_portugues_sao_dois_tres_quatro.html
Abraços!
Recebi um convite para escrever artigos para a Revista Reconstruir, do Instituto Brasileiro de Educação Moral (IBEM).
Sou responsável pela seção "LITERANDO", por meio da qual trabalho com a interface Língua e Literatura.
Escrevi, em abril, um texto sobre ensino de língua materna e variação linguística.
Vale a pena conferir!...
http://www.educacaomoral.org.br/reconstruir/literando_edicao_85_o_portugues_sao_dois_tres_quatro.html
Abraços!
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Diário de Sherazade III
Querido diário,
Hoje, contei novamente a história da dona Árvore, só que para uma turma do jardim.
Fiquei impressionada com as novas imagens que eu criei corporalmente. Eu simplesmente me transformei na dona Árvore “em pessoa”! Rsrsrsrs! Simulei o caule, os galhos, as folhas, vivi as suas emoções e sonhos...
Percebi que o contato com os alunos, durante a contação, aguça consideravelmente a minha criatividade.
Embora eu reconheça sua importância, a experiência do ensaio me parece técnica e solitária. As crianças parecem respirar a história comigo, entende?
Além disso, a essência de todo conto é o encontro, não é verdade?
Outra questão tem chamado minha atenção. Sempre me apoiei em objetos para contar histórias. Acreditava que sem eles a história perdia um pouco do seu encantamento ou não prenderia a atenção dos ouvintes.
Atualmente, estou modificando esse meu ponto de vista.
Reconheço que os objetos têm seu valor, tanto quanto minha caracterização como contadora, que envolve figurino e maquiagem. Contudo, acho que preciso acreditar mais no aspecto verbal das histórias.
As palavras, por si sós, têm seus encantos, seus mistérios, seu perfume! Quero aprender a manejá-las com mais e mais destreza. Usar as palavras para colorir as histórias.
Eu estou ensaiando a releitura de uma fábula, apenas com base na voz e na expressão corporal. Faço isso porque uma vez me chamaram para contar uma história em um evento para crianças e eu estava sem nenhum objeto ou figurino.
Nessa ocasião, eu até contei uma história, mas não fiquei satisfeita totalmente com o meu desempenho, pois fiquei insegura sem meu material.
Serviu-me de lição.
Aliás, todo contador de histórias precisa ter o seu próprio repertório.
Estou montando o meu!
Sempre pode pintar uma oportunidade para minha atuação!
Hoje, contei novamente a história da dona Árvore, só que para uma turma do jardim.
Fiquei impressionada com as novas imagens que eu criei corporalmente. Eu simplesmente me transformei na dona Árvore “em pessoa”! Rsrsrsrs! Simulei o caule, os galhos, as folhas, vivi as suas emoções e sonhos...
Percebi que o contato com os alunos, durante a contação, aguça consideravelmente a minha criatividade.
Embora eu reconheça sua importância, a experiência do ensaio me parece técnica e solitária. As crianças parecem respirar a história comigo, entende?
Além disso, a essência de todo conto é o encontro, não é verdade?
Outra questão tem chamado minha atenção. Sempre me apoiei em objetos para contar histórias. Acreditava que sem eles a história perdia um pouco do seu encantamento ou não prenderia a atenção dos ouvintes.
Atualmente, estou modificando esse meu ponto de vista.
Reconheço que os objetos têm seu valor, tanto quanto minha caracterização como contadora, que envolve figurino e maquiagem. Contudo, acho que preciso acreditar mais no aspecto verbal das histórias.
As palavras, por si sós, têm seus encantos, seus mistérios, seu perfume! Quero aprender a manejá-las com mais e mais destreza. Usar as palavras para colorir as histórias.
Eu estou ensaiando a releitura de uma fábula, apenas com base na voz e na expressão corporal. Faço isso porque uma vez me chamaram para contar uma história em um evento para crianças e eu estava sem nenhum objeto ou figurino.
Nessa ocasião, eu até contei uma história, mas não fiquei satisfeita totalmente com o meu desempenho, pois fiquei insegura sem meu material.
Serviu-me de lição.
Aliás, todo contador de histórias precisa ter o seu próprio repertório.
Estou montando o meu!
Sempre pode pintar uma oportunidade para minha atuação!
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