Criando e contando histórias!...

Criando e contando histórias!...

Blog Literário


O objetivo deste Blog consiste na divulgação de textos literários e de atividades de contação de histórias da escritora Kate Lúcia Portela. Além do desejo de encantar, empolgar, emocionar, cativar, informar, formar, reformar e transformar este blog tem a finalidade de incentivar a prática da leitura prazerosa!... Aproveite o ensejo para conhecer um pouco mais sobre essa escritora, acompanhando algumas de suas atividades artísticas e culturais. Vale a pena conferir!...



sábado, 9 de julho de 2011

Diário de Sherazade V

Querido diário,

Dizem que não somos nós que escolhemos as histórias, mas as histórias que nos escolhem...
Os teóricos são unânimes em afirmar que o contador deve apreciar a narrativa que vai contar, pesquisando os contos que mais o agradem, segundo critérios diversos.
Estudar a história é fundamental.
Precisamos interpretar bem o conto, avaliando as motivações das ações de personagens, as mudanças de cenário e passagens de tempo, o conjunto de valores implícitos e explícitos que integram a moral da história, as estruturas sintáticas e semânticas que compõem o texto.
Li uma obra que trata da paisagem do conto. A autora sugere que imaginemos os sons que a história evoca, bem como os cheiros, as cores, os sabores.
Podemos criar adjetivos que caracterizem as personagens da história, ilustrar algumas cenas, compor um gráfico que represente a trajetória de uma personagem, imaginar detalhes que não constam da narrativa.
Quando estudamos a história, ficamos mais habilitados a passar a sua verdade aos nossos ouvintes, nós nos envolvemos com ela, tomamos parte nos acontecimentos.
Recordo-me de quando estudei a história da dona Baratinha e me surpreendi ao perceber conteúdos profundos envolvendo as relações humanas, como encontros, desencontros, abandono, rejeição.
De início, eu achava a história muito infantil, mas após aplicar as estratégias da paisagem do conto eu fiquei apaixonada pela história.
Por isso, muitos afirmam que esse rótulo de literatura infantil é conversa pra boi dormir...
Já presenciei um caso de um contador de histórias que não compreendeu o final da história que estava contando e passou um desfecho confuso para a criançada.
Um menino percebeu e fez um gesto de descrédito para o contador, seguido de um comentário de insatisfação.
Certa vez, tive a idéia de incluir a audiência na história, afirmando que eles eram os pintinhos loiros da narrativa da Galinha Ruiva, mas eu não contava com a reação imediata das crianças, que eram, em sua maioria, pardas e negras. Elas não se identificaram com o papel que eu lhes atribuí. Então, propus que elas fossem os pintinhos coloridos. Aí, elas toparam, felizes!
Portanto, devemos estudar o texto e o contexto!

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