Eu sou a mãe.
Para mim, essa história começou quando eu e meu filho fomos abandonados por quem mais amávamos, pois até então tínhamos esperanças de reconquistar nosso amado nem que fosse apenas em uma singela manhã de natal.
Nós sofremos juntos quando vimos um homem bom e meigo se iludir com o poder, com a posse de bens materiais, com pessoas interesseiras.
Eu tentava mostrar ao meu marido que aquele não era um bom caminho, mas ele me desrespeitava e ficava agressivo, de modo que eu, em muitas ocasiões, me calava para não piorar a situação até que cheguei ao meu limite e passei a revidar as suas ofensas.
Neste ponto da história, meu filho começou a tentar uma reconciliação entre nós, pois as nossas brigas se tornaram constantes.
Até que o pior aconteceu: um dia, eu gritei com meu marido, meu marido gritou com nosso filho, nosso filho transformou os gritos em um Bicho Assustador e o Silêncio passou a tomar conta de nosso menino para nós.
Meu marido não teve maturidade para enfrentar a situação conosco e resolveu sair de casa, se sentindo o único responsável pelo fato de nosso filho nunca mais ter falado uma única palavra.
Mas, na verdade, eu tive a mesma vontade de gritar com meu filho e, se não o fiz, foi porque o pai se adiantou. Portanto, nós dois falhamos com nossa criança, pois amor significa paciência e carinho.
Por essa razão, eu busquei uma transformação íntima com a ajuda do terapeuta do meu filho, busquei acender uma luz nas trevas do sofrimento, busquei um pouco de paz interior, busquei me tornar uma pessoa melhor, busquei reencontrar minha essência divina.
Então, resolvi viajar com meu filho para a casa de campo de uma amiga.
Lá, eu e meu filho cuidávamos de uma pequena horta no quintal, tomávamos banho de piscina, assistíamos a filmes sentados em frente à lareira, adormecíamos na rede e, em todos esses momentos, sentíamos saudades de nosso amado.
Até que um dia, aconteceu algo mágico.
Eu estava preparando sacolés de frutas (picolés no saquinho) para meu filho, quando ouvi seus gritos, vindos do quintal.
― Manhê! Cadê você, mãe?...
Não consigo descrever minha emoção ao ouvir novamente a voz de meu filhinho.
Eu simplesmente fiquei sem palavras.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
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