Era uma vez um caracol.
Tinha fama de bonzinho,
Distribuía carinho,
Em forma de presentinho.
Tirava tudo de sua casinha:
Advinha!
Um amor de bambolê,
Para quem gosta de pavê.
Um amor de carrinho,
Para quem gosta de casadinho.
Um amor de fantoche,
Para quem gosta de brioche.
Um amor de patins,
Para quem gosta de pudins.
Mas existia outro personagem nessa história....
Se não me falha a memória,
Havia um terrível monstrinho.
Detestava carinho.
Fazia malcriação,
Jogava lixo no chão.
Xingava palavrão.
Batia no cão.
Caracol queria amizade,
Mas o monstrinho era fina maldade.
Tinha o sorriso da Cuca.
O beijo da Medusa.
O abraço do Capitão Gancho.
O aperto de mão do Bicho Papão.
Mas o Caracol não via, não,
Pois não conhecia vilão.
Até que o monstrinho fez uma armação.
Espalhou boato,
Caracol era chato, ingrato.
Muitos acreditaram e o isolaram.
Caracol se trancou em casa, virou fumaça.
Virou cinza.
Amarelou.
Azulou.
Até que...
Em um novo dia,
Cheio de magia,
E de ousadia,
Caracol ganhou outras, outras cores:
Ficou Negrinho do Pastoreio.
Ficou Boto Cor-de-Rosa.
Ficou Branco de Neve.
Ficou Lanterna Verde.
Mas maduro, madurim...
Que nem fruta no pé.
Agora, sabia que existia cafuné,
E até chulé!...
domingo, 30 de dezembro de 2012
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Sapo Sapeca
Era uma vez um sapo.
Mas não era desses sapos que viram príncipe.
Nem desses que têm chulé por não lavarem o pé.
Nem desses sapos que a gente engole para não brigar com os outros.
Ou desses que comem moscas nas lagoas.
Era um sapo sapeca.
Jogava peteca.
Comia panqueca.
Adorava boneca.
Tirava meleca, eca!
Gostava de mariola e de partida de bola.
Gostava de beijo docinho e de brincar com carrinho.
Gostava de boné e de manga no pé.
Gostava de ciranda e de rede na varanda.
Mas o sapo queria ver amigos nessa história...
Podia ser a Glória.
Ou a Vitória.
Podia ser o Hilário.
Ou o Januário.
Pena que não havia ninguém...
Nem um neném.
Só desdém.
Amigo?
Sapo sapeca só olhava pro seu umbigo.
Ninguém é perfeito.
Mas pra tudo existe um jeito.
Com carinho no peito,
Sapo sapeca aprendeu a ser doce.
Doce de abóbora para a Dora.
Doce de mamão para o Dão.
Doce de banana para a Adriana.
Doce de melancia para a Marília.
Doce de framboesa para Teresa.
E, finalmente, a história mudou...
Ganhou sabores,
E cores,
Amores!...
Amizade não é coisa de Marte,
É pura arte!...
Mas não era desses sapos que viram príncipe.
Nem desses que têm chulé por não lavarem o pé.
Nem desses sapos que a gente engole para não brigar com os outros.
Ou desses que comem moscas nas lagoas.
Era um sapo sapeca.
Jogava peteca.
Comia panqueca.
Adorava boneca.
Tirava meleca, eca!
Gostava de mariola e de partida de bola.
Gostava de beijo docinho e de brincar com carrinho.
Gostava de boné e de manga no pé.
Gostava de ciranda e de rede na varanda.
Mas o sapo queria ver amigos nessa história...
Podia ser a Glória.
Ou a Vitória.
Podia ser o Hilário.
Ou o Januário.
Pena que não havia ninguém...
Nem um neném.
Só desdém.
Amigo?
Sapo sapeca só olhava pro seu umbigo.
Ninguém é perfeito.
Mas pra tudo existe um jeito.
Com carinho no peito,
Sapo sapeca aprendeu a ser doce.
Doce de abóbora para a Dora.
Doce de mamão para o Dão.
Doce de banana para a Adriana.
Doce de melancia para a Marília.
Doce de framboesa para Teresa.
E, finalmente, a história mudou...
Ganhou sabores,
E cores,
Amores!...
Amizade não é coisa de Marte,
É pura arte!...
sábado, 15 de dezembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Diário de Sherazade X
Querido diário,
Estou lendo artigos sobre contação de histórias e selecionei algumas possíveis definições para essa arte:
• “Contar histórias é encantar, significar o mundo que nos cerca, materializando e dando forma às nossas experiências.”
• “Contar histórias é um instrumental capaz de servir de ponte para ligar as diferentes dimensões e conspirar para a recuperação dos significados que tornam as pessoas mais humanas, íntegras, solidárias, tolerantes, dotadas de compaixão e capazes de estar com...”.
• “Contar histórias é um ato social e coletivo, que se materializa por meio de uma escuta afetiva e efetiva.”
• “Contar uma história é tornar-se a própria história.”
• “Contar histórias é sentir-se vivo, capaz de transformar uma história pessoal numa epopeia , uma narrativa essencial.”
• “Contar histórias é uma experiência compartilhada.”
• “Contar histórias não é fazer teatro, é se entregar ao ‘olho no olho’, à intimidade e cumplicidade com o ouvinte.”
• “Contar histórias é transformar o corpo num objeto de arte.”
• “Contar histórias é despertar o riso e combater as forças opressoras.”
• “Contar histórias é uma arte, uma necessidade humana.”
• “Contar histórias é agregar ouvintes, seja na rua, na praça...”
• “Contar histórias oferece indagações, questionamentos, alegria, riso, descontração, aproximação, harmonia, fraternidade.”
• “Contar histórias é compor um espetáculo de arte.”
• “Contação de histórias é a atividade que consiste em transmitir eventos na forma de palavras, imagens, e sons muitas vezes pela improvisação ou embelezamento.”
• “Contar histórias é um meio muito eficiente de transmitir uma ideia, de levar novos conhecimentos e ensinamentos.”
• “Contar histórias é um meio de resgatar a memória.”
• “Contar histórias é ser um bom ouvinte de si mesmo, dos outros e do mundo.”
• “Contar histórias é fazer da história, e não do contador, a estrela principal do espetáculo.”
• “Contar histórias é estimular a criatividade, a magia, a fantasia.”
• “Contar histórias é fazer uma ginástica imaginativa.”
• “Contar histórias é viajar sem nem sair do lugar.”
• “Contar histórias é uma arte popular.”
• “Contar histórias não é um ato puramente intelectual, mas espiritual e afetivo.”
• “Contar histórias é lançar fios invisíveis que nos unem numa só rede.”
Estou lendo artigos sobre contação de histórias e selecionei algumas possíveis definições para essa arte:
• “Contar histórias é encantar, significar o mundo que nos cerca, materializando e dando forma às nossas experiências.”
• “Contar histórias é um instrumental capaz de servir de ponte para ligar as diferentes dimensões e conspirar para a recuperação dos significados que tornam as pessoas mais humanas, íntegras, solidárias, tolerantes, dotadas de compaixão e capazes de estar com...”.
• “Contar histórias é um ato social e coletivo, que se materializa por meio de uma escuta afetiva e efetiva.”
• “Contar uma história é tornar-se a própria história.”
• “Contar histórias é sentir-se vivo, capaz de transformar uma história pessoal numa epopeia , uma narrativa essencial.”
• “Contar histórias é uma experiência compartilhada.”
• “Contar histórias não é fazer teatro, é se entregar ao ‘olho no olho’, à intimidade e cumplicidade com o ouvinte.”
• “Contar histórias é transformar o corpo num objeto de arte.”
• “Contar histórias é despertar o riso e combater as forças opressoras.”
• “Contar histórias é uma arte, uma necessidade humana.”
• “Contar histórias é agregar ouvintes, seja na rua, na praça...”
• “Contar histórias oferece indagações, questionamentos, alegria, riso, descontração, aproximação, harmonia, fraternidade.”
• “Contar histórias é compor um espetáculo de arte.”
• “Contação de histórias é a atividade que consiste em transmitir eventos na forma de palavras, imagens, e sons muitas vezes pela improvisação ou embelezamento.”
• “Contar histórias é um meio muito eficiente de transmitir uma ideia, de levar novos conhecimentos e ensinamentos.”
• “Contar histórias é um meio de resgatar a memória.”
• “Contar histórias é ser um bom ouvinte de si mesmo, dos outros e do mundo.”
• “Contar histórias é fazer da história, e não do contador, a estrela principal do espetáculo.”
• “Contar histórias é estimular a criatividade, a magia, a fantasia.”
• “Contar histórias é fazer uma ginástica imaginativa.”
• “Contar histórias é viajar sem nem sair do lugar.”
• “Contar histórias é uma arte popular.”
• “Contar histórias não é um ato puramente intelectual, mas espiritual e afetivo.”
• “Contar histórias é lançar fios invisíveis que nos unem numa só rede.”
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
O polvo letrado
Era uma vez, sempre uma vez, um polvo.
Mas não era como o seu povo.
Era letrado.
Em seus bracinhos, apenas um livro.
Com ele, viajava pelos sete, oito, nove, dez mares...
E tinha o mundo em suas ‘mãos’.
Gostava de admirar a natureza.
Era sensível e sonhador.
Porém, os outros polvinhos eram diferentes.
Estavam sempre muito ocupados.
Em cada braço, um objeto diferente: conchas, pedaços de recifes, algas, computadores-sea, vídeo games aquáticos e outros, muitos outros...
Estavam sempre muito ocupados.
Faziam cursos de corrida aquática, culinária do mar, gestão e liderança marítimas e outros, muitos outros...
Estavam sempre muito ocupados.
Enfim, não tinham tempo para a imaginação, a fantasia.
O polvinho letrado vivia isolado.
Era motivo de risos.
- Onde já se viu um polvo usar apenas um braço?... – diziam uns polvinhos.
- Preguiçoso! – falavam outros.
Apesar disso, o polvo letrado era feliz em seu mundo.
Mundo vasto.
Um oceano profundo de livros.
Seu maior sonho era se tornar um escritor.
Quando cresceu e seus pais faleceram, ele resolveu sair pelo mundo em busca de seu autor predileto, que havia escrito a obra ‘O polvo maluquinho’, um polvinho que vivia com uma concha na cabeça.
Então, ele partiu.
A viagem lhe pareceu longa.
Percorreu muitos mares.
Apreciou baleias, tartarugas, cavalos-marinhos, lulas, lagostas, tubarões, focas, golfinhos, estrelas-do-mar, camarões...
Dizem que viu até sereias.
Até que, finalmente, conseguiu encontrar seu escritor favorito.
Ele estava cuidando de suas algas, nos jardins de sua casa.
E rodeado de polvos, seus amigos.
Ninguém impediu o polvo letrado de entrar, todos eram convidados a entrar.
Entrar na vida do escritor.
E fazer parte de sua obra.
Quando pôde dar mais atenção ao jovem polvo, o escritor revelou que amava escrever e desenhar, ilustrar suas histórias.
- E qual é o grande segredo dos escritores?
- Gostar de polvos!
O jovem polvo ficou intrigado.
- Por quê?
- Porque nos faz bem amar, partilhar. E porque os polvos são fontes de inspiração para nossas histórias, polvos que riem e choram, lutam e desistem, amam e odeiam, vivem tristes e felizes... ou simplesmente vivem, esse é o mistério de todas as histórias!
O polvo letrado compreendeu a lição.
- Entre no mundo dos polvos, faça parte de sua história!- finalizou o escritor.
Só restava ao polvinho voltar para casa.
Então, ele partiu.
A viagem lhe pareceu lenta.
Percorreu muitos mares.
Apreciou muitas lembranças.
A mãe lhe preparando um mingau de crustáceos, o pai lhe ensinando a ler, os carinhos da avó, as broncas do avô, as brincadeiras com os primos e a zombaria dos amigos.
Quando regressou ao lar, encontrou os polvos ocupados, como sempre.
Mas o polvo letrado tinha um planinho literário.
Começou a contar as histórias do Polvo Maluquinho.
No princípio, ninguém ligava.
Mas, com o tempo, os outros polvinhos paravam tudo o que estavam fazendo para ouvir as histórias...
E começaram a gostar de livros.
E a amar o bisonho e o poético.
E ficaram meio maluquinhos também.
Começaram a cantar desafinado.
Começaram a plantar bananeiras.
Começaram a colecionar parlendas.
Começaram a inventar uma Polvolândia.
E acabaram poetas.
Mas a história do polvo letrado não terminou...
Ele passou a criar suas próprias histórias.
Histórias que atravessaram os oceanos, os mares, os rios, as lagoas, os lagos, as cachoeiras, as poças d’água... os pingos d’água.
E o polvo finalmente se tornou um escritor.
Letrado?
Amado!...
Mas não era como o seu povo.
Era letrado.
Em seus bracinhos, apenas um livro.
Com ele, viajava pelos sete, oito, nove, dez mares...
E tinha o mundo em suas ‘mãos’.
Gostava de admirar a natureza.
Era sensível e sonhador.
Porém, os outros polvinhos eram diferentes.
Estavam sempre muito ocupados.
Em cada braço, um objeto diferente: conchas, pedaços de recifes, algas, computadores-sea, vídeo games aquáticos e outros, muitos outros...
Estavam sempre muito ocupados.
Faziam cursos de corrida aquática, culinária do mar, gestão e liderança marítimas e outros, muitos outros...
Estavam sempre muito ocupados.
Enfim, não tinham tempo para a imaginação, a fantasia.
O polvinho letrado vivia isolado.
Era motivo de risos.
- Onde já se viu um polvo usar apenas um braço?... – diziam uns polvinhos.
- Preguiçoso! – falavam outros.
Apesar disso, o polvo letrado era feliz em seu mundo.
Mundo vasto.
Um oceano profundo de livros.
Seu maior sonho era se tornar um escritor.
Quando cresceu e seus pais faleceram, ele resolveu sair pelo mundo em busca de seu autor predileto, que havia escrito a obra ‘O polvo maluquinho’, um polvinho que vivia com uma concha na cabeça.
Então, ele partiu.
A viagem lhe pareceu longa.
Percorreu muitos mares.
Apreciou baleias, tartarugas, cavalos-marinhos, lulas, lagostas, tubarões, focas, golfinhos, estrelas-do-mar, camarões...
Dizem que viu até sereias.
Até que, finalmente, conseguiu encontrar seu escritor favorito.
Ele estava cuidando de suas algas, nos jardins de sua casa.
E rodeado de polvos, seus amigos.
Ninguém impediu o polvo letrado de entrar, todos eram convidados a entrar.
Entrar na vida do escritor.
E fazer parte de sua obra.
Quando pôde dar mais atenção ao jovem polvo, o escritor revelou que amava escrever e desenhar, ilustrar suas histórias.
- E qual é o grande segredo dos escritores?
- Gostar de polvos!
O jovem polvo ficou intrigado.
- Por quê?
- Porque nos faz bem amar, partilhar. E porque os polvos são fontes de inspiração para nossas histórias, polvos que riem e choram, lutam e desistem, amam e odeiam, vivem tristes e felizes... ou simplesmente vivem, esse é o mistério de todas as histórias!
O polvo letrado compreendeu a lição.
- Entre no mundo dos polvos, faça parte de sua história!- finalizou o escritor.
Só restava ao polvinho voltar para casa.
Então, ele partiu.
A viagem lhe pareceu lenta.
Percorreu muitos mares.
Apreciou muitas lembranças.
A mãe lhe preparando um mingau de crustáceos, o pai lhe ensinando a ler, os carinhos da avó, as broncas do avô, as brincadeiras com os primos e a zombaria dos amigos.
Quando regressou ao lar, encontrou os polvos ocupados, como sempre.
Mas o polvo letrado tinha um planinho literário.
Começou a contar as histórias do Polvo Maluquinho.
No princípio, ninguém ligava.
Mas, com o tempo, os outros polvinhos paravam tudo o que estavam fazendo para ouvir as histórias...
E começaram a gostar de livros.
E a amar o bisonho e o poético.
E ficaram meio maluquinhos também.
Começaram a cantar desafinado.
Começaram a plantar bananeiras.
Começaram a colecionar parlendas.
Começaram a inventar uma Polvolândia.
E acabaram poetas.
Mas a história do polvo letrado não terminou...
Ele passou a criar suas próprias histórias.
Histórias que atravessaram os oceanos, os mares, os rios, as lagoas, os lagos, as cachoeiras, as poças d’água... os pingos d’água.
E o polvo finalmente se tornou um escritor.
Letrado?
Amado!...
domingo, 18 de novembro de 2012
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Alberto e Bernardo
“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.” (Renato Russo)
Você conhece a história de Alberto e Bernardo?
Ela está registrada no livro infantil “Eles que não se amavam”.
Havia, entre esses personagens, um abismo.
Eles se odiavam e seu ódio se espraiou por suas famílias, amigos, conhecidos.
Até que veio a guerra, a destruição.
Mas eles terminam por fazer um pacto de papel, para assinarem um acordo pela paz.
Assinado pelo coração.
Essa história, do escritor e contador de histórias Celso Sisto, é um convite para refletirmos sobre a paz, nas nossas salas de aula.
A violência atual é, realmente, uma calamidade e tem atingido inclusive as escolas. Existe toda uma cultura de agressão, desde a verbal até a física, entre professores, entre alunos e entre professores e alunos.
A saída, como sempre, é a educação, a conscientização.
E livros como esse podem ser usados para fundamentar debates.
Ou cantigas de roda como “o Cravo e a Rosa”.
Ou poemas como este de Mário Quintana:
“Guerra
Os aviões abatidos
são cruzes
caindo do céu.”
Já pedi que alunos do 6º ano ilustrassem esse poema e o resultado me surpreendeu: uma aluna desenhou os aviões, que se chocavam e formavam cruzes que compunham os túmulos.
Então, podemos falar de algumas guerras diárias: em casa, no trânsito, nas filas dos bancos, nas salas de aula, nos supermercados, nos bares...
Conheço uma música que diz ‘a paz no mundo começa em mim’.
Podemos citar Gandhi, como um exemplo de alguém que lutou pela paz, por uma cultura de não-violência. Pesquisar sua biografia, assistir a um filme sobre sua vida.
É interessante usar a tela “Guernica”, de Pablo Picasso, cujo tema é o bombardeio sofrido pela cidade espanhola de Guernica em 26 de abril de 1937 por aviões alemães, apoiando o ditador Francisco Franco.
Enfim, dialogar, nas salas de aula do Brasil, com as múltiplas manifestações artísticas que retratam a dicotomia guerra × paz.
E mostrar que a arte pode ser engajada, com um compromisso de transformar o mundo, nem que seja nosso mundo interior.
Eu proporia uma reescritura da história de Celso Sisto, a partir da mudança do título:
Eles que se amavam...
Entre eles, certamente existiria uma ponte.
Sejamos, como professores, uma ponte entre os alunos e o conhecimento, entre os alunos e o mundo da cultura, entre os alunos e o mundo da ética!
sábado, 10 de novembro de 2012
domingo, 4 de novembro de 2012
Diário de Sherazade IX
Querido diário,
Ontem, tive a oportunidade de assistir ao filme “Narradores de Javé”.
Amei!
Fiquei refletindo que, de algum modo, todos somos Biás, aqueles que ouvem as histórias dos outros...
Recordei-me de alguns ‘causos’ que chegaram até mim, sem o compromisso do sigilo:
O da amiga traída que, ao perguntar à colega o motivo da traição, recebeu como resposta, “eu achei que você fosse tão legal e, por isso, não iria se importar se eu a sacaneasse...”
O do meu amigo que foi parado por um policial, o qual revistou o seu carro e se deparou com um cavaquinho. Desconfiado, pediu que meu amigo o tocasse e meu colega teve que fazer um ‘showzinho’ particular para o homem da lei...
O do rapaz que tinha um pintinho de estimação que, quando cresceu, a mãe colocou na panela. Ele comeu o frango, com lágrimas nos olhos, mas comeu...
O da senhora que dizia ter sempre sete tipos de pudins na geladeira, para o deleite da família, além da casa brilhando e da ‘obrigação’ de esposa sempre em dia com o marido...
O do morador de rua que salvou um homem vitimado por um acidente de carro, com o ‘auxílio'do corpo de bombeiros...
O da mãe de família que não sabia preparar mingau de amido de milho e dizia para os filhos que fazia ‘mingau de bolinhas’(e eles adoravam!)...
O da menina faminta que levava para a escola uma caneca grande para a sopa, que destoava das dos amigos, os quais passaram a chamá-la de Maria Canecão...
O caso da mãe que foi levar o filho para ‘tirar sangue’ e o menino deu um ataque em público, pois achou que lhe tirariam todo o sangue e ele morreria...
O do garotinho que fez uma redação, a qual a professora rasgou e atirou em sua cara, dizendo que estava ‘horrível’...
O da mãe que pediu para a filha escolher o cardápio de domingo, se preferia estrogonofe ou carne assada e que, no dia, tiveram que comer ovo, pois o pagamento do pai não saíra...
O da mãe, cujas crianças não queriam comer arroz com feijão, que começou a fazer bolinhos mágicos de arroz, feijão e carne moída para as crianças comerem...
Como é bom recontar histórias que ouvimos dos outros (com sua autorização)!
Ser um ‘recontador’ de histórias!...
Experimente!
Ontem, tive a oportunidade de assistir ao filme “Narradores de Javé”.
Amei!
Fiquei refletindo que, de algum modo, todos somos Biás, aqueles que ouvem as histórias dos outros...
Recordei-me de alguns ‘causos’ que chegaram até mim, sem o compromisso do sigilo:
O da amiga traída que, ao perguntar à colega o motivo da traição, recebeu como resposta, “eu achei que você fosse tão legal e, por isso, não iria se importar se eu a sacaneasse...”
O do meu amigo que foi parado por um policial, o qual revistou o seu carro e se deparou com um cavaquinho. Desconfiado, pediu que meu amigo o tocasse e meu colega teve que fazer um ‘showzinho’ particular para o homem da lei...
O do rapaz que tinha um pintinho de estimação que, quando cresceu, a mãe colocou na panela. Ele comeu o frango, com lágrimas nos olhos, mas comeu...
O da senhora que dizia ter sempre sete tipos de pudins na geladeira, para o deleite da família, além da casa brilhando e da ‘obrigação’ de esposa sempre em dia com o marido...
O do morador de rua que salvou um homem vitimado por um acidente de carro, com o ‘auxílio'do corpo de bombeiros...
O da mãe de família que não sabia preparar mingau de amido de milho e dizia para os filhos que fazia ‘mingau de bolinhas’(e eles adoravam!)...
O da menina faminta que levava para a escola uma caneca grande para a sopa, que destoava das dos amigos, os quais passaram a chamá-la de Maria Canecão...
O caso da mãe que foi levar o filho para ‘tirar sangue’ e o menino deu um ataque em público, pois achou que lhe tirariam todo o sangue e ele morreria...
O do garotinho que fez uma redação, a qual a professora rasgou e atirou em sua cara, dizendo que estava ‘horrível’...
O da mãe que pediu para a filha escolher o cardápio de domingo, se preferia estrogonofe ou carne assada e que, no dia, tiveram que comer ovo, pois o pagamento do pai não saíra...
O da mãe, cujas crianças não queriam comer arroz com feijão, que começou a fazer bolinhos mágicos de arroz, feijão e carne moída para as crianças comerem...
Como é bom recontar histórias que ouvimos dos outros (com sua autorização)!
Ser um ‘recontador’ de histórias!...
Experimente!
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Quando Chapeuzinho Vermelho obedeceu...
Era a Chapeuzinho Vermelho.
Mas ela estava diferente.
Após a confusão com o Lobo Mau, tornou-se obediente.
A mãe pediu que a menina levasse bolinhos de chuva para a vovozinha.
- Não se desvie do caminho reto, filhinha! – alertou a mãe.
- Pode deixar, mamãe, eu aprendi a lição! – respondeu a menina.
E a menina saiu caminhando e cantando pela floresta.
- Lá, lá, lá, lá, lá, lá!
E, quando ela cantava, parecia até que as crianças do mundo inteiro cantavam com ela!
De repente, ela sentiu um cheiro maravilhoso de flores no ar.
- Nossa, que perfume! – exclamou a menina.
Ela avistou lindas flores.
Sentiu uma vontade colhê-las, mas elas estavam em um local distante da trilha que estava seguindo e a menina se lembrou das advertências da mãe.
- Não, não devo me desviar do caminho reto... – refletiu a menina.
E seguiu seu caminho.
Então, encontrou um velhinho caído bem à sua frente. Ele pedia ajuda e Chapeuzinho Vermelho pegou seus óculos e sua bengala para que o idoso se levantasse. Eles se tornaram amigos.
E a menina saiu caminhando e cantando pela floresta.
- Lá, lá, lá, lá, lá, lá!
E, quando ela cantava, parecia até que as crianças do mundo inteiro cantavam com ela!
De repente, Chapeuzinho Vermelho ouviu o ruído de uma fonte de água pura e cristalina.
- Nossa, que sede! – exclamou a menina.
Sentiu uma vontade de beber um pouco de água, mas a fonte estava distante da trilha que estava seguindo e a menina se lembrou das advertências da mãe.
- Não, não devo me desviar do caminho reto... – refletiu a menina.
E seguiu seu caminho.
Então, ela encontrou a verdureira que vendia couve para sua mãe. Ela estava triste e Chapeuzinho Vermelho a consolou. Elas se tornaram amigas.
E a menina saiu caminhando e cantando pela floresta.
- Lá, lá, lá, lá, lá, lá!
E, quando ela cantava, parecia até que as crianças do mundo inteiro cantavam com ela!
De repente, ela avistou pássaros e se admirou.
Sentiu uma vontade de se juntar a eles, mas os passarinhos estavam muito distantes da trilha que ela estava seguindo e ela se lembrou das advertências da mãe.
- Não, não devo me desviar do caminho reto... – refletiu a menina.
E seguiu seu caminho.
Então, ela encontrou um menino maltrapilho à sua frente.
Ele estava com fome e Chapeuzinho Vermelho lhe deu a cesta com os bolinhos de chuva. Eles se tornaram amigos.
E a menina saiu caminhando e cantando pela floresta.
- Lá, lá, lá, lá, lá, lá!
E, quando ela cantava, parecia até que as crianças do mundo inteiro cantavam com ela!
Até que a menina chegou à casa da vovó.
Elas se abraçaram.
A vovozinha passou a cuidar de animais doentes.
Elas estavam muito felizes.
- Vovó, que boca linda que você tem!
- É para dizer coisas boas...
- Vovó, que orelhas lindas que você tem!
- São para ouvir o desabafo dos que sofrem...
- Vovó, que olhos lindos que você tem!
- São para ver as maravilhas que Deus criou...
- Vovó, que mãos lindas que você tem!
- São para trabalhar no Bem...
E a história termina, sem nem sinal de lobo.
Afinal, Chapeuzinho Vermelho obedeceu.
E cresceu!...
Mas ela estava diferente.
Após a confusão com o Lobo Mau, tornou-se obediente.
A mãe pediu que a menina levasse bolinhos de chuva para a vovozinha.
- Não se desvie do caminho reto, filhinha! – alertou a mãe.
- Pode deixar, mamãe, eu aprendi a lição! – respondeu a menina.
E a menina saiu caminhando e cantando pela floresta.
- Lá, lá, lá, lá, lá, lá!
E, quando ela cantava, parecia até que as crianças do mundo inteiro cantavam com ela!
De repente, ela sentiu um cheiro maravilhoso de flores no ar.
- Nossa, que perfume! – exclamou a menina.
Ela avistou lindas flores.
Sentiu uma vontade colhê-las, mas elas estavam em um local distante da trilha que estava seguindo e a menina se lembrou das advertências da mãe.
- Não, não devo me desviar do caminho reto... – refletiu a menina.
E seguiu seu caminho.
Então, encontrou um velhinho caído bem à sua frente. Ele pedia ajuda e Chapeuzinho Vermelho pegou seus óculos e sua bengala para que o idoso se levantasse. Eles se tornaram amigos.
E a menina saiu caminhando e cantando pela floresta.
- Lá, lá, lá, lá, lá, lá!
E, quando ela cantava, parecia até que as crianças do mundo inteiro cantavam com ela!
De repente, Chapeuzinho Vermelho ouviu o ruído de uma fonte de água pura e cristalina.
- Nossa, que sede! – exclamou a menina.
Sentiu uma vontade de beber um pouco de água, mas a fonte estava distante da trilha que estava seguindo e a menina se lembrou das advertências da mãe.
- Não, não devo me desviar do caminho reto... – refletiu a menina.
E seguiu seu caminho.
Então, ela encontrou a verdureira que vendia couve para sua mãe. Ela estava triste e Chapeuzinho Vermelho a consolou. Elas se tornaram amigas.
E a menina saiu caminhando e cantando pela floresta.
- Lá, lá, lá, lá, lá, lá!
E, quando ela cantava, parecia até que as crianças do mundo inteiro cantavam com ela!
De repente, ela avistou pássaros e se admirou.
Sentiu uma vontade de se juntar a eles, mas os passarinhos estavam muito distantes da trilha que ela estava seguindo e ela se lembrou das advertências da mãe.
- Não, não devo me desviar do caminho reto... – refletiu a menina.
E seguiu seu caminho.
Então, ela encontrou um menino maltrapilho à sua frente.
Ele estava com fome e Chapeuzinho Vermelho lhe deu a cesta com os bolinhos de chuva. Eles se tornaram amigos.
E a menina saiu caminhando e cantando pela floresta.
- Lá, lá, lá, lá, lá, lá!
E, quando ela cantava, parecia até que as crianças do mundo inteiro cantavam com ela!
Até que a menina chegou à casa da vovó.
Elas se abraçaram.
A vovozinha passou a cuidar de animais doentes.
Elas estavam muito felizes.
- Vovó, que boca linda que você tem!
- É para dizer coisas boas...
- Vovó, que orelhas lindas que você tem!
- São para ouvir o desabafo dos que sofrem...
- Vovó, que olhos lindos que você tem!
- São para ver as maravilhas que Deus criou...
- Vovó, que mãos lindas que você tem!
- São para trabalhar no Bem...
E a história termina, sem nem sinal de lobo.
Afinal, Chapeuzinho Vermelho obedeceu.
E cresceu!...
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Essas crianças dentro de mim!... (Ao meu filho Vítor)
Ângelo
Harpeiro.
Arteiro.
Gosta de uma prosa.
E de versos.
Do avesso.
Travesso.
Meu remeleixo!
Branca
Bruxinha.
Com vassoura de condão.
Caldeirão de brigadeiro.
Chapéu de jornal.
Sapato sem cristal.
Minha maioral!
Clara
Índia.
Sem oca.
Mora na lua
Crescente
Dentro da gente.
Avoada.
Minha adorada!
Domingos
Ama as férias.
Faz misérias.
Rabisca.
Cheira faísca.
Adora dar nó!
Meu xodó!
Estela
Pidona.
Mandona.
Caipirona?
Se acha bobona,
mas é dona...
de sorrisos
e de caretas.
Uma senhora bochecha!
Minha sertaneja!
Florbela
Sapeca.
Carinha de boneca.
Levada da breca.
Adora uma peteca,
uma caneca.
Tira meleca...
Eca!
Minha moleca!
Glória
Vive na minha memória.
Gulosinha.
Pipoca, bolacha.
Cerejinha.
Vive na cozinha.
Minha princesinha!
Hilário
Tem fama de otário.
Forte que nem armário.
Sensível.
Incrível.
Invejável.
Meu pequeno notável!
Imaculada
Cor de jabuticaba.
Mulata.
Da pá virada.
Birrenta.
Menta.
Colorida.
Minha querida!
Justina
Nina
bichinhos de pelúcia.
Radiante.
Tem medo de elefante.
Uma pitada
de gracinha.
Minha fofinha!
Luna
Inteligente.
Bonita, sabida.
Crescida.
Adora mágica,
Palhaços, abraços!
Menos boatos.
Brilhante.
Minha debutante!
Margarida
Vive numa cadeira de roda,
Sempre na moda.
Vestido amarelo,
Chinelo.
Laço de fita,
Bonita.
Minha vida!
Natalina
Fresquinha.
Metidinha.
Unha pintadinha.
Batom rosa.
Não gosta de coça,
Ou tapas no bumbum.
Prefere bombom.
Na perna, tem uma pinta.
Minha linda!
Omar
Dengoso.
Manhoso.
Fanhoso.
Não gosta de dentista.
Artista.
Desenha heróis,
caubóis,
carrinho.
Meu ursinho!
Plácido
Goleiro,
Futeboleiro.
Zagueiro.
Fagueiro.
Gosta do Pinóquio,
E de ócio!
Moço.
Meu colosso!
Querubim
Não gosta de passarinho,
Na gaiola!
Olha, olha, olha.
Curioso.
Perguntador.
Desliga esse motor!
Meu amor!
Rosa
Quieta.
Adora uma bicicleta.
Usa óculos,
Ama ósculos!
Tem complexo,
Precisa de amplexo!
Magrinha.
Minha bailarina!
Serena
Leitora.
Compositora.
Adora cantigas de roda,
Corda.
Cheira alecrim,
E jasmim.
Lindona.
Minha dona!
Tatiana
Marciana,
Coração no espaço.
Cabeça na lua.
Menina de rua.
Cheira nebulosa,
bem alta.
Minha astronauta!
Úrsula
Adora miojo , ovo.
Cabelos vermelhos,
Olhos negros.
Faladeira,
fofoqueira.
Coleciona cartinhas.
Minha gatinha!
Vítor
Vitória: êêêê!
Bebê.
Presente do Pai.
Neném do papai.
Barrigão,
Blusinha pagão.
Soluço, chutinho.
Meu denguinho!
Wilma
Esperta.
Quase não desperta.
Dorminhoca,
Vive na sua toca.
Pele branquinha,
Minha coelhinha!
Xavier
Cientista.
Tem medo de lagartixa.
Covinha no queixo.
Merece um beijo.
É o maior barato!
Meu caro!
Yara
Caçulinha,
Carente.
Cabelo que não vê pente.
Perna ralada,
Não gosta de salada.
Minha iluminada!
Zélia
Curte geléia.
Pão com mortadela.
Gosta do vento,
Dos cometas e do tempo.
Brinca de ser gente grande,
Cinderela deslumbrante!
Quanta beleza,
Minha duquesa!
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
A ovelha cor-de-rosa
Há muito, muito tempo em um rebanho como outro qualquer, nasceu uma ovelhinha.
Mas não era uma ovelha como as outras, era uma ovelha rosa!
No meio das brancas.
Se fosse uma ovelha negra, teria sido logo expulsa do rebanho, com toda a certeza.
Mas era uma ovelha rosa.
Até simpática.
Por isso, as outras ovelhas decidiram esperar Rosa – era esse o seu nome – crescer, para então expulsá-la do rebanho.
- Não podemos admitir ovelhas que não sejam brancas como a lua no céu! – falou uma ovelhona branca.
Mas Rosa tinha cor de algodão doce, de balão de aniversário, de vestido de menina!
E aprendeu a falar ovelhês antes do tempo, e aprendeu a saltar tão alto que tocava os galhos das árvores verdes, o céu azul, as estrelas prateadas, a lua branca e o sol amarelo.
Rosa cresceu.
Mas era vista como uma mancha.
Como algo que deveria ser removido.
- Que faço para ficar branquinha? – lamentava ela.
Teve ideias.
Rolou na farinha.
Arranjou até tinta branca.
Mas nada dava certo.
E ela acabou sendo expulsa.
Recebeu, ao menos, um desejo de boa sorte e uma recomendação:
- Vá em busca do Rebanho das Ovelhas Rosas...
Algumas ovelhas brancas ironizaram:
- Quem sabe não vira uma pantera cor-de-rosa, hein?
E riram.
Rosa ficou triste.
Deixou de dar cambalhotas com o vento, de mandar beijos para os cometas, de contar as pedrinhas dos caminhos tortos...
Mas resolveu viajar em busca do Rebanho das Ovelhas Cor-de-Rosa.
Andou.
Caminhou.
Caminhou.
Andou.
Até que encontrou o Rebanho das Ovelhas... Azuis.
Elas eram amantes dos Mares da Imaginação e lindamente sonhadoras.
Mas não aceitavam ovelhas que não fossem azuis.
Rosa não desistiu.
Andou.
Caminhou.
Caminhou.
Andou.
Até que encontrou o Rebanho das Ovelhas... Vermelhas.
Elas tinham um coração ousado como o sol nascente em plena linha do horizonte.
Mas não aceitavam ovelhas que não fossem vermelhas.
Rosa não desistiu.
Andou.
Caminhou.
Caminhou.
Andou.
Até que encontrou o Rebanho das Ovelhas... Verdes.
Elas amavam a natureza e eram as melhores amigas do Curupira.
Mas não aceitavam ovelhas que não fossem verdes.
Rosa não desistiu.
Andou.
Caminhou.
Caminhou.
Andou.
Até que encontrou o Rebanho das Ovelhas... Amarelas.
Elas adoravam suco de luz e só se alimentavam de margaridas mágicas.
Mas não aceitavam ovelhas que não fossem amarelas.
Então...
Rosa desistiu.
Não andou.
Não caminhou.
Não caminhou.
Não andou.
Até que avistou, após muito tempo, uma ovelhinha colorida.
Elas se aproximaram.
-Bé-bom bé-dia! – disse Rosa.
- Bé-bom bé-dia! – falou a ovelhinha colorida.
Rosa ficou encantada!
A ovelha tinha as patas cor-de-rosa! A cabeça era azul! O corpo era verde e vermelho! O nariz era lilás! Os olhos marrons e a língua dourada!
- Bé-Sou bé-uma bé-ovelha bé-sem bé-rebanho!- exclamou Rosa.
- Bé-quem bé-tem bé-boca bé-vai bé-a bé-Roma! – baliu a ovelha colorida.
- Bé-não bé-entendi!
- Bé-é bé-um bé-enigma!
No Rebanho das Ovelhas de Roma, tudo era de trás pra frente.
As histórias começavam assim:
- Vez uma era...
A amarelinha começava no céu.
No pique-pega, as ovelhinhas corriam de costas.
Rosa estava intrigada.
Mas o melhor é que se aceitavam ovelhas de todas as cores.
E crianças.
E jovens.
E adultos.
E idosos.
Mas o Rebanho não era bem de Roma, não!
Era de uma ROMA...
Só que de trás pra frente!
Amor.
REBANHO DO AMOR!...
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Meu amigo Baú
Era uma vez uma menina.
Era uma vez um baú.
Era uma vez uma menina e seu Baú.
E eles eram inseparáveis!
E era noite...
E a menina guardava tudo dentro de seu Baú: cadernos, bonecas, livrinhos, jogos, lápis, bichinhos de pelúcia, escovas, vestidos, sapatos, medos, mágoas, tristezas, raivas e...
- Espere aí! Medos, mágoas, tristezas e raivas?!
- E isso se guarda em Baú?...
Não sei... mas que a menina guardava... guardava! E o Baú ia ficando cada vez mais cheio.
E era noite...
E os pais a repreendiam.
- Larga desse Baú, menina! – gritava a mãe.
- Ah, vai logo brincar com seu Baú, vai, menina! – gritava o pai.
E cada vez que a menina levava uma bronca...
Ela guardava seus sentimentos no Baú.
E cada vez que a menina brigava com suas amiguinhas...
Ela guardava seus sentimentos no Baú.
E cada vez que a menina tinha medo do escuro...
Ela guardava seus sentimentos no Baú.
E era noite.
E cada vez o Baú ia ficando mais cheio, mais cheio, mais cheio.
Até que um dia o Baú encheu de vez. Não cabia mais nada!
Nem uma raivinha, nem uma bonequinha.
Nem uma tristezinha, nem uma escovinha.
Nem um medinho, nem um sapatinho.
E era noite.
E a menina teve que pedir ajuda à mãe.
- Vamos arrumar esse Baú, filha? – propôs a mãe.
E a menina e a mãe começaram a pôr ordem no Baú. Mas era muito trabalhoso!
E o papai começou a ajudar.
E a vovó começou a ajudar.
E o vovô começou a ajudar.
E os tios e as tias resolveram colaborar.
E os priminhos e as priminhas resolveram colaborar.
E os amiguinhos e as amiguinhas resolveram colaborar.
Veio até uma tal de terapeuta.
E o Baú ficou mais leve, mais leve, mais leve.
Os medos diminuíram... Da mágoa não se ouviu mais falar... A tristeza foi-se embora... A raiva foi desaparecendo...
E o baú se transformou, como num passe de mágica, em um simples...
Baú.
Um Baú onde a menina passou a guardar seus tesouros:
Uma foto do papai e da mamãe.
O guarda-chuva da vovó. O
chapéu do vovô.
Um livro dos tios.
Brinquedos dos priminhos.
Bonecas das amiguinhas.
Desenhos para a terapeuta.
E o Baú se encheu de Magia,
De Harmonia,
De Fantasia,
E dia Dia!
Porque a noite... a noite passou!...
Era uma vez um baú.
Era uma vez uma menina e seu Baú.
E eles eram inseparáveis!
E era noite...
E a menina guardava tudo dentro de seu Baú: cadernos, bonecas, livrinhos, jogos, lápis, bichinhos de pelúcia, escovas, vestidos, sapatos, medos, mágoas, tristezas, raivas e...
- Espere aí! Medos, mágoas, tristezas e raivas?!
- E isso se guarda em Baú?...
Não sei... mas que a menina guardava... guardava! E o Baú ia ficando cada vez mais cheio.
E era noite...
E os pais a repreendiam.
- Larga desse Baú, menina! – gritava a mãe.
- Ah, vai logo brincar com seu Baú, vai, menina! – gritava o pai.
E cada vez que a menina levava uma bronca...
Ela guardava seus sentimentos no Baú.
E cada vez que a menina brigava com suas amiguinhas...
Ela guardava seus sentimentos no Baú.
E cada vez que a menina tinha medo do escuro...
Ela guardava seus sentimentos no Baú.
E era noite.
E cada vez o Baú ia ficando mais cheio, mais cheio, mais cheio.
Até que um dia o Baú encheu de vez. Não cabia mais nada!
Nem uma raivinha, nem uma bonequinha.
Nem uma tristezinha, nem uma escovinha.
Nem um medinho, nem um sapatinho.
E era noite.
E a menina teve que pedir ajuda à mãe.
- Vamos arrumar esse Baú, filha? – propôs a mãe.
E a menina e a mãe começaram a pôr ordem no Baú. Mas era muito trabalhoso!
E o papai começou a ajudar.
E a vovó começou a ajudar.
E o vovô começou a ajudar.
E os tios e as tias resolveram colaborar.
E os priminhos e as priminhas resolveram colaborar.
E os amiguinhos e as amiguinhas resolveram colaborar.
Veio até uma tal de terapeuta.
E o Baú ficou mais leve, mais leve, mais leve.
Os medos diminuíram... Da mágoa não se ouviu mais falar... A tristeza foi-se embora... A raiva foi desaparecendo...
E o baú se transformou, como num passe de mágica, em um simples...
Baú.
Um Baú onde a menina passou a guardar seus tesouros:
Uma foto do papai e da mamãe.
O guarda-chuva da vovó. O
chapéu do vovô.
Um livro dos tios.
Brinquedos dos priminhos.
Bonecas das amiguinhas.
Desenhos para a terapeuta.
E o Baú se encheu de Magia,
De Harmonia,
De Fantasia,
E dia Dia!
Porque a noite... a noite passou!...
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Pequeno príncipe
Gente,
um dia, eu estava na sala de leitura de uma escola para a qual fui convidada a contar histórias.
Encontrava-me sozinha, ainda não havia nem me caracterizado como contadora de histórias.
Nesse momento, um menino do jardim de infância, com seus quatro anos de idade, entrou na sala de leitura e fez uma carinha que parecia de espanto e admiração.
Então, ele simplesmente leu a minha alma:
- Tia, você é a Cinderela! Você devia estar nos livros!...
Ohhhhhhhhh!
Que fofo!...
É a minha princesa preferida, sempre foi!
As crianças são excelentes leitoras, pois 'quem lê nas entrelinhas, vê estrelinhas'!
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
De cigarras e formigas
Certamente, você já leu a fábula da cigarra e da formiga.
Lembra-se do final?
A formiga nega ajuda à cigarra, quando esta bate à sua porta com fome em pleno inverno.
“Pois que cantavas, agora dança.” – afirma a formiga com ironia.
E a formiga bate a porta na cara da cigarra.
Forte, não?
Essa fábula pretendia ensinar à criança o valor do trabalho.
Assim?...
E o valor da solidariedade?
E cantar não é, por ventura, um trabalho?
Felizmente, com o passar do tempo, apareceram outras versões dessa fábula.
Surgiu a ‘formiga boa’. Essa ajuda a cigarra, ofertando-lhe abrigo e comida. Faz mais. Confidencia que o canto da cigarra alegrava suas manhãs e lhe dava mais disposição para o trabalho.
Conheço uma versão engraçadíssima em que a cigarra se torna uma cantora famosa e a formiga fica injuriada e que ‘dar uma surra’ no autor da fábula original, pois se
sentiu enganada pelo autor, que teria feito a cigarra se dar mal no final da história.
Já tive a oportunidade de coordenar uma oficina de contação de histórias para crianças, na qual apresentávamos a versão da formiga boa e a versão da formiga ‘má’.
As crianças escolheram qual das duas versões queriam contar.
Todos os grupos escolheram a versão politicamente correta.
Eles coloriram as figuras da história. Colocaram-nas na sequência correta. Colaram-nas no cartaz.
E recontaram a história em trios com o uso desse material.
Cada um recontou um pedacinho da trama. Estratégia excelente para se trabalhar com oralidade, não acham?
Adoramos a experiência!
Após, eu poderia ter pedido para que eles reescrevessem a história, para incentivar a produção textual...
Além disso, o professor pode explorar os conceitos de texto base e versão, bem como os de ética e cidadania ao confrontar as duas versões.
Fica a dica.
Afinal, nosso trabalho, como educadores, não é o de formiguinhas?
E das boas!...
Lembra-se do final?
A formiga nega ajuda à cigarra, quando esta bate à sua porta com fome em pleno inverno.
“Pois que cantavas, agora dança.” – afirma a formiga com ironia.
E a formiga bate a porta na cara da cigarra.
Forte, não?
Essa fábula pretendia ensinar à criança o valor do trabalho.
Assim?...
E o valor da solidariedade?
E cantar não é, por ventura, um trabalho?
Felizmente, com o passar do tempo, apareceram outras versões dessa fábula.
Surgiu a ‘formiga boa’. Essa ajuda a cigarra, ofertando-lhe abrigo e comida. Faz mais. Confidencia que o canto da cigarra alegrava suas manhãs e lhe dava mais disposição para o trabalho.
Conheço uma versão engraçadíssima em que a cigarra se torna uma cantora famosa e a formiga fica injuriada e que ‘dar uma surra’ no autor da fábula original, pois se
sentiu enganada pelo autor, que teria feito a cigarra se dar mal no final da história.
Já tive a oportunidade de coordenar uma oficina de contação de histórias para crianças, na qual apresentávamos a versão da formiga boa e a versão da formiga ‘má’.
As crianças escolheram qual das duas versões queriam contar.
Todos os grupos escolheram a versão politicamente correta.
Eles coloriram as figuras da história. Colocaram-nas na sequência correta. Colaram-nas no cartaz.
E recontaram a história em trios com o uso desse material.
Cada um recontou um pedacinho da trama. Estratégia excelente para se trabalhar com oralidade, não acham?
Adoramos a experiência!
Após, eu poderia ter pedido para que eles reescrevessem a história, para incentivar a produção textual...
Além disso, o professor pode explorar os conceitos de texto base e versão, bem como os de ética e cidadania ao confrontar as duas versões.
Fica a dica.
Afinal, nosso trabalho, como educadores, não é o de formiguinhas?
E das boas!...
domingo, 15 de julho de 2012
Da cor que a gente pinta?...
Imagine um pássaro que não tivesse uma única cor...
Um pássaro triste.
Não cantava.
Não voava.
Até que resolveu pedir a ajuda do Pássaro Sábio.
Então, ficou sabendo que, para se enfeitar de cores, precisava descobrir a magia que existia em seu interior.
Sua jornada se inicia. A jornada de todos nós. A viagem interna. A busca do real sentido da vida.
Voou, voou, voou...
Em seu caminho, encontrou pessoas em perigo.
Ajudou-as.
Ficou vermelho.
Azul.
Verde.
Rosa.
Colorido.
Descobriu a magia do amor.
Reconheceu-se no outro.
Venceu-se.
A história de Luís Norberto Paschoal, "O pássaro sem Cor", é rica de sentidos.
Com ela, podemos trabalhar as cores, entre os pequenos e o simbolismo das cores, entre os maiores.
A solidariedade.
O autoconhecimento.
Valores, enfim.
Certa vez, ouvi a metáfora de que somos pássaros. A fim de voarmos, precisamos usar a asa do amor e a da sabedoria.
Por vezes, encontramos obstáculos em nossa caminhada, mas a perseverança deve prevalecer.
Como nos lembra o poema de Mário Quintana: “Todos estes que estão aí, atravancando o meu caminho: eles passarão, eu passarinho!”
Sejamos pássaros coloridos!...
Um pássaro triste.
Não cantava.
Não voava.
Até que resolveu pedir a ajuda do Pássaro Sábio.
Então, ficou sabendo que, para se enfeitar de cores, precisava descobrir a magia que existia em seu interior.
Sua jornada se inicia. A jornada de todos nós. A viagem interna. A busca do real sentido da vida.
Voou, voou, voou...
Em seu caminho, encontrou pessoas em perigo.
Ajudou-as.
Ficou vermelho.
Azul.
Verde.
Rosa.
Colorido.
Descobriu a magia do amor.
Reconheceu-se no outro.
Venceu-se.
A história de Luís Norberto Paschoal, "O pássaro sem Cor", é rica de sentidos.
Com ela, podemos trabalhar as cores, entre os pequenos e o simbolismo das cores, entre os maiores.
A solidariedade.
O autoconhecimento.
Valores, enfim.
Certa vez, ouvi a metáfora de que somos pássaros. A fim de voarmos, precisamos usar a asa do amor e a da sabedoria.
Por vezes, encontramos obstáculos em nossa caminhada, mas a perseverança deve prevalecer.
Como nos lembra o poema de Mário Quintana: “Todos estes que estão aí, atravancando o meu caminho: eles passarão, eu passarinho!”
Sejamos pássaros coloridos!...
terça-feira, 10 de julho de 2012
quarta-feira, 27 de junho de 2012
O 'pum' das princesas e dos super-heróis
Você sabia que até as princesas soltam ‘pum’?
E que o Batman eventualmente precisa retirar ‘meleca’ do nariz?
Esses assuntos inusitados são abordados em duas obras literárias de maneira lúdica, divertida e instrutiva: “Até as princesas soltam pum” (Ilan Brenman e Ionit Zilberman) e “Batmurilinho” (Adeilson Sales).
Ilan Brenman esclareceu que teve a ideia de escrever essa obra quando a filha pequena ‘soltou um pum’ e ele começou a rir com a esposa. A criança começou a chorar e, para consolá-la, a mãe disse:
‘Não liga, não, filha, até as princesas soltam ‘pum’.
Ilan correu para o computador.
No livro, a personagem Laura questiona o pai a esse respeito e ele lê para ela o livro secreto das princesas.
Dentre outras coisas, eles descobrem que: Antes de ir para o baile, Cinderela comeu duas barras de chocolate que a madrasta havia escondido na despensa. Na hora da dança, o príncipe apertou muito a cintura de Cinderela e ela soltou um ‘pum’ quando o relógio deu meia-noite. Por sorte, o príncipe não percebeu...
A comida dos sete anões era muito gordurosa, eles gostavam de torresmo, repolho refogado, queijos... A Branca de Neve já estava estufada com toda aquela comida cheia de colesterol. Quando a madrasta deu aquela maçã envenenada para ela, não deu tempo nem de experimentá-la, ela soltou um ‘pum’ e desmaiou...
A princesa que mais conseguia esconder seus problemas gástricos era a Pequena Sereia. Quando dava aquela vontadezinha, era só pular na água e, quando apareciam as bolhas, ela dizia que as algas estavam arrotando...
E qual seria a moral dessa história?
Mesmo soltando ‘pum’, elas continuam sendo as princesas mais lindas do mundo...
Já na obra “Batmurilinho”, a professora esclarece ás crianças que os super-heróis também soltam ‘pum’, retiram meleca do nariz, mas não em público.
Eles fazem sua higiene no banheiro.
Percebe-se uma maior preocupação em instruir os pequenos a respeito de seu comportamento frente às necessidades físicas, formando novos hábitos e novas atitudes.
De fato, todos os assuntos podem ser matéria-prima para a literatura, sobretudo quando ela está aliada a uma função educativa. Kate Lúcia Portela é professora Doutora em Língua Portuguesa, escritora e contadora de histórias.
E que o Batman eventualmente precisa retirar ‘meleca’ do nariz?
Esses assuntos inusitados são abordados em duas obras literárias de maneira lúdica, divertida e instrutiva: “Até as princesas soltam pum” (Ilan Brenman e Ionit Zilberman) e “Batmurilinho” (Adeilson Sales).
Ilan Brenman esclareceu que teve a ideia de escrever essa obra quando a filha pequena ‘soltou um pum’ e ele começou a rir com a esposa. A criança começou a chorar e, para consolá-la, a mãe disse:
‘Não liga, não, filha, até as princesas soltam ‘pum’.
Ilan correu para o computador.
No livro, a personagem Laura questiona o pai a esse respeito e ele lê para ela o livro secreto das princesas.
Dentre outras coisas, eles descobrem que: Antes de ir para o baile, Cinderela comeu duas barras de chocolate que a madrasta havia escondido na despensa. Na hora da dança, o príncipe apertou muito a cintura de Cinderela e ela soltou um ‘pum’ quando o relógio deu meia-noite. Por sorte, o príncipe não percebeu...
A comida dos sete anões era muito gordurosa, eles gostavam de torresmo, repolho refogado, queijos... A Branca de Neve já estava estufada com toda aquela comida cheia de colesterol. Quando a madrasta deu aquela maçã envenenada para ela, não deu tempo nem de experimentá-la, ela soltou um ‘pum’ e desmaiou...
A princesa que mais conseguia esconder seus problemas gástricos era a Pequena Sereia. Quando dava aquela vontadezinha, era só pular na água e, quando apareciam as bolhas, ela dizia que as algas estavam arrotando...
E qual seria a moral dessa história?
Mesmo soltando ‘pum’, elas continuam sendo as princesas mais lindas do mundo...
Já na obra “Batmurilinho”, a professora esclarece ás crianças que os super-heróis também soltam ‘pum’, retiram meleca do nariz, mas não em público.
Eles fazem sua higiene no banheiro.
Percebe-se uma maior preocupação em instruir os pequenos a respeito de seu comportamento frente às necessidades físicas, formando novos hábitos e novas atitudes.
De fato, todos os assuntos podem ser matéria-prima para a literatura, sobretudo quando ela está aliada a uma função educativa. Kate Lúcia Portela é professora Doutora em Língua Portuguesa, escritora e contadora de histórias.
terça-feira, 22 de maio de 2012
Lobo. Mau?
Lobo.
Mau?
O Lobo Mau é, sem dúvida, um dos mais conhecidos antagonistas entre a garotada. Quem não se lembra do Lobo Mau que engoliu a Chapeuzinho Vermelho? Quem não se lembra do Lobo Mau que perseguiu os Três Porquinhos?
E quem não se lembra daquela musiquinha ‘Eu sou o Lobo Mau, Lobo Mau, Lobo Mau. Eu pego as criancinhas pra fazer mingau’?
Mas...
Nem todos conhecem o Lobo Bom.
Li algumas adaptações dos clássicos infantis e me deparei com mais de uma história em que se desconstrói a figura do Lobo Mau.
Conheci um Lobo Bom, vítima da maldade de caçadores cruéis.... Conheci um Lobo Bom, idoso e doente, ansioso por fazer amigos... Conheci um Lobo Bobo, que não metia medo em ninguém... Conheci Três Lobinhos Bons, que eram perseguidos por um Porco Mau... Conheci um Lobo Bom e Três Porquinhos Malcriados...
Enfim, fico fascinada com essas inversões literárias, que permitem à criança rever conceitos, valores.
Gosto dessa ruptura de estereótipos...
E, de fato, as possibilidades criativas são inesgotáveis, como comprovam tais fenômenos de intertextualidade, de diálogo entre textos.
Na Literatura se forma, se informa, se reforma, se transforma...
Recentemente, tive a inspiração para escrever o poema “A Chapeuzinho Azul”, cujo fragmento transcrevo: “Era a Chapeuzinho Azul. Como as nuvens do céu, aparecia de várias formas. Até que se transformou em um lobo. Cara de lobo. Jeito de lobo. Coração de criança. Era o Lobo Azul. Lobo que não atacava. Lobo que não ameaçava. Lobo que brincava. Lobo que se vestia de fantasia.”
Como em outras versões, percebe-se, nesse trecho, que a aparência nada vale. Vale, sim, o interior de cada um.
E, de algum modo, todos temos dentro de nós um lobo bom e um lobo mau, consoante aquela lenda indígena segundo a qual cada um desses lobos vive em constante combate dentro de nós. Qual vencerá? Aquele que nós alimentarmos...
(Artigo publicado na Revista Reconstruir, do IBEM, no mês de Maio de 2012).
Mau?
O Lobo Mau é, sem dúvida, um dos mais conhecidos antagonistas entre a garotada. Quem não se lembra do Lobo Mau que engoliu a Chapeuzinho Vermelho? Quem não se lembra do Lobo Mau que perseguiu os Três Porquinhos?
E quem não se lembra daquela musiquinha ‘Eu sou o Lobo Mau, Lobo Mau, Lobo Mau. Eu pego as criancinhas pra fazer mingau’?
Mas...
Nem todos conhecem o Lobo Bom.
Li algumas adaptações dos clássicos infantis e me deparei com mais de uma história em que se desconstrói a figura do Lobo Mau.
Conheci um Lobo Bom, vítima da maldade de caçadores cruéis.... Conheci um Lobo Bom, idoso e doente, ansioso por fazer amigos... Conheci um Lobo Bobo, que não metia medo em ninguém... Conheci Três Lobinhos Bons, que eram perseguidos por um Porco Mau... Conheci um Lobo Bom e Três Porquinhos Malcriados...
Enfim, fico fascinada com essas inversões literárias, que permitem à criança rever conceitos, valores.
Gosto dessa ruptura de estereótipos...
E, de fato, as possibilidades criativas são inesgotáveis, como comprovam tais fenômenos de intertextualidade, de diálogo entre textos.
Na Literatura se forma, se informa, se reforma, se transforma...
Recentemente, tive a inspiração para escrever o poema “A Chapeuzinho Azul”, cujo fragmento transcrevo: “Era a Chapeuzinho Azul. Como as nuvens do céu, aparecia de várias formas. Até que se transformou em um lobo. Cara de lobo. Jeito de lobo. Coração de criança. Era o Lobo Azul. Lobo que não atacava. Lobo que não ameaçava. Lobo que brincava. Lobo que se vestia de fantasia.”
Como em outras versões, percebe-se, nesse trecho, que a aparência nada vale. Vale, sim, o interior de cada um.
E, de algum modo, todos temos dentro de nós um lobo bom e um lobo mau, consoante aquela lenda indígena segundo a qual cada um desses lobos vive em constante combate dentro de nós. Qual vencerá? Aquele que nós alimentarmos...
(Artigo publicado na Revista Reconstruir, do IBEM, no mês de Maio de 2012).
sábado, 31 de março de 2012
Pluft
Será que as crianças têm medo de fantasmas?
E os fantasmas? Têm medo de crianças?
Gostam de pastel de vento?
Fazem tricô para os fantasminhas pobres?
A resposta para essas indagações lúdicas podem ser encontradas na peça teatral “Pluft, o fantasminha”, da genial Maria Clara Machado.
A peça retrata o cotidiano de uma família de fantasmas, que têm um encontro inesperado com pessoas.
Aborda o medo de crescer, o medo do outro.
“PLUFT – Mamãe, eu tenho medo de gente! (Larga a boneca)
MÃE – Bobagem, Pluft”.
Pluft aprende a enfrentar seus medos, superando preconceitos.
E abre-se ao outro.
A amizade entre a menina Mirabel e o fantasminha Pluft nos emociona e celebra poeticamente o respeito às diferenças.
Somos levados a enxergar o mundo de acordo com a perspectiva de um fantasminha, um viés inédito.
Quando um fantasma morre, vira papel celofane.
Quando um fantasma pega muito sol, pode até derreter.
Quando um fantasma assusta pessoas, está trabalhando.
A língua dos fantasmas é o fantasmês.
As senhoras fantasmas incentivam o intercâmbio cultural entre gente e fantasma.
Enfim, a criatividade permeia toda a obra.
Por isso, a escola precisa abrir suas portas para o texto teatral.
Segundo estudiosos, uma das maiores dificuldades de realização da leitura do texto dramático nas séries inicias das escolas de ensino fundamental diz respeito à editoração de livros com textos dramáticos, que é muito restrita e pouco divulgada. Da mesma forma, os professores, pela falta de conhecimento ou orientação, deixam de abordar esta atividade como parte de suas aulas.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (Língua Portuguesa), é importante trabalhar a diversidade de textos. Todavia, nota-se a preferência, na escola, pelos gêneros narrativo e lírico, com omissão do gênero dramático.
BARCELOS (1975) afirma que a escola está negligenciando a formação de outra categoria de leitores, aqueles capazes de interagir com a arte dramática, seja como público receptor de espetáculos teatrais, seja como aprendizes ou praticantes de atividades que envolvem o texto teatral e a arte dramática.
GRAZIOLI (2007) considera que a leitura do texto dramático é uma forma de aproximar o leitor do teatro.
Pesquisadores afirmam que o texto teatral, que só se completa no palco, pode, igualmente, se completar no imaginário do leitor.
Basta que fantasminhas como Pluft possam se encontrar com meninas como Mirabel, dessa vez, no palco das escolas do Brasil...
Artigo que será publicado na Revista Reconstruir em ABRIL 2012
E os fantasmas? Têm medo de crianças?
Gostam de pastel de vento?
Fazem tricô para os fantasminhas pobres?
A resposta para essas indagações lúdicas podem ser encontradas na peça teatral “Pluft, o fantasminha”, da genial Maria Clara Machado.
A peça retrata o cotidiano de uma família de fantasmas, que têm um encontro inesperado com pessoas.
Aborda o medo de crescer, o medo do outro.
“PLUFT – Mamãe, eu tenho medo de gente! (Larga a boneca)
MÃE – Bobagem, Pluft”.
Pluft aprende a enfrentar seus medos, superando preconceitos.
E abre-se ao outro.
A amizade entre a menina Mirabel e o fantasminha Pluft nos emociona e celebra poeticamente o respeito às diferenças.
Somos levados a enxergar o mundo de acordo com a perspectiva de um fantasminha, um viés inédito.
Quando um fantasma morre, vira papel celofane.
Quando um fantasma pega muito sol, pode até derreter.
Quando um fantasma assusta pessoas, está trabalhando.
A língua dos fantasmas é o fantasmês.
As senhoras fantasmas incentivam o intercâmbio cultural entre gente e fantasma.
Enfim, a criatividade permeia toda a obra.
Por isso, a escola precisa abrir suas portas para o texto teatral.
Segundo estudiosos, uma das maiores dificuldades de realização da leitura do texto dramático nas séries inicias das escolas de ensino fundamental diz respeito à editoração de livros com textos dramáticos, que é muito restrita e pouco divulgada. Da mesma forma, os professores, pela falta de conhecimento ou orientação, deixam de abordar esta atividade como parte de suas aulas.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (Língua Portuguesa), é importante trabalhar a diversidade de textos. Todavia, nota-se a preferência, na escola, pelos gêneros narrativo e lírico, com omissão do gênero dramático.
BARCELOS (1975) afirma que a escola está negligenciando a formação de outra categoria de leitores, aqueles capazes de interagir com a arte dramática, seja como público receptor de espetáculos teatrais, seja como aprendizes ou praticantes de atividades que envolvem o texto teatral e a arte dramática.
GRAZIOLI (2007) considera que a leitura do texto dramático é uma forma de aproximar o leitor do teatro.
Pesquisadores afirmam que o texto teatral, que só se completa no palco, pode, igualmente, se completar no imaginário do leitor.
Basta que fantasminhas como Pluft possam se encontrar com meninas como Mirabel, dessa vez, no palco das escolas do Brasil...
Artigo que será publicado na Revista Reconstruir em ABRIL 2012
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Diário de Sherazade VIII
Querido diário,
“Esta é uma declaração de amor. Amo a língua portuguesa.”
Com essa frase, de Clarice Lispector, pretendo refletir a respeito da necessidade do domínio da nossa língua por parte do contador de histórias...
Dispondo do conhecimento aprofundado de nosso idioma, podemos concatenar bem as ideias, com conhecimento satisfatório dos processos de coesão e coerência que envolvem os textos, podemos criar neologismos, utilizar mais e mais figuras de linguagem, explorar sinônimos e antônimos, brincar com as rimas, criar paráfrases e paródias, compor construções gramaticais mais elaboradas, estabelecer ambiguidades...
O contador saberá usar a linguagem adequada ao público, evitando ser prolixo, pedante ou fazer uso de gírias excessivas ou palavras de baixo calão.
Além disso, ele saberá interpretar bem a história que narrará e isso é fundamental para o êxito da narração.
De fato, somos artistas das palavras! E, como contadores de histórias, devemos estabelecer estratégias de promoção da língua portuguesa!
Já presenciei um espetáculo a partir do qual o narrador incentivava as crianças a listarem adjetivos, como: “Maia era bonita. Não... era mais... era... era...” E as crianças completavam: linda, maravilhosa, muito bela, fantástica, incrível!
Já vi um contador brincar com ambiguidades, como a “gatinha da vizinha”.
Já assisti a um espetáculo em que o contador brincava com os regionalismos, fazendo um trenzinho passar pelo sul (tchê), pelo nordeste (oxente) e até por Portugal (ora, pois!).
Eu já trabalhei de uma maneira bem interessante. Numa história, eu dizia que o sonho de um cachorro era conhecer o circo porque lá “tinha o palhaço... tinha o....” E as crianças completavam: mágico, elefante, leão, malabarista! Além disso, dizia que o sonho de um gatinho era conhecer um parque de diversões, porque “tinha a roda gigante, tinha o...” E as crianças completavam: o carrossel, a montanha russa, o carrinho de batida, o trem fantasma”. Finalmente, eu dizia que tinha um passarinho que tinha o sonho de conhecer o zoológico, porque “tinha o gorila, tinha o...” E as crianças completavam: o pavão, a cobra, a girafa, a pantera, a onça! Deste modo, surgem palavras de um mesmo campo semântico e eles interagem linguisticamente.
Despertar o amor pelo idioma perpassa por uma atitude de admiração pelas belezas de nossa língua, perpasse pelo combate ao preconceito linguístico, perpassa por uma atitude que eleve, e não rebaixe, a autoestima linguística das crianças! E é saber o que quer, o que pode essa língua!...
“Esta é uma declaração de amor. Amo a língua portuguesa.”
Com essa frase, de Clarice Lispector, pretendo refletir a respeito da necessidade do domínio da nossa língua por parte do contador de histórias...
Dispondo do conhecimento aprofundado de nosso idioma, podemos concatenar bem as ideias, com conhecimento satisfatório dos processos de coesão e coerência que envolvem os textos, podemos criar neologismos, utilizar mais e mais figuras de linguagem, explorar sinônimos e antônimos, brincar com as rimas, criar paráfrases e paródias, compor construções gramaticais mais elaboradas, estabelecer ambiguidades...
O contador saberá usar a linguagem adequada ao público, evitando ser prolixo, pedante ou fazer uso de gírias excessivas ou palavras de baixo calão.
Além disso, ele saberá interpretar bem a história que narrará e isso é fundamental para o êxito da narração.
De fato, somos artistas das palavras! E, como contadores de histórias, devemos estabelecer estratégias de promoção da língua portuguesa!
Já presenciei um espetáculo a partir do qual o narrador incentivava as crianças a listarem adjetivos, como: “Maia era bonita. Não... era mais... era... era...” E as crianças completavam: linda, maravilhosa, muito bela, fantástica, incrível!
Já vi um contador brincar com ambiguidades, como a “gatinha da vizinha”.
Já assisti a um espetáculo em que o contador brincava com os regionalismos, fazendo um trenzinho passar pelo sul (tchê), pelo nordeste (oxente) e até por Portugal (ora, pois!).
Eu já trabalhei de uma maneira bem interessante. Numa história, eu dizia que o sonho de um cachorro era conhecer o circo porque lá “tinha o palhaço... tinha o....” E as crianças completavam: mágico, elefante, leão, malabarista! Além disso, dizia que o sonho de um gatinho era conhecer um parque de diversões, porque “tinha a roda gigante, tinha o...” E as crianças completavam: o carrossel, a montanha russa, o carrinho de batida, o trem fantasma”. Finalmente, eu dizia que tinha um passarinho que tinha o sonho de conhecer o zoológico, porque “tinha o gorila, tinha o...” E as crianças completavam: o pavão, a cobra, a girafa, a pantera, a onça! Deste modo, surgem palavras de um mesmo campo semântico e eles interagem linguisticamente.
Despertar o amor pelo idioma perpassa por uma atitude de admiração pelas belezas de nossa língua, perpasse pelo combate ao preconceito linguístico, perpassa por uma atitude que eleve, e não rebaixe, a autoestima linguística das crianças! E é saber o que quer, o que pode essa língua!...
domingo, 15 de janeiro de 2012
Tistu
“- Em que é que você está pensando, Tistu?
- Estou pensando que o mundo podia ser bem melhor do que é.”
Era uma vez um menino do dedo verde.
Verde, símbolo da natureza.
Verde, símbolo da esperança.
Tistu transformou a cidade de Mirapólvora em Miraflores, com seu dom de semear flores onde quer que tocasse.
A obra de Maurice Druon é calcada em várias antíteses: guerra x paz, morte x vida, tristeza x alegria, humanidade x angelitude.
É interessante frisar que esse menino tão especial simplesmente dormia nas aulas.
Aulas?
Jaulas.
Tistu passa a estudar com o jardineiro Bigode e com o gerente da fábrica de canhões, o Senhor Trovão.
E aprende, fazendo.
E aprende, vivendo.
Aprende a aprender.
Tistu é uma criança que protege os adultos.
Do abandono.
Do desespero.
Da rejeição.
Do desamor.
O menino do dedo verde escreve poesias no ar.
E evoca o cheiro da terra molhada.
E evoca o canto dos pássaros.
E evoca o sabor agridoce.
E evoca o aperto de mãos.
E evoca a visão do arrebol.
Capaz de encantar os alunos, capaz de lhes ensinar lições sobre o respeito à natureza, a busca da paz e da fraternidade.
Trabalhar com esse livro na sala de aula significa abrir as portas da escola para uma mensagem constituída de valores universais que enriquecerão o repertório moral e intelectual dos alunos.
Como professora, eu faria com meus alunos uma maquete da cidade de Mirapólvora e outra da cidade de Miraflores.
Faria dobraduras de flores com eles, como tulipas e rosas e enfeitaria a sala de aula com elas.
Transformaria os dez dedinhos de Tistu em personagens: como se relacionaria o dedo verde com os outros dedos? Haveria colaboração? Haveria competição?
Proporia a produção de um texto sobre a escola de Tistu, com base, igualmente, na frase de Rubem Alves: “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”.
Estimularia a criação de outros personagens: como seria o menino do dedo azul, do dedo amarelo e do dedo vermelho?
Enfim, curtiria, e muito, todas essas brincadeiras literárias, com meus alunos.
E se Tistu semeava flores, como professora, quero semear ideias!...
- Estou pensando que o mundo podia ser bem melhor do que é.”
Era uma vez um menino do dedo verde.
Verde, símbolo da natureza.
Verde, símbolo da esperança.
Tistu transformou a cidade de Mirapólvora em Miraflores, com seu dom de semear flores onde quer que tocasse.
A obra de Maurice Druon é calcada em várias antíteses: guerra x paz, morte x vida, tristeza x alegria, humanidade x angelitude.
É interessante frisar que esse menino tão especial simplesmente dormia nas aulas.
Aulas?
Jaulas.
Tistu passa a estudar com o jardineiro Bigode e com o gerente da fábrica de canhões, o Senhor Trovão.
E aprende, fazendo.
E aprende, vivendo.
Aprende a aprender.
Tistu é uma criança que protege os adultos.
Do abandono.
Do desespero.
Da rejeição.
Do desamor.
O menino do dedo verde escreve poesias no ar.
E evoca o cheiro da terra molhada.
E evoca o canto dos pássaros.
E evoca o sabor agridoce.
E evoca o aperto de mãos.
E evoca a visão do arrebol.
Capaz de encantar os alunos, capaz de lhes ensinar lições sobre o respeito à natureza, a busca da paz e da fraternidade.
Trabalhar com esse livro na sala de aula significa abrir as portas da escola para uma mensagem constituída de valores universais que enriquecerão o repertório moral e intelectual dos alunos.
Como professora, eu faria com meus alunos uma maquete da cidade de Mirapólvora e outra da cidade de Miraflores.
Faria dobraduras de flores com eles, como tulipas e rosas e enfeitaria a sala de aula com elas.
Transformaria os dez dedinhos de Tistu em personagens: como se relacionaria o dedo verde com os outros dedos? Haveria colaboração? Haveria competição?
Proporia a produção de um texto sobre a escola de Tistu, com base, igualmente, na frase de Rubem Alves: “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”.
Estimularia a criação de outros personagens: como seria o menino do dedo azul, do dedo amarelo e do dedo vermelho?
Enfim, curtiria, e muito, todas essas brincadeiras literárias, com meus alunos.
E se Tistu semeava flores, como professora, quero semear ideias!...
domingo, 1 de janeiro de 2012
Era outra vez...
Contar histórias é uma arte cada vez mais incentivada nas escolas, hospitais, templos religiosos, livrarias...
O boom dessa atividade no mundo moderno se deve muito à atual tendência de valorização da leitura e do singelo olho no olho, que aproxima as pessoas. Estudiosos afirmam que se trata de uma reação ao ritmo frenético do mundo atual, em que o contato entre as pessoas escasseou.
Deste modo, o ressurgimento da contação de histórias está ligado ao contexto do culto à tecnologia, ao imediatismo, ao superficialismo, bem como à tendência às relações humanas descartáveis. Isso porque a narração de histórias é um maravilhoso convite ao ouvir, ao escutar o outro e à consequente socialização das pessoas.
Pesquisadores como Regina Machado (2004) vêm enumerando os benefícios da prática de narração de histórias, como a possibilidade de “virar o olho”, de braços dados com a imaginação e fantasia.
De fato, essa atividade, além de contribuir eficazmente para a formação de leitores, nos proporciona (a) o contato com a diversidade cultural e étnica, (b) a valorização da literatura e tradição oral, (c) a manutenção da memória e identidade de uma sociedade, (d) o enriquecimento das experiências infantis por meio de uma pedagogia do imaginário, (e) o encantamento e a sensibilização dos ouvintes, (f) o alimento da alma, (g) o resgate de significados para a nossa existência, (h) a troca de afetividade, (i) a ampliação da capacidade de escuta e reflexão, (j) o desenvolvimento da criatividade.
Há também ganhos mais específicos, como a ampliação do vocabulário, o contato com o esquema narrativo das histórias, a valorização da língua portuguesa em sua modalidade escrita e em sua modalidade oral.
A contação de histórias não deve ter cara de aula. Segundo Fanny Abramovich (1995) ela é o ponto de partida para o desenhar, o musicar, o teatralizar, o brincar, o inventar, pois tudo pode nascer de um texto.
Na escola, as crianças fazem dobraduras, fantoches, mosaicos, colagens, desenhos...
Sempre relacionados à história.
Com os contos, as crianças criam o seu próprio repertório moral e se enriquecem com a ginástica imaginativa.
A contação de histórias é, por vezes, o Livro Vivo!...
Brincar e se envolver com a contação de histórias representa um treino para a criança aprender a lidar com a realidade. As histórias não são uma fuga, são um ensaio.
Atualmente, os contadores de histórias são valorizados e requisitados, por conta do calor humano e da afetividade que evocam e que a tecnologia não nos proporciona.
Os contos apresentam um caráter terapêutico, pois encantam e curam.
Simplesmente, salvam sonhos!
Contar histórias é um ato de amor literário.
Entrou por uma porta, saiu pela outra, quem quiser que conte outra!...
O boom dessa atividade no mundo moderno se deve muito à atual tendência de valorização da leitura e do singelo olho no olho, que aproxima as pessoas. Estudiosos afirmam que se trata de uma reação ao ritmo frenético do mundo atual, em que o contato entre as pessoas escasseou.
Deste modo, o ressurgimento da contação de histórias está ligado ao contexto do culto à tecnologia, ao imediatismo, ao superficialismo, bem como à tendência às relações humanas descartáveis. Isso porque a narração de histórias é um maravilhoso convite ao ouvir, ao escutar o outro e à consequente socialização das pessoas.
Pesquisadores como Regina Machado (2004) vêm enumerando os benefícios da prática de narração de histórias, como a possibilidade de “virar o olho”, de braços dados com a imaginação e fantasia.
De fato, essa atividade, além de contribuir eficazmente para a formação de leitores, nos proporciona (a) o contato com a diversidade cultural e étnica, (b) a valorização da literatura e tradição oral, (c) a manutenção da memória e identidade de uma sociedade, (d) o enriquecimento das experiências infantis por meio de uma pedagogia do imaginário, (e) o encantamento e a sensibilização dos ouvintes, (f) o alimento da alma, (g) o resgate de significados para a nossa existência, (h) a troca de afetividade, (i) a ampliação da capacidade de escuta e reflexão, (j) o desenvolvimento da criatividade.
Há também ganhos mais específicos, como a ampliação do vocabulário, o contato com o esquema narrativo das histórias, a valorização da língua portuguesa em sua modalidade escrita e em sua modalidade oral.
A contação de histórias não deve ter cara de aula. Segundo Fanny Abramovich (1995) ela é o ponto de partida para o desenhar, o musicar, o teatralizar, o brincar, o inventar, pois tudo pode nascer de um texto.
Na escola, as crianças fazem dobraduras, fantoches, mosaicos, colagens, desenhos...
Sempre relacionados à história.
Com os contos, as crianças criam o seu próprio repertório moral e se enriquecem com a ginástica imaginativa.
A contação de histórias é, por vezes, o Livro Vivo!...
Brincar e se envolver com a contação de histórias representa um treino para a criança aprender a lidar com a realidade. As histórias não são uma fuga, são um ensaio.
Atualmente, os contadores de histórias são valorizados e requisitados, por conta do calor humano e da afetividade que evocam e que a tecnologia não nos proporciona.
Os contos apresentam um caráter terapêutico, pois encantam e curam.
Simplesmente, salvam sonhos!
Contar histórias é um ato de amor literário.
Entrou por uma porta, saiu pela outra, quem quiser que conte outra!...
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