Eu sou o velhinho do pomar.
Para mim, essa história começou quando muitos homens deixaram de usar as palavras com proveito para todos, esquecendo que elas são dadas por nosso Pai para delas fazermos um bom uso.
A árvore do conhecimento linguístico existe no coração dos homens, pois as nossas palavras devem sempre dar bons frutos na vida.
Recentemente, eu conheci o Pedrinho, um menino que havia engolido as palavras.
Sua família mudou após a reconciliação dos pais, que descobriram o fantástico poder do diálogo.
Mas apenas senti que eu havia cumprido a minha missão com a família do Pedrinho quando ouvi uma mesma frase sendo pronunciada pelo pai, pela mãe e pelo filho:
“― Eu amo você!...”
Plantemos o Bem!...
domingo, 18 de dezembro de 2011
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
O semeador de linguagens (Capítulo IV)
Nós somos os amigos do Pedrinho.
Para nós, essa história começou quando ele nos convidou para comemorar a reconciliação de seus pais com uma divertida festa em seu lar.
Quando chegamos a sua casa, ficamos brincando no quintal. Corremos e pulamos tanto que acabamos com sede. Aí, o Pedrinho resolveu buscar água para nós na cozinha e, enquanto isso, a gente teve a ideia de comer uma fruta, pois havia ali um pé carregado e todo colorido que, aliás, nunca tínhamos visto.
Pedrinho pareceu apreensivo ao notar que estávamos nos alimentando das frutinhas deliciosas, mas não nos disse nada.
Durante a festa, alguns amigos dos pais do Pedrinho endereçaram palavras de incentivo ao casal, e nós quisemos participar da atividade.
O primeiro de nós se levantou.
― Vós deveis superar os escolhos, acreditando na magia dos ósculos e amplexos fagueiros, pois o Amor é um excelso preceptor na pândega jornada do matrimônio!...
O segundo de nós se levantou.
― Escutem seu coração: afinem a intuição, namorem a união, apurem a emoção, capturem a razão, iluminem a inspiração, abracem o perdão, pesquem a lição, venerem a compreensão, busquem a transformação!...
O terceiro de nós se levantou.
― Desejo que nunca faltem pra vocês a magia dos sons da vida: Smack! Clap! Click! Nhac, nhec, nhoc! Din don! Chuá, chuá! Tic tac! Trim, trim! Bah! Blam, blam! Bzzzzzz! Psst! Puf! Zum! Buá, buá! Au, au! Atchim! Miau! Humf!
Os pais do Pedrinho expressavam um tom de espanto no semblante, os convidados estavam profundamente silenciosos e Pedrinho tinha ares de preocupação.
― Pai, mãe, pessoal, eu posso explicar...
Mas, antes que Pedrinho concluísse sua frase, ouviram-se palmas acaloradas. Aí, nós ficamos orgulhosos de nosso desempenho.
― Viva o amor, vivam o amor!... ― gritamos entusiasmados.
Naquele dia, nós nos sentimos mais do que amigos de Pedrinho, nós nos sentimos membros de sua família.
Para nós, essa história começou quando ele nos convidou para comemorar a reconciliação de seus pais com uma divertida festa em seu lar.
Quando chegamos a sua casa, ficamos brincando no quintal. Corremos e pulamos tanto que acabamos com sede. Aí, o Pedrinho resolveu buscar água para nós na cozinha e, enquanto isso, a gente teve a ideia de comer uma fruta, pois havia ali um pé carregado e todo colorido que, aliás, nunca tínhamos visto.
Pedrinho pareceu apreensivo ao notar que estávamos nos alimentando das frutinhas deliciosas, mas não nos disse nada.
Durante a festa, alguns amigos dos pais do Pedrinho endereçaram palavras de incentivo ao casal, e nós quisemos participar da atividade.
O primeiro de nós se levantou.
― Vós deveis superar os escolhos, acreditando na magia dos ósculos e amplexos fagueiros, pois o Amor é um excelso preceptor na pândega jornada do matrimônio!...
O segundo de nós se levantou.
― Escutem seu coração: afinem a intuição, namorem a união, apurem a emoção, capturem a razão, iluminem a inspiração, abracem o perdão, pesquem a lição, venerem a compreensão, busquem a transformação!...
O terceiro de nós se levantou.
― Desejo que nunca faltem pra vocês a magia dos sons da vida: Smack! Clap! Click! Nhac, nhec, nhoc! Din don! Chuá, chuá! Tic tac! Trim, trim! Bah! Blam, blam! Bzzzzzz! Psst! Puf! Zum! Buá, buá! Au, au! Atchim! Miau! Humf!
Os pais do Pedrinho expressavam um tom de espanto no semblante, os convidados estavam profundamente silenciosos e Pedrinho tinha ares de preocupação.
― Pai, mãe, pessoal, eu posso explicar...
Mas, antes que Pedrinho concluísse sua frase, ouviram-se palmas acaloradas. Aí, nós ficamos orgulhosos de nosso desempenho.
― Viva o amor, vivam o amor!... ― gritamos entusiasmados.
Naquele dia, nós nos sentimos mais do que amigos de Pedrinho, nós nos sentimos membros de sua família.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
O Semeador de Linguagens (Capítulo III)
Eu sou o filho.
Para mim, essa história começou quando conheci o Velhinho do Pomar, pois, neste instante, eu compreendi que a vida é um presente de Deus.
Eu estava passeando entre as árvores de um belo pomar, próximo à casa de campo de uma amiga de minha mãe, quando apareceu um velhinho muito simpático.
― Rapazinho, você precisa ver a árvore do conhecimento linguístico!...
Eu não articulei nenhuma palavra, mas ele parecia ler meus pensamentos.
― Não se preocupe, você vai me entender. Venha comigo!...
Acompanhei o ancião. Em pouco tempo, estávamos diante de uma frondosa árvore, cujos frutos tinham cores diferentes.
Fiquei maravilhado.
Ele colheu uma fruta do pé e a ofereceu para mim.
Eu nunca havia saboreado uma fruta tão suculenta, capaz até de desmanchar na boca, com um perfume que duplicava o prazer de degustá-la.
Então, minha boca se encheu de palavras.
― Obrigado! Nem sei como agradecer a você por me trazer até a árvore do conhecimento linguístico e...
De repente, me dei conta do grande acontecimento.
― Ei, eu, eu estou falando!...
Pulei de alegria.
― Agora, o papai vai voltar para casa!...
O Velhinho do Pomar fitou-me enternecido.
― Seus pais não fizeram um bom uso das palavras, e isso foi o que mais os distanciou e desestruturou sua família...
Eu estava atento a cada frase do meu amigo.
― Leve essas sementes e plante-as no quintal de sua casa, está bem?
Recebi um saquinho com sementes coloridas. Apanhei um punhado na mão e fiquei admirando-as cheio de encantamento. Quando dei por mim, o ancião havia desaparecido misteriosamente.
Corri para casa.
Minha mãe ficou emocionada quando me viu.
― Quero voltar para casa, para nosso lar, mamãe!
Regressamos no dia seguinte.
Contudo, descobrimos que o papai tinha viajado para outro país, havendo deixado apenas uma mensagem na secretária eletrônica.
Plantei as sementes da árvore do conhecimento linguístico no quintal de minha casa e fiquei surpreso ao observar que ela crescia muito rapidamente, até que começou a dar frutos.
Então, papai voltou de viagem.
― Papai!...
Ele ficou comovido.
― Pedrinho, meu filho!...
Nunca tinha visto papai chorar, nunca tinha visto mamãe chorar.
― Vocês dois precisam conversar...
Pronto, acabei falando o que eu queria.
Meus pais concordaram comigo.
Resolvi ir para o meu quarto, pois eu queria fazer uma oração por minha família.
Após certo tempo, voltei à sala, mas meus pais estavam conversando no quintal, bem próximos à árvore do conhecimento linguístico, de modo que pude ouvir um trecho de seu diálogo. Papai e mamãe falavam como se um completasse o outro.
― ... Eu sei que eu fui egoísta, por isso ...
― ... Cometi muitos erros mas...
― ... eu preciso do uma nova chance, já que agora...
― ... me transformei interiormente, e...
― ... eu acredito que possamos ser felizes, sempre...
― ... estarei me esforçando para que vivamos em paz!...
Fiquei intrigado com o fenômeno linguístico.
Será que eles teriam provado o fruto da árvore das linguagens?...
Eu não estava nem acreditando que meus pais decidiram ficar juntos novamente. Precisava dar a maravilhosa notícia aos meus amigos...
Para mim, essa história começou quando conheci o Velhinho do Pomar, pois, neste instante, eu compreendi que a vida é um presente de Deus.
Eu estava passeando entre as árvores de um belo pomar, próximo à casa de campo de uma amiga de minha mãe, quando apareceu um velhinho muito simpático.
― Rapazinho, você precisa ver a árvore do conhecimento linguístico!...
Eu não articulei nenhuma palavra, mas ele parecia ler meus pensamentos.
― Não se preocupe, você vai me entender. Venha comigo!...
Acompanhei o ancião. Em pouco tempo, estávamos diante de uma frondosa árvore, cujos frutos tinham cores diferentes.
Fiquei maravilhado.
Ele colheu uma fruta do pé e a ofereceu para mim.
Eu nunca havia saboreado uma fruta tão suculenta, capaz até de desmanchar na boca, com um perfume que duplicava o prazer de degustá-la.
Então, minha boca se encheu de palavras.
― Obrigado! Nem sei como agradecer a você por me trazer até a árvore do conhecimento linguístico e...
De repente, me dei conta do grande acontecimento.
― Ei, eu, eu estou falando!...
Pulei de alegria.
― Agora, o papai vai voltar para casa!...
O Velhinho do Pomar fitou-me enternecido.
― Seus pais não fizeram um bom uso das palavras, e isso foi o que mais os distanciou e desestruturou sua família...
Eu estava atento a cada frase do meu amigo.
― Leve essas sementes e plante-as no quintal de sua casa, está bem?
Recebi um saquinho com sementes coloridas. Apanhei um punhado na mão e fiquei admirando-as cheio de encantamento. Quando dei por mim, o ancião havia desaparecido misteriosamente.
Corri para casa.
Minha mãe ficou emocionada quando me viu.
― Quero voltar para casa, para nosso lar, mamãe!
Regressamos no dia seguinte.
Contudo, descobrimos que o papai tinha viajado para outro país, havendo deixado apenas uma mensagem na secretária eletrônica.
Plantei as sementes da árvore do conhecimento linguístico no quintal de minha casa e fiquei surpreso ao observar que ela crescia muito rapidamente, até que começou a dar frutos.
Então, papai voltou de viagem.
― Papai!...
Ele ficou comovido.
― Pedrinho, meu filho!...
Nunca tinha visto papai chorar, nunca tinha visto mamãe chorar.
― Vocês dois precisam conversar...
Pronto, acabei falando o que eu queria.
Meus pais concordaram comigo.
Resolvi ir para o meu quarto, pois eu queria fazer uma oração por minha família.
Após certo tempo, voltei à sala, mas meus pais estavam conversando no quintal, bem próximos à árvore do conhecimento linguístico, de modo que pude ouvir um trecho de seu diálogo. Papai e mamãe falavam como se um completasse o outro.
― ... Eu sei que eu fui egoísta, por isso ...
― ... Cometi muitos erros mas...
― ... eu preciso do uma nova chance, já que agora...
― ... me transformei interiormente, e...
― ... eu acredito que possamos ser felizes, sempre...
― ... estarei me esforçando para que vivamos em paz!...
Fiquei intrigado com o fenômeno linguístico.
Será que eles teriam provado o fruto da árvore das linguagens?...
Eu não estava nem acreditando que meus pais decidiram ficar juntos novamente. Precisava dar a maravilhosa notícia aos meus amigos...
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
O semeador de linguagens (Capítulo II)
Eu sou a mãe.
Para mim, essa história começou quando eu e meu filho fomos abandonados por quem mais amávamos, pois até então tínhamos esperanças de reconquistar nosso amado nem que fosse apenas em uma singela manhã de natal.
Nós sofremos juntos quando vimos um homem bom e meigo se iludir com o poder, com a posse de bens materiais, com pessoas interesseiras.
Eu tentava mostrar ao meu marido que aquele não era um bom caminho, mas ele me desrespeitava e ficava agressivo, de modo que eu, em muitas ocasiões, me calava para não piorar a situação até que cheguei ao meu limite e passei a revidar as suas ofensas.
Neste ponto da história, meu filho começou a tentar uma reconciliação entre nós, pois as nossas brigas se tornaram constantes.
Até que o pior aconteceu: um dia, eu gritei com meu marido, meu marido gritou com nosso filho, nosso filho transformou os gritos em um Bicho Assustador e o Silêncio passou a tomar conta de nosso menino para nós.
Meu marido não teve maturidade para enfrentar a situação conosco e resolveu sair de casa, se sentindo o único responsável pelo fato de nosso filho nunca mais ter falado uma única palavra.
Mas, na verdade, eu tive a mesma vontade de gritar com meu filho e, se não o fiz, foi porque o pai se adiantou. Portanto, nós dois falhamos com nossa criança, pois amor significa paciência e carinho.
Por essa razão, eu busquei uma transformação íntima com a ajuda do terapeuta do meu filho, busquei acender uma luz nas trevas do sofrimento, busquei um pouco de paz interior, busquei me tornar uma pessoa melhor, busquei reencontrar minha essência divina.
Então, resolvi viajar com meu filho para a casa de campo de uma amiga.
Lá, eu e meu filho cuidávamos de uma pequena horta no quintal, tomávamos banho de piscina, assistíamos a filmes sentados em frente à lareira, adormecíamos na rede e, em todos esses momentos, sentíamos saudades de nosso amado.
Até que um dia, aconteceu algo mágico.
Eu estava preparando sacolés de frutas (picolés no saquinho) para meu filho, quando ouvi seus gritos, vindos do quintal.
― Manhê! Cadê você, mãe?...
Não consigo descrever minha emoção ao ouvir novamente a voz de meu filhinho.
Eu simplesmente fiquei sem palavras.
Para mim, essa história começou quando eu e meu filho fomos abandonados por quem mais amávamos, pois até então tínhamos esperanças de reconquistar nosso amado nem que fosse apenas em uma singela manhã de natal.
Nós sofremos juntos quando vimos um homem bom e meigo se iludir com o poder, com a posse de bens materiais, com pessoas interesseiras.
Eu tentava mostrar ao meu marido que aquele não era um bom caminho, mas ele me desrespeitava e ficava agressivo, de modo que eu, em muitas ocasiões, me calava para não piorar a situação até que cheguei ao meu limite e passei a revidar as suas ofensas.
Neste ponto da história, meu filho começou a tentar uma reconciliação entre nós, pois as nossas brigas se tornaram constantes.
Até que o pior aconteceu: um dia, eu gritei com meu marido, meu marido gritou com nosso filho, nosso filho transformou os gritos em um Bicho Assustador e o Silêncio passou a tomar conta de nosso menino para nós.
Meu marido não teve maturidade para enfrentar a situação conosco e resolveu sair de casa, se sentindo o único responsável pelo fato de nosso filho nunca mais ter falado uma única palavra.
Mas, na verdade, eu tive a mesma vontade de gritar com meu filho e, se não o fiz, foi porque o pai se adiantou. Portanto, nós dois falhamos com nossa criança, pois amor significa paciência e carinho.
Por essa razão, eu busquei uma transformação íntima com a ajuda do terapeuta do meu filho, busquei acender uma luz nas trevas do sofrimento, busquei um pouco de paz interior, busquei me tornar uma pessoa melhor, busquei reencontrar minha essência divina.
Então, resolvi viajar com meu filho para a casa de campo de uma amiga.
Lá, eu e meu filho cuidávamos de uma pequena horta no quintal, tomávamos banho de piscina, assistíamos a filmes sentados em frente à lareira, adormecíamos na rede e, em todos esses momentos, sentíamos saudades de nosso amado.
Até que um dia, aconteceu algo mágico.
Eu estava preparando sacolés de frutas (picolés no saquinho) para meu filho, quando ouvi seus gritos, vindos do quintal.
― Manhê! Cadê você, mãe?...
Não consigo descrever minha emoção ao ouvir novamente a voz de meu filhinho.
Eu simplesmente fiquei sem palavras.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
O semeador de linguagens (Capítulo I)
Eu sou o pai.
Para mim, essa história começou quando me tornei um mau pai, quando deixei de dar atenção ao meu filho, quando deixei de preparar o seu chocolate quente, quando deixei de ajudá-lo nas lições de casa, quando deixei de contar histórias para ele, quando deixei de jogar bola com ele, quando deixei de repreender suas más ações, quando deixei de tocar violão para ele. Enfim, quando deixei de expressar o meu amor.
Eu havia recebido uma promoção no trabalho e me tornei o braço direito do meu patrão. De uma maneira mágica e fascinante, eu passei a ser valorizado pelos meus colegas. As funcionárias me elogiavam até me deixarem lisonjeado. Minha secretária me devotava uma atenção especial. Eu passei a ser o destaque nas reuniões da empresa. Meu chefe acatava todas as minhas sugestões, de modo que eu ganhei uma nova família.
Eu já não queria nem voltar para casa.
Então, eu me casei com meu trabalho.
Minha esposa não gostou desse meu novo casamento e passei a brigar muito com ela, mas o que me tirava do sério era meu filho sempre tentando uma reconciliação entre nós.
Até que um dia eu perdi a cabeça. Meu filho acompanhava uma discussão nossa, que realmente estava ultrapassando os limites do respeito mútuo. Houve uma hora em que minha esposa, cansada de meus xingamentos, gritou comigo, e nosso filho não aguentou a barra.
Ele começou a chorar, e chorava, e chorava.
Eu não suportava mais.
― Fica quieto, Pedrinho!!! ― gritei.
Meu filho engoliu o choro com um pavor comovente.
― Eu não quero ouvir a sua voz nunca mais, nunca mais! ― berrei.
A partir desse dia, meu filho engoliu as palavras.
Ele ficou mudo de tal maneira, que nem psicólogo deu jeito.
Minha esposa não me culpou, mas eu me culpei.
Então, eu saí de casa, eu resolvi sair da história por uns tempos.
Para mim, essa história começou quando me tornei um mau pai, quando deixei de dar atenção ao meu filho, quando deixei de preparar o seu chocolate quente, quando deixei de ajudá-lo nas lições de casa, quando deixei de contar histórias para ele, quando deixei de jogar bola com ele, quando deixei de repreender suas más ações, quando deixei de tocar violão para ele. Enfim, quando deixei de expressar o meu amor.
Eu havia recebido uma promoção no trabalho e me tornei o braço direito do meu patrão. De uma maneira mágica e fascinante, eu passei a ser valorizado pelos meus colegas. As funcionárias me elogiavam até me deixarem lisonjeado. Minha secretária me devotava uma atenção especial. Eu passei a ser o destaque nas reuniões da empresa. Meu chefe acatava todas as minhas sugestões, de modo que eu ganhei uma nova família.
Eu já não queria nem voltar para casa.
Então, eu me casei com meu trabalho.
Minha esposa não gostou desse meu novo casamento e passei a brigar muito com ela, mas o que me tirava do sério era meu filho sempre tentando uma reconciliação entre nós.
Até que um dia eu perdi a cabeça. Meu filho acompanhava uma discussão nossa, que realmente estava ultrapassando os limites do respeito mútuo. Houve uma hora em que minha esposa, cansada de meus xingamentos, gritou comigo, e nosso filho não aguentou a barra.
Ele começou a chorar, e chorava, e chorava.
Eu não suportava mais.
― Fica quieto, Pedrinho!!! ― gritei.
Meu filho engoliu o choro com um pavor comovente.
― Eu não quero ouvir a sua voz nunca mais, nunca mais! ― berrei.
A partir desse dia, meu filho engoliu as palavras.
Ele ficou mudo de tal maneira, que nem psicólogo deu jeito.
Minha esposa não me culpou, mas eu me culpei.
Então, eu saí de casa, eu resolvi sair da história por uns tempos.
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Crônica 'O Carioquinha' produzida por ocasião do Projeto 'Paixão de Ler' (Kate Lúcia Portela)
Hoje, estive refletindo sobre festas de aniversário infantis...
Como são encantadoras, com direito a bolo, docinhos, salgadinhos, pipoca, maçã do amor, refrigerante e bolas, línguas de sogra... as crianças fazem a festa!...
Até me lembrei de um dia, na minha infância, em que recebi o convite para a festa de aniversário de um menino cujo apelido era ‘Carioquinha’.
Parece que eu estou ouvindo aquela música, aquelas palmas: “Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida!”
Eu me recordo do momento em que o Carioquinha tinha que fazer um pedido antes de soprar a velhinha.
Ele fechou os olhos, fez um pedido, encheu os pulmões de ar e...
Mudou de ideia, queria pedir outra coisa.
O que será que ele ia pedir, o que vocês acham?
Uma bicicleta? Um vídeo game? Uma bola?
Não sei...
Só sei que nessa hora, os convidados cantaram outra melodia: “É big, é big, é big, é big, é big, é hora, é hora, é hora, é hora, é hora, Ra, Ti, Bum: Carioquinha, Carioquinha!”
O Carioquinha não desistiu de soprar a velinha .
Ele fechou os olhos, fez um pedido, encheu os pulmões de ar e...
Mudou de ideia, queria pedir outra coisa.
O que será que ele ia pedir, o que vocês acham?
Bolinhas de gude? Bolinhas de sabão? Um patinete?
Não sei...
Só sei que os convidados cantaram outra música: “Com quem será, com quem será, com quem será que o Carioquinha vai casar, vai depender, vai depender, vai depender se a Maria vai querer!”
O Carioquinha queria soprar a velinha, dessa vez pra valer.
Ele fechou os olhos e fez o seu pedido, dessa vez pra valer:
Que os cariocas possam curtir as praias, sem que haja poluição.
Que os cariocas possam curtir o carnaval, sem que haja violência.
Que os cariocas possam curtir o Pão de Açúcar, sem que haja fome.
Que os cariocas possam curtir a Quinta da Boa Vista, sem que haja a extinção de animais.
Que os cariocas possam curtir o Cristo Redentor, sem que haja os preconceitos de todo gênero.
Finalmente, o Carioquinha soprou a velinha!
Que todos os seus desejos se realizem!...
Viva o Rio de Janeiro!
Como são encantadoras, com direito a bolo, docinhos, salgadinhos, pipoca, maçã do amor, refrigerante e bolas, línguas de sogra... as crianças fazem a festa!...
Até me lembrei de um dia, na minha infância, em que recebi o convite para a festa de aniversário de um menino cujo apelido era ‘Carioquinha’.
Parece que eu estou ouvindo aquela música, aquelas palmas: “Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida!”
Eu me recordo do momento em que o Carioquinha tinha que fazer um pedido antes de soprar a velhinha.
Ele fechou os olhos, fez um pedido, encheu os pulmões de ar e...
Mudou de ideia, queria pedir outra coisa.
O que será que ele ia pedir, o que vocês acham?
Uma bicicleta? Um vídeo game? Uma bola?
Não sei...
Só sei que nessa hora, os convidados cantaram outra melodia: “É big, é big, é big, é big, é big, é hora, é hora, é hora, é hora, é hora, Ra, Ti, Bum: Carioquinha, Carioquinha!”
O Carioquinha não desistiu de soprar a velinha .
Ele fechou os olhos, fez um pedido, encheu os pulmões de ar e...
Mudou de ideia, queria pedir outra coisa.
O que será que ele ia pedir, o que vocês acham?
Bolinhas de gude? Bolinhas de sabão? Um patinete?
Não sei...
Só sei que os convidados cantaram outra música: “Com quem será, com quem será, com quem será que o Carioquinha vai casar, vai depender, vai depender, vai depender se a Maria vai querer!”
O Carioquinha queria soprar a velinha, dessa vez pra valer.
Ele fechou os olhos e fez o seu pedido, dessa vez pra valer:
Que os cariocas possam curtir as praias, sem que haja poluição.
Que os cariocas possam curtir o carnaval, sem que haja violência.
Que os cariocas possam curtir o Pão de Açúcar, sem que haja fome.
Que os cariocas possam curtir a Quinta da Boa Vista, sem que haja a extinção de animais.
Que os cariocas possam curtir o Cristo Redentor, sem que haja os preconceitos de todo gênero.
Finalmente, o Carioquinha soprou a velinha!
Que todos os seus desejos se realizem!...
Viva o Rio de Janeiro!
terça-feira, 25 de outubro de 2011
O circo da infância (Kate Lúcia Portela)
Respeitável público:
Era uma vez um palhaço.
Era uma vez outro palhaço.
Um era o Bolinha, o outro era o Varetinha.
Eles gostavam de brincar, brincar e brincar...
Faziam caretas mágicas:
FAAAA! LEEEEE! MIIII! BOOOO! ZUUUU!
Faziam malabarismos com as palavras:
ES-FRAM - BÚ-TI - COS! CA- LUS- FA- TI - LEX! PRO - MER- CLA- GI- A- NO!
Faziam coreografias com as cores:
A-M-A-R-E-L-O-A-Z-U-L-R-O-S-A-V-E-R-M-E-L-H-O-V-E-R-D-E...
Faziam mímicas de animais:
Cocoricó, Muuuuu, Ihiiii!
Um dia, algumas crianças pediram um presente para o Bolinha e o Varetinha.
Mas... que presente dar?
Os palhaços pensaram, pensaram, pensaram...
Então, resolveram lhes dar pedacinhos de infância!
Deram uma bola de meia...
Deram um chapéu de papel...
Deram uma peteca de jornal...
Deram um telefone sem fio...
Deram uma pipa...
Deram bolinhas de sabão...
Deram uma corda...
Deram um bambolê...
Deram um cata-vento...
Deram bolinhas de gude...
Deram um pião...
E resolveram se dar para as crianças!...
E por inteiro!
Marcharam!
Bateram palmas!
Assobiaram!
Fizeram uma pombinha com as mãos!
Piscaram o olho!
Soluçaram!
Apertaram as mãos!
Deram joia com os dedinhos!
Fizeram uma cobrinha com as mãos!
Jogaram beijos!
Desafinaram!
Estalaram os dedos!
As crianças adoraram os presentes e deram parlendas aos palhaços, como forma de retribuir o carinho:
Os primeiros versinhos encantaram os palhacinhos:
‘Batatinha quando nasce
Se esparrama pelo chão
A menina quando dorme
Põe a mão no coração’
E elas recitaram outra parlenda com sabor de magia:
‘Chuva e sol
Casamento de espanhol
Sol e chuva
Casamento de viúva’
Mas a preferida das crianças elas deixaram para o final:
‘Cadê o toucinho que estava aqui?
O gato comeu. Cadê o gato?
Fugiu pro mato. Cadê o mato?
O fogo queimou. Cadê o fogo?
A água apagou. Cadê a água?
O boi bebeu. Cadê o boi?
Está amassando trigo. Cadê o trigo?
A galinha espalhou. Cadê a galinha?
Está botando ovo. Cadê o ovo?
ESTÁ AQUI!’
Aí, os palhacinhos entraram na brincadeira e recitaram outra parlenda:
‘Era uma vez uma bruxa.
À meia-noite.
Em um castelo mal-assombrado.
Com uma faca na mão.
Pra passar manteiga no pão!’
Após tantas e tantas brincadeiras, estava armado o circo:
O circo da infância!
Esse espetáculo é um presente e ninguém pode perder!...
Era uma vez um palhaço.
Era uma vez outro palhaço.
Um era o Bolinha, o outro era o Varetinha.
Eles gostavam de brincar, brincar e brincar...
Faziam caretas mágicas:
FAAAA! LEEEEE! MIIII! BOOOO! ZUUUU!
Faziam malabarismos com as palavras:
ES-FRAM - BÚ-TI - COS! CA- LUS- FA- TI - LEX! PRO - MER- CLA- GI- A- NO!
Faziam coreografias com as cores:
A-M-A-R-E-L-O-A-Z-U-L-R-O-S-A-V-E-R-M-E-L-H-O-V-E-R-D-E...
Faziam mímicas de animais:
Cocoricó, Muuuuu, Ihiiii!
Um dia, algumas crianças pediram um presente para o Bolinha e o Varetinha.
Mas... que presente dar?
Os palhaços pensaram, pensaram, pensaram...
Então, resolveram lhes dar pedacinhos de infância!
Deram uma bola de meia...
Deram um chapéu de papel...
Deram uma peteca de jornal...
Deram um telefone sem fio...
Deram uma pipa...
Deram bolinhas de sabão...
Deram uma corda...
Deram um bambolê...
Deram um cata-vento...
Deram bolinhas de gude...
Deram um pião...
E resolveram se dar para as crianças!...
E por inteiro!
Marcharam!
Bateram palmas!
Assobiaram!
Fizeram uma pombinha com as mãos!
Piscaram o olho!
Soluçaram!
Apertaram as mãos!
Deram joia com os dedinhos!
Fizeram uma cobrinha com as mãos!
Jogaram beijos!
Desafinaram!
Estalaram os dedos!
As crianças adoraram os presentes e deram parlendas aos palhaços, como forma de retribuir o carinho:
Os primeiros versinhos encantaram os palhacinhos:
‘Batatinha quando nasce
Se esparrama pelo chão
A menina quando dorme
Põe a mão no coração’
E elas recitaram outra parlenda com sabor de magia:
‘Chuva e sol
Casamento de espanhol
Sol e chuva
Casamento de viúva’
Mas a preferida das crianças elas deixaram para o final:
‘Cadê o toucinho que estava aqui?
O gato comeu. Cadê o gato?
Fugiu pro mato. Cadê o mato?
O fogo queimou. Cadê o fogo?
A água apagou. Cadê a água?
O boi bebeu. Cadê o boi?
Está amassando trigo. Cadê o trigo?
A galinha espalhou. Cadê a galinha?
Está botando ovo. Cadê o ovo?
ESTÁ AQUI!’
Aí, os palhacinhos entraram na brincadeira e recitaram outra parlenda:
‘Era uma vez uma bruxa.
À meia-noite.
Em um castelo mal-assombrado.
Com uma faca na mão.
Pra passar manteiga no pão!’
Após tantas e tantas brincadeiras, estava armado o circo:
O circo da infância!
Esse espetáculo é um presente e ninguém pode perder!...
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Outro cravo, outra rosa (Kate Lúcia Portela)
“Era uma vez uma menina. Ela tinha um amigo. Tinha, não tem mais. Eles brigaram: “O cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada. O cravo saiu ferido. E a rosa despedaçada. O cravo ficou doente. A rosa foi visitar. O cravo teve um desmaio. E a rosa pôs-se a chorar.”
No princípio, a menina nem ligou. Afinal, ela tinha muitas amigas. E, com elas, adorava brincar de pular corda: “Um homem bateu em minha porta e eu abri. Senhoras e senhores, ponha (sic) a mão no chão. Senhoras e senhores, pule (sic) num pé só. Senhoras e senhores, dê (sic) uma rodadinha e vão pro olho da rua.”
Mas, com o passar do tempo, a menina começou a sentir saudades do amigo. Então, resolveu visitá-lo. No caminho, encontrou um sapo, que nem era príncipe: “O sapo não lava o pé. Não lava porque não quer. Ele mora lá na lagoa e não lava o pé porque não quer, mas que chulé!”
Aí, a menina resolveu comprar um pirulito para dá-lo de presente ao amigo: “Pirulito que bate, bate. Pirulito que já bateu. Quem gosta de mim é ela, quem gosta dela sou eu.”
Quando comprou o pirulito, ganhou de brinde um soldadinho: “Marcha soldado, cabeça de papel. Quem não marchar direito, vai preso pro quartel. O quartel pegou fogo, a polícia deu sinal. Acode, acode, acode a bandeira nacional.”
Caminhou muito, muito e teve que atravessar um rio com a canoa do Seu Chico: “A canoa virou. Vou deixá-la virar. Foi por causa do seu Zé que não soube remar. Se eu fosse um peixinho e soubesse nadar eu tirava o seu Zé do fundo mar.”
Até que ela finalmente chegou até a casa do amigo. Nossa, era uma casa tão diferente: “Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada. Ninguém podia entrar nela, não. Porque na casa não tinha chão. Ninguém podia dormir na rede porque na casa não tinha parede. Ninguém podia fazer pipi, porque penico não tinha ali. Mas era feita com muito esmero. Na rua dos bobos, número zero.”
Finalmente, o menino abriu a porta. A garota o abraçou e lhe deu de presente o pirulito e o soldadinho. Ele adorou a visita, nem se lembrava mais da briga, e ofereceu um lanchinho à amiga: “Meu lanchinho, meu lanchinho vou comer, vou comer. Pra ficar fortinho, para ficar fortinho e crescer, e crescer. Meu suquinho, meu suquinho vou beber, vou beber. Pra ficar fortinho, pra ficar fortinho e crescer, e crescer.”
Eles descobriram que é muito bom quando nos alimentamos de músicas, histórias e poesia... Entrou por uma porta saiu pela outra. Quem quiser que cante outra!”
No princípio, a menina nem ligou. Afinal, ela tinha muitas amigas. E, com elas, adorava brincar de pular corda: “Um homem bateu em minha porta e eu abri. Senhoras e senhores, ponha (sic) a mão no chão. Senhoras e senhores, pule (sic) num pé só. Senhoras e senhores, dê (sic) uma rodadinha e vão pro olho da rua.”
Mas, com o passar do tempo, a menina começou a sentir saudades do amigo. Então, resolveu visitá-lo. No caminho, encontrou um sapo, que nem era príncipe: “O sapo não lava o pé. Não lava porque não quer. Ele mora lá na lagoa e não lava o pé porque não quer, mas que chulé!”
Aí, a menina resolveu comprar um pirulito para dá-lo de presente ao amigo: “Pirulito que bate, bate. Pirulito que já bateu. Quem gosta de mim é ela, quem gosta dela sou eu.”
Quando comprou o pirulito, ganhou de brinde um soldadinho: “Marcha soldado, cabeça de papel. Quem não marchar direito, vai preso pro quartel. O quartel pegou fogo, a polícia deu sinal. Acode, acode, acode a bandeira nacional.”
Caminhou muito, muito e teve que atravessar um rio com a canoa do Seu Chico: “A canoa virou. Vou deixá-la virar. Foi por causa do seu Zé que não soube remar. Se eu fosse um peixinho e soubesse nadar eu tirava o seu Zé do fundo mar.”
Até que ela finalmente chegou até a casa do amigo. Nossa, era uma casa tão diferente: “Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada. Ninguém podia entrar nela, não. Porque na casa não tinha chão. Ninguém podia dormir na rede porque na casa não tinha parede. Ninguém podia fazer pipi, porque penico não tinha ali. Mas era feita com muito esmero. Na rua dos bobos, número zero.”
Finalmente, o menino abriu a porta. A garota o abraçou e lhe deu de presente o pirulito e o soldadinho. Ele adorou a visita, nem se lembrava mais da briga, e ofereceu um lanchinho à amiga: “Meu lanchinho, meu lanchinho vou comer, vou comer. Pra ficar fortinho, para ficar fortinho e crescer, e crescer. Meu suquinho, meu suquinho vou beber, vou beber. Pra ficar fortinho, pra ficar fortinho e crescer, e crescer.”
Eles descobriram que é muito bom quando nos alimentamos de músicas, histórias e poesia... Entrou por uma porta saiu pela outra. Quem quiser que cante outra!”
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
O papagaio que ensinava português (Kate Lúcia Portela)
Era uma vez...
Opa!
Era uma vez, não! Eram várias vezes...
O papagaio Clarinho repetia várias vezes as palavras que a professora Norminha lhe ensinava:
LEITURA, LEITURA, LEITURA...
ESCRITA, ESCRITA, ESCRITA...
POESIA, POESIA, POESIA...
HISTÓRIAS, HISTÓRIAS, HISTÓRIAS...
TEATRO, TEATRO, TEATRO...
Essas palavras mágicas estavam relacionadas ao estudo da nossa língua portuguesa.
Com a dona Norminha, Clarinho aprendeu que a língua muda de acordo com o tempo, com o lugar, com as pessoas, com as situações... Parece difícil, mas não é...
O papagaio Clarinho aprendeu bem essa lição quando conheceu outro papagaio: o Dourado.
Dourado vivia feliz, mas não para sempre, numa casinha de telha, numa rua de lama e esgoto, onde moravam um pai, uma mãe e umas crianças. Lá, a pobreza sempre aparecia no plural, pois era pobreza de educação, pobreza de saúde, pobreza de comida, pobreza de segurança, pobreza de emprego, pobreza de esportes... pobrezas.
Um dia, uma coruja o incentivou a procurar por uma escola, onde poderia receber uma educação de qualidade.
Aí, ele partiu.
Durante a viagem, fez amizade com um passarinho que tinha o sonho de conhecer o circo, com um gato que tinha o sonho de conhecer o zoológico, com um cachorro que tinha o sonho de conhecer um parque de diversões...
Quando chegou à cidade grande, estava ansioso por encontrar uma escola. Posou em um palanque, onde havia um microfone:
─ Inducação, Inducação! ─ falou Dourado.
As pessoas da praça, por um momento, pareciam estátuas.
Então, elas começaram a rir de Dourado.
─ Não é inducação, é educação! Você fugiu da escola, senhor Papagaio? ─ disse um homem de terno e gravata.
Neste momento, o papagaio Clarinho apareceu e fez a defesa de Dourado.
─ Vocês estudaram tanto somente para ficar rindo das pessoas que não tiveram a mesma oportunidade que vocês? Todos têm condições de aprender, sabiam?
As pessoas se sentiram envergonhadas e se retiraram.
Clarinho e Dourado ficaram amigos e trocaram saberes.
Clarinho ensinou para Dourado as palavrinhas mágicas do ensino da língua portuguesa: LEITURA, ESCRITA, POESIA, HISTÓRIAS, TEATRO.
Dourado ensinou para Clarinho brincadeiras muito divertidas, como corda, bolinha de gude, bambolê, catavento, barquinhos de papel, patinete, bolinhas de sabão, pipa...
Até que um dia eles resolveram conhecer a escola da dona Norminha.
Fizeram uma viagem ao Planeta-Escola.
Decolaram rumo ao Universo do Conhecimento!...
Dourado, após um tempo, acabou indo embora, mas deixou uma mensagem para Clarinho:
Clarinho,
Educação. Essa palavra resume a minha história com você. Uma história que é uma aula de português. Leitores como você e eu são como escolas, por isso volto para minha cidade.
Dourado
Opa!
Era uma vez, não! Eram várias vezes...
O papagaio Clarinho repetia várias vezes as palavras que a professora Norminha lhe ensinava:
LEITURA, LEITURA, LEITURA...
ESCRITA, ESCRITA, ESCRITA...
POESIA, POESIA, POESIA...
HISTÓRIAS, HISTÓRIAS, HISTÓRIAS...
TEATRO, TEATRO, TEATRO...
Essas palavras mágicas estavam relacionadas ao estudo da nossa língua portuguesa.
Com a dona Norminha, Clarinho aprendeu que a língua muda de acordo com o tempo, com o lugar, com as pessoas, com as situações... Parece difícil, mas não é...
O papagaio Clarinho aprendeu bem essa lição quando conheceu outro papagaio: o Dourado.
Dourado vivia feliz, mas não para sempre, numa casinha de telha, numa rua de lama e esgoto, onde moravam um pai, uma mãe e umas crianças. Lá, a pobreza sempre aparecia no plural, pois era pobreza de educação, pobreza de saúde, pobreza de comida, pobreza de segurança, pobreza de emprego, pobreza de esportes... pobrezas.
Um dia, uma coruja o incentivou a procurar por uma escola, onde poderia receber uma educação de qualidade.
Aí, ele partiu.
Durante a viagem, fez amizade com um passarinho que tinha o sonho de conhecer o circo, com um gato que tinha o sonho de conhecer o zoológico, com um cachorro que tinha o sonho de conhecer um parque de diversões...
Quando chegou à cidade grande, estava ansioso por encontrar uma escola. Posou em um palanque, onde havia um microfone:
─ Inducação, Inducação! ─ falou Dourado.
As pessoas da praça, por um momento, pareciam estátuas.
Então, elas começaram a rir de Dourado.
─ Não é inducação, é educação! Você fugiu da escola, senhor Papagaio? ─ disse um homem de terno e gravata.
Neste momento, o papagaio Clarinho apareceu e fez a defesa de Dourado.
─ Vocês estudaram tanto somente para ficar rindo das pessoas que não tiveram a mesma oportunidade que vocês? Todos têm condições de aprender, sabiam?
As pessoas se sentiram envergonhadas e se retiraram.
Clarinho e Dourado ficaram amigos e trocaram saberes.
Clarinho ensinou para Dourado as palavrinhas mágicas do ensino da língua portuguesa: LEITURA, ESCRITA, POESIA, HISTÓRIAS, TEATRO.
Dourado ensinou para Clarinho brincadeiras muito divertidas, como corda, bolinha de gude, bambolê, catavento, barquinhos de papel, patinete, bolinhas de sabão, pipa...
Até que um dia eles resolveram conhecer a escola da dona Norminha.
Fizeram uma viagem ao Planeta-Escola.
Decolaram rumo ao Universo do Conhecimento!...
Dourado, após um tempo, acabou indo embora, mas deixou uma mensagem para Clarinho:
Clarinho,
Educação. Essa palavra resume a minha história com você. Uma história que é uma aula de português. Leitores como você e eu são como escolas, por isso volto para minha cidade.
Dourado
domingo, 25 de setembro de 2011
Diário de Sherazade VII
Querido diário,
Nessa semana, pedi que as crianças imaginassem o que havia dentro de uma caixa que compunha o cenário da história. Elas se mostraram muito inventivas: boneca, bola, bicicleta, anjo, nuvem, árvore, flor, folhas, pizza, livro e outros.
Acredito que a contação de histórias enriquece o potencial criativo das pessoas e sou plenamente a favor de uma pedagogia do imaginário nas escolas.
Considero as crianças como coautoras das histórias, pois elas imaginam personagens, cenários, figurinos... e não são obrigadas a ver as cenas de um modo previamente determinado. Considero isso uma prática valiosa, sobretudo em meio à ditadura visual que impera, por vezes, no mundo.
Muitas escolas não valorizam a criatividade, mas a repetição das ideias. Precisamos dar valor ao lúdico, à interação, à iniciativa dos alunos.
Contar histórias é brincar com as palavras, com a fantasia e com a imaginação!
Na atividade que propus, de se imaginar o conteúdo da caixa, não havia uma resposta certa, mas inúmeras possibilidades de resposta.
Uns se mostraram sensíveis com relação à natureza, outros imaginaram alimentos, alguns imaginaram algo cultural ou brinquedos que marcavam sua infância.
Li que seria relevante pedir às crianças, talvez as maiores, para inventarem um novo final para a história, após a contação. Ou pedir para imaginarem como seria a história na perspectiva de um personagem secundário. Acho que seriam bons exercícios de criatividade...
Certa vez, um menino me chamou em sua carteira, logo depois que eu contei uma história para sua turma. Ele estava rascunhando uma história, que estava inventado com base no meu repertório!
Infelizmente, muitos ainda acreditam que a criatividade é um dom de poucos privilegiados, que não pode ser desenvolvido ou aprimorado...
A contação de histórias leva o imaginário às escolas e outros ambientes, convidando todos ao exercício da criatividade por meio da viagem literária que se promove.
Ela desperta o interesse, a curiosidade, pois lida com o inesperado, o inusitado, o novo. Não se calca em um saber pronto, compartimentado.
Mas bons ventos estão sempre trazendo novas histórias!
Então, precisamos simplesmente in...ventar!
Nessa semana, pedi que as crianças imaginassem o que havia dentro de uma caixa que compunha o cenário da história. Elas se mostraram muito inventivas: boneca, bola, bicicleta, anjo, nuvem, árvore, flor, folhas, pizza, livro e outros.
Acredito que a contação de histórias enriquece o potencial criativo das pessoas e sou plenamente a favor de uma pedagogia do imaginário nas escolas.
Considero as crianças como coautoras das histórias, pois elas imaginam personagens, cenários, figurinos... e não são obrigadas a ver as cenas de um modo previamente determinado. Considero isso uma prática valiosa, sobretudo em meio à ditadura visual que impera, por vezes, no mundo.
Muitas escolas não valorizam a criatividade, mas a repetição das ideias. Precisamos dar valor ao lúdico, à interação, à iniciativa dos alunos.
Contar histórias é brincar com as palavras, com a fantasia e com a imaginação!
Na atividade que propus, de se imaginar o conteúdo da caixa, não havia uma resposta certa, mas inúmeras possibilidades de resposta.
Uns se mostraram sensíveis com relação à natureza, outros imaginaram alimentos, alguns imaginaram algo cultural ou brinquedos que marcavam sua infância.
Li que seria relevante pedir às crianças, talvez as maiores, para inventarem um novo final para a história, após a contação. Ou pedir para imaginarem como seria a história na perspectiva de um personagem secundário. Acho que seriam bons exercícios de criatividade...
Certa vez, um menino me chamou em sua carteira, logo depois que eu contei uma história para sua turma. Ele estava rascunhando uma história, que estava inventado com base no meu repertório!
Infelizmente, muitos ainda acreditam que a criatividade é um dom de poucos privilegiados, que não pode ser desenvolvido ou aprimorado...
A contação de histórias leva o imaginário às escolas e outros ambientes, convidando todos ao exercício da criatividade por meio da viagem literária que se promove.
Ela desperta o interesse, a curiosidade, pois lida com o inesperado, o inusitado, o novo. Não se calca em um saber pronto, compartimentado.
Mas bons ventos estão sempre trazendo novas histórias!
Então, precisamos simplesmente in...ventar!
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
De macacos, bananas e histórias (Kate Lúcia Portela)
Era uma vez um macaco.
Mas não era um macaco como os outros...
Esse macaco não queria comer bananas.
As pessoas, porém, sempre jogavam bananas para o macaquinho.
Algumas bananas até acertavam a sua cabeça. Quando isso acontecia, o macaco ficava muito, muito chateado.
Fazia birra, fazia manha, fazia dengo.
─ Por que não me dão livros? Por que não me dão brinquedos? Por que não me dão um violão? Por que não me dão uma flor? Por que não me dão uma nuvem ou uma estrela? Por que não se dão? ─ indagava o macaco.
Até que um dia, ele conheceu uma criança adorável.
Em vez de lhe jogar uma banana, ela lhe jogou um beijo.
Logo, logo ficaram amigos.
Brincaram de pique-esconde com a lua, brincaram de pique-pega com os cometas, brincaram de pique-alto com as estrelas.
Jogaram amarelinha, jogaram peteca, jogaram bola e sempre venciam o jogo da diversão.
Fizeram barquinhos de papel para navegar no mar da fantasia e aviõezinhos de papel para desvendar o céu de magia.
Leram as histórias da carochinha de trás pra frente.
Cantaram alegremente com as cigarras e trabalharam alegremente com as formigas.
A criança descobriu que aquele macaquinho tinha fome de imaginação.
E eles ficaram ainda mais amigos.
Mas, após brincar tanto e comer tão pouco, o macaco ficou doente.
Então, ele se lembrou das bananas que aquelas pessoas bondosas jogavam para ele, querendo agradá-lo, querendo lhe fazer um carinho de uma maneira especial.
Quando souberam que o macaco estava doente, elas foram visitá-lo, juntamente com a criança que brincava sempre com ele.
Com tanto carinho, com tantas bananas, o macaco ficou bom.
E saiu pelo mundo contando sua história, para que as crianças não ficassem doentes por falta de bananas, para que as crianças não ficassem doentes por falta de histórias...
Mas não era um macaco como os outros...
Esse macaco não queria comer bananas.
As pessoas, porém, sempre jogavam bananas para o macaquinho.
Algumas bananas até acertavam a sua cabeça. Quando isso acontecia, o macaco ficava muito, muito chateado.
Fazia birra, fazia manha, fazia dengo.
─ Por que não me dão livros? Por que não me dão brinquedos? Por que não me dão um violão? Por que não me dão uma flor? Por que não me dão uma nuvem ou uma estrela? Por que não se dão? ─ indagava o macaco.
Até que um dia, ele conheceu uma criança adorável.
Em vez de lhe jogar uma banana, ela lhe jogou um beijo.
Logo, logo ficaram amigos.
Brincaram de pique-esconde com a lua, brincaram de pique-pega com os cometas, brincaram de pique-alto com as estrelas.
Jogaram amarelinha, jogaram peteca, jogaram bola e sempre venciam o jogo da diversão.
Fizeram barquinhos de papel para navegar no mar da fantasia e aviõezinhos de papel para desvendar o céu de magia.
Leram as histórias da carochinha de trás pra frente.
Cantaram alegremente com as cigarras e trabalharam alegremente com as formigas.
A criança descobriu que aquele macaquinho tinha fome de imaginação.
E eles ficaram ainda mais amigos.
Mas, após brincar tanto e comer tão pouco, o macaco ficou doente.
Então, ele se lembrou das bananas que aquelas pessoas bondosas jogavam para ele, querendo agradá-lo, querendo lhe fazer um carinho de uma maneira especial.
Quando souberam que o macaco estava doente, elas foram visitá-lo, juntamente com a criança que brincava sempre com ele.
Com tanto carinho, com tantas bananas, o macaco ficou bom.
E saiu pelo mundo contando sua história, para que as crianças não ficassem doentes por falta de bananas, para que as crianças não ficassem doentes por falta de histórias...
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Pollyanna
Queridos leitores,
Já está disponível o meu artigo da Revista Reconstruir "Pollyanna", no site do Instituto Brasileiro de Educação Moral (IBEM).
Vale a pena conferir!
http://www.educacaomoral.org.br/reconstruir/literando_edicao_87_pollyana.html
domingo, 21 de agosto de 2011
Procura-se um amigo!
Era uma vez um cachorro.
Seu nome era Dog.
Ele vivia triste, pois não tinha nenhum amigo.
Um dia, ele resolveu pedir um conselho aos outros animais.
Pediu ajuda para o porco.
“─ Como faço para ter um amigo?”
O porco respondeu que ele deveria ler bastante para atrair amigos.
Dog leu, leu, leu mas não havia ninguém com quem dividir as leituras.
Pediu ajuda para a galinha.
“─ Como faço para ter um amigo?”
A galinha respondeu que ele deveria aprender a cozinhar para atrair amigos.
Dog preparou um bolo de chocolate e brigadeiros, mas não havia ninguém para prová-los.
Pediu ajuda para o macaco.
“─ Como faço para ter um amigo?”
O macaco respondeu que ele deveria aprender a dançar para atrair amigos.
Dog aprendeu balé e jazz, mas não havia ninguém para dançar com ele.
Pediu ajuda para a gatinha.
“─ Como faço para ter um amigo?”
A gatinha respondeu que ele deveria aprender a contar histórias para atrair amigos.
Dog aprendeu muitas histórias, mas não havia ninguém para ouvi-las.
Pediu ajuda para o pato.
“─ Como faço para ter um amigo?”
O pato respondeu que ele deveria aprender poesias para atrair amigos.
Dog aprendeu a recitar poesias, mas não havia ninguém para ouvi-lo.
Então, Dog sentou em uma pedra e ficou cabisbaixo.
Acontece que tinha uma coruja cabisbaixa em cima de uma árvore.
Dog chorou.
A coruja chorou.
Até que um ouviu o choro do outro.
─ Por que você está chorando? ─ perguntou Dog.
─ Porque sou uma coruja e não sei ler, cozinhar, contar histórias, dançar ou recitar poesias.
Dona Coruja enxugou suas lágrimas.
─ Todos me acham sábia, mas...
E a coruja desandou a chorar de novo.
Dog ficou entusiasmado.
─ Mas, Dona Coruja, eu aprendi a fazer tudo isso e posso ensinar pra você!
A coruja comemorou, porém logo se lembrou do choro do cachorro.
─ Mas por que você estava chorando?
─ Porque não tenho nenhum amigo...
A coruja voou até a pedra onde estava o cachorro.
─ Eu quero ser sua amiga, posso?
O cachorro comemorou, mas logo se lembrou dos outros animais.
─ O porco, a galinha, o macaco, a gatinha e o pato me deram conselhos para que eu atraísse amigos, mas...
A coruja estranhou.
─ Por que você apenas não pediu para que eles fossem seus amigos?...
─ É, por que não pensei nisso antes?...
Então, Dog conversou com os animais, convidando-os para serem amigos. Aí, ele resolveu dar a Festa da Amizade!
E, no dia da festa, quem leu, cozinhou, contou histórias, dançou e recitou poesias foi a Dona Coruja!...
Seu nome era Dog.
Ele vivia triste, pois não tinha nenhum amigo.
Um dia, ele resolveu pedir um conselho aos outros animais.
Pediu ajuda para o porco.
“─ Como faço para ter um amigo?”
O porco respondeu que ele deveria ler bastante para atrair amigos.
Dog leu, leu, leu mas não havia ninguém com quem dividir as leituras.
Pediu ajuda para a galinha.
“─ Como faço para ter um amigo?”
A galinha respondeu que ele deveria aprender a cozinhar para atrair amigos.
Dog preparou um bolo de chocolate e brigadeiros, mas não havia ninguém para prová-los.
Pediu ajuda para o macaco.
“─ Como faço para ter um amigo?”
O macaco respondeu que ele deveria aprender a dançar para atrair amigos.
Dog aprendeu balé e jazz, mas não havia ninguém para dançar com ele.
Pediu ajuda para a gatinha.
“─ Como faço para ter um amigo?”
A gatinha respondeu que ele deveria aprender a contar histórias para atrair amigos.
Dog aprendeu muitas histórias, mas não havia ninguém para ouvi-las.
Pediu ajuda para o pato.
“─ Como faço para ter um amigo?”
O pato respondeu que ele deveria aprender poesias para atrair amigos.
Dog aprendeu a recitar poesias, mas não havia ninguém para ouvi-lo.
Então, Dog sentou em uma pedra e ficou cabisbaixo.
Acontece que tinha uma coruja cabisbaixa em cima de uma árvore.
Dog chorou.
A coruja chorou.
Até que um ouviu o choro do outro.
─ Por que você está chorando? ─ perguntou Dog.
─ Porque sou uma coruja e não sei ler, cozinhar, contar histórias, dançar ou recitar poesias.
Dona Coruja enxugou suas lágrimas.
─ Todos me acham sábia, mas...
E a coruja desandou a chorar de novo.
Dog ficou entusiasmado.
─ Mas, Dona Coruja, eu aprendi a fazer tudo isso e posso ensinar pra você!
A coruja comemorou, porém logo se lembrou do choro do cachorro.
─ Mas por que você estava chorando?
─ Porque não tenho nenhum amigo...
A coruja voou até a pedra onde estava o cachorro.
─ Eu quero ser sua amiga, posso?
O cachorro comemorou, mas logo se lembrou dos outros animais.
─ O porco, a galinha, o macaco, a gatinha e o pato me deram conselhos para que eu atraísse amigos, mas...
A coruja estranhou.
─ Por que você apenas não pediu para que eles fossem seus amigos?...
─ É, por que não pensei nisso antes?...
Então, Dog conversou com os animais, convidando-os para serem amigos. Aí, ele resolveu dar a Festa da Amizade!
E, no dia da festa, quem leu, cozinhou, contou histórias, dançou e recitou poesias foi a Dona Coruja!...
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Diário de Sherazade VI
Querido diário,
Hoje, contei uma história sobre a dona Árvore para uma turma do 3º ano. Gostei muito da experiência, pois houve muita interação por parte das crianças.
De fato, todos participaram muito da história. Elas imitaram animais que eu introduzi na narrativa de propósito. Teve cachorro, gato, cavalo, galo, macaco... Parecia uma sinfonia do zoológico. Rsrsrs!
As crianças adoraram e se divertiram bastante!...
No começo, eu ficava insegura com as chamadas intromissões, que são, na verdade, participações. Isso acontecia porque eu praticamente decorava toda a história (tenho boa memória). Então, quando uma criança participava espontaneamente, eu ficava meio perdida para lhe dar atenção sem perder o fluxo narrativo.
Essas experiências me fizeram reconhecer o valor das participações e passei até a programá-las para enriquecer a contação.
Conforme esclareci, eu mesma introduzi os animais na história, pois detectei uma brechinha para isso na parte em que se tratava de besouros, abelhas... Faço isso sem nenhum problema, pois me considero, como contadora de histórias, uma coautora dos contos que escolho!
Às vezes, a experiência de não contar a história, em suas minúcias, gera uma ansiedade em mim. Sinto-me transgredindo um roteirinho. Parece paradoxal. Introduzo elementos na história com naturalidade, mas omitir palavras, expressões ou detalhes me causa angústia.
Hoje, gaguejei numa palavra. Isso me deixa triste, pois parece que fica evidente uma fragilidade minha ou parece que por um momento se quebra o encantamento da história.
Será que estou sendo muito exigente comigo mesma?...
Em uma oficina de contação de histórias, minha professora esclareceu que só preciso saber os fatos principais da narrativa e o restante pode ficar por minha conta. Essa orientação também está em um livro que estou lendo.
Preciso relaxar e curtir mais a dança das palavras e o ritmo dos gestos que a história evoca.
Quero fazer isso com cada vez mais desenvoltura!
Hoje, contei uma história sobre a dona Árvore para uma turma do 3º ano. Gostei muito da experiência, pois houve muita interação por parte das crianças.
De fato, todos participaram muito da história. Elas imitaram animais que eu introduzi na narrativa de propósito. Teve cachorro, gato, cavalo, galo, macaco... Parecia uma sinfonia do zoológico. Rsrsrs!
As crianças adoraram e se divertiram bastante!...
No começo, eu ficava insegura com as chamadas intromissões, que são, na verdade, participações. Isso acontecia porque eu praticamente decorava toda a história (tenho boa memória). Então, quando uma criança participava espontaneamente, eu ficava meio perdida para lhe dar atenção sem perder o fluxo narrativo.
Essas experiências me fizeram reconhecer o valor das participações e passei até a programá-las para enriquecer a contação.
Conforme esclareci, eu mesma introduzi os animais na história, pois detectei uma brechinha para isso na parte em que se tratava de besouros, abelhas... Faço isso sem nenhum problema, pois me considero, como contadora de histórias, uma coautora dos contos que escolho!
Às vezes, a experiência de não contar a história, em suas minúcias, gera uma ansiedade em mim. Sinto-me transgredindo um roteirinho. Parece paradoxal. Introduzo elementos na história com naturalidade, mas omitir palavras, expressões ou detalhes me causa angústia.
Hoje, gaguejei numa palavra. Isso me deixa triste, pois parece que fica evidente uma fragilidade minha ou parece que por um momento se quebra o encantamento da história.
Será que estou sendo muito exigente comigo mesma?...
Em uma oficina de contação de histórias, minha professora esclareceu que só preciso saber os fatos principais da narrativa e o restante pode ficar por minha conta. Essa orientação também está em um livro que estou lendo.
Preciso relaxar e curtir mais a dança das palavras e o ritmo dos gestos que a história evoca.
Quero fazer isso com cada vez mais desenvoltura!
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Kate Lúcia Portela no ABZ do Ziraldo
sábado, 30 de julho de 2011
sexta-feira, 22 de julho de 2011
O Vestido Azul (adaptação de Kate Lúcia Portela)
Era uma vez Celeste.
Ela era uma menina muito inteligente, meiga e simpática que morava numa cidadezinha do interior, em um bairro muuuuito pobre.
Ela estudava em uma escola, onde havia uma professora muito especial, que cantava sempre para que seus alunos se vestissem de fantasia!
“Abelhinha que dá o mel, raio de sol que ilumina o dia, gota d’água que mata a sede, também quero servir a vida. Rá... rá... rá... vou trabalhar, rei... rei... rei... semearei, ri... ri... ri... com alegria, rou... rou... rou... com muito amor.”
Mas, porém, no entanto, contudo, todavia, entretanto havia um problema nessa história.
Celeste costumava ir para a escola toda sujinha, com roupas esfarrapadas.
Essa situação tocava o coração de sua professora.
Então, ela começou a economizar um dinheirinho para ajudar a sua aluna e, após um tempo, comprou um lindo vestido azul para Celeste.
A menina ficou tão feliz, mas tão feliz que foi correndo para casa contar a novidade para a mãe. A mãe de Celeste lavava roupa pra fora. Já acordava no tanque, vivia no tanque.
Quando Celeste chegou até sua casa e mostrou o vestido azul para sua mãe, a lavadeira ficou tão feliz, mas tão feliz que prometeu a si mesma que, a partir da daquele dia, sua filha jamais ficaria sujinha de novo. Ela deu um banho na filha e colocou nela o vestido azul. Celeste sentou-se no sofá e ficou esperando o pai voltar do trabalho.
O pai de Celeste era vendedor de lenços. Ele vendia lenços para os tristes, para os gripados, para os suados.
Quando ele chegou até sua casa e viu a filha toda cheirosa e usando o vestido azul, ele ficou tão feliz, mas tão feliz que prometeu a si mesmo que, a partir daquele dia, a filha não moraria mais em uma casa sujinha. Ele combinou com a esposa de darem uma faxina na casa. Fez mais. Passou a cuidar do jardim, arrumou a cerca do quintal e pintou a casa toda com restinhos de tinta colorida que ganhara. A casa ficou uma graça!
Uma vizinha que ia passando achou a casa linda e ficou tão feliz, mas tão feliz que prometeu para si mesma que, a partir daquele dia, sua casa também ficaria limpinha e graciosa como aquela casa que estava diante de seus olhos.
Uma senhora que ia passando sentiu o perfume das flores do jardim da casa e ficou tão feliz, mas tão feliz que prometeu para si mesma que, a partir daquele dia, cuidaria muito bem de suas rosas.
Em pouco tempo, todo o bairro estava transformado!
Um político que ia passando no local ficou tão admirado com os esforços daquela gente, que resolveu ajudar. Ele conversou com o prefeito, que ficou tão feliz, mas tão feliz que prometeu para si mesmo que, a partir daquele dia, os interesses do povo seriam a prioridade de seu governo.
Ele investiu em saneamento básico, segurança, esporte, saúde, educação, cultura. Mandou construir escolas, hospitais, teatros, museus, salas de cinemas...
Com o tempo, o bairro ganhou ares de cidadania e o povo ficou tão feliz, mas tão feliz que todos comemoraram com a Festa do Azul Celeste!...
Ela era uma menina muito inteligente, meiga e simpática que morava numa cidadezinha do interior, em um bairro muuuuito pobre.
Ela estudava em uma escola, onde havia uma professora muito especial, que cantava sempre para que seus alunos se vestissem de fantasia!
“Abelhinha que dá o mel, raio de sol que ilumina o dia, gota d’água que mata a sede, também quero servir a vida. Rá... rá... rá... vou trabalhar, rei... rei... rei... semearei, ri... ri... ri... com alegria, rou... rou... rou... com muito amor.”
Mas, porém, no entanto, contudo, todavia, entretanto havia um problema nessa história.
Celeste costumava ir para a escola toda sujinha, com roupas esfarrapadas.
Essa situação tocava o coração de sua professora.
Então, ela começou a economizar um dinheirinho para ajudar a sua aluna e, após um tempo, comprou um lindo vestido azul para Celeste.
A menina ficou tão feliz, mas tão feliz que foi correndo para casa contar a novidade para a mãe. A mãe de Celeste lavava roupa pra fora. Já acordava no tanque, vivia no tanque.
Quando Celeste chegou até sua casa e mostrou o vestido azul para sua mãe, a lavadeira ficou tão feliz, mas tão feliz que prometeu a si mesma que, a partir da daquele dia, sua filha jamais ficaria sujinha de novo. Ela deu um banho na filha e colocou nela o vestido azul. Celeste sentou-se no sofá e ficou esperando o pai voltar do trabalho.
O pai de Celeste era vendedor de lenços. Ele vendia lenços para os tristes, para os gripados, para os suados.
Quando ele chegou até sua casa e viu a filha toda cheirosa e usando o vestido azul, ele ficou tão feliz, mas tão feliz que prometeu a si mesmo que, a partir daquele dia, a filha não moraria mais em uma casa sujinha. Ele combinou com a esposa de darem uma faxina na casa. Fez mais. Passou a cuidar do jardim, arrumou a cerca do quintal e pintou a casa toda com restinhos de tinta colorida que ganhara. A casa ficou uma graça!
Uma vizinha que ia passando achou a casa linda e ficou tão feliz, mas tão feliz que prometeu para si mesma que, a partir daquele dia, sua casa também ficaria limpinha e graciosa como aquela casa que estava diante de seus olhos.
Uma senhora que ia passando sentiu o perfume das flores do jardim da casa e ficou tão feliz, mas tão feliz que prometeu para si mesma que, a partir daquele dia, cuidaria muito bem de suas rosas.
Em pouco tempo, todo o bairro estava transformado!
Um político que ia passando no local ficou tão admirado com os esforços daquela gente, que resolveu ajudar. Ele conversou com o prefeito, que ficou tão feliz, mas tão feliz que prometeu para si mesmo que, a partir daquele dia, os interesses do povo seriam a prioridade de seu governo.
Ele investiu em saneamento básico, segurança, esporte, saúde, educação, cultura. Mandou construir escolas, hospitais, teatros, museus, salas de cinemas...
Com o tempo, o bairro ganhou ares de cidadania e o povo ficou tão feliz, mas tão feliz que todos comemoraram com a Festa do Azul Celeste!...
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Curso de Contação de Histórias On Line
Queridos amigos,
Acabo de publicar o meu curso de contação de histórias on line no Learncafe:
http://www.learncafe.com/cursos/diario-de-uma-contadora-de-historias
Aguardo vocês!
Acabo de publicar o meu curso de contação de histórias on line no Learncafe:
http://www.learncafe.com/cursos/diario-de-uma-contadora-de-historias
Aguardo vocês!
sábado, 9 de julho de 2011
Diário de Sherazade V
Querido diário,
Dizem que não somos nós que escolhemos as histórias, mas as histórias que nos escolhem...
Os teóricos são unânimes em afirmar que o contador deve apreciar a narrativa que vai contar, pesquisando os contos que mais o agradem, segundo critérios diversos.
Estudar a história é fundamental.
Precisamos interpretar bem o conto, avaliando as motivações das ações de personagens, as mudanças de cenário e passagens de tempo, o conjunto de valores implícitos e explícitos que integram a moral da história, as estruturas sintáticas e semânticas que compõem o texto.
Li uma obra que trata da paisagem do conto. A autora sugere que imaginemos os sons que a história evoca, bem como os cheiros, as cores, os sabores.
Podemos criar adjetivos que caracterizem as personagens da história, ilustrar algumas cenas, compor um gráfico que represente a trajetória de uma personagem, imaginar detalhes que não constam da narrativa.
Quando estudamos a história, ficamos mais habilitados a passar a sua verdade aos nossos ouvintes, nós nos envolvemos com ela, tomamos parte nos acontecimentos.
Recordo-me de quando estudei a história da dona Baratinha e me surpreendi ao perceber conteúdos profundos envolvendo as relações humanas, como encontros, desencontros, abandono, rejeição.
De início, eu achava a história muito infantil, mas após aplicar as estratégias da paisagem do conto eu fiquei apaixonada pela história.
Por isso, muitos afirmam que esse rótulo de literatura infantil é conversa pra boi dormir...
Já presenciei um caso de um contador de histórias que não compreendeu o final da história que estava contando e passou um desfecho confuso para a criançada.
Um menino percebeu e fez um gesto de descrédito para o contador, seguido de um comentário de insatisfação.
Certa vez, tive a idéia de incluir a audiência na história, afirmando que eles eram os pintinhos loiros da narrativa da Galinha Ruiva, mas eu não contava com a reação imediata das crianças, que eram, em sua maioria, pardas e negras. Elas não se identificaram com o papel que eu lhes atribuí. Então, propus que elas fossem os pintinhos coloridos. Aí, elas toparam, felizes!
Portanto, devemos estudar o texto e o contexto!
Dizem que não somos nós que escolhemos as histórias, mas as histórias que nos escolhem...
Os teóricos são unânimes em afirmar que o contador deve apreciar a narrativa que vai contar, pesquisando os contos que mais o agradem, segundo critérios diversos.
Estudar a história é fundamental.
Precisamos interpretar bem o conto, avaliando as motivações das ações de personagens, as mudanças de cenário e passagens de tempo, o conjunto de valores implícitos e explícitos que integram a moral da história, as estruturas sintáticas e semânticas que compõem o texto.
Li uma obra que trata da paisagem do conto. A autora sugere que imaginemos os sons que a história evoca, bem como os cheiros, as cores, os sabores.
Podemos criar adjetivos que caracterizem as personagens da história, ilustrar algumas cenas, compor um gráfico que represente a trajetória de uma personagem, imaginar detalhes que não constam da narrativa.
Quando estudamos a história, ficamos mais habilitados a passar a sua verdade aos nossos ouvintes, nós nos envolvemos com ela, tomamos parte nos acontecimentos.
Recordo-me de quando estudei a história da dona Baratinha e me surpreendi ao perceber conteúdos profundos envolvendo as relações humanas, como encontros, desencontros, abandono, rejeição.
De início, eu achava a história muito infantil, mas após aplicar as estratégias da paisagem do conto eu fiquei apaixonada pela história.
Por isso, muitos afirmam que esse rótulo de literatura infantil é conversa pra boi dormir...
Já presenciei um caso de um contador de histórias que não compreendeu o final da história que estava contando e passou um desfecho confuso para a criançada.
Um menino percebeu e fez um gesto de descrédito para o contador, seguido de um comentário de insatisfação.
Certa vez, tive a idéia de incluir a audiência na história, afirmando que eles eram os pintinhos loiros da narrativa da Galinha Ruiva, mas eu não contava com a reação imediata das crianças, que eram, em sua maioria, pardas e negras. Elas não se identificaram com o papel que eu lhes atribuí. Então, propus que elas fossem os pintinhos coloridos. Aí, elas toparam, felizes!
Portanto, devemos estudar o texto e o contexto!
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Blog do Rio Educa
Queridos leitores,
Saiu uma matéria sobre a contação de histórias que realizo na sala de leitura de minha escola, no Blog do Rio Educa:
http://www.rioeduca.net/blogViews.php?id=1100
(É só copiar o link e jogá-lo no google)
Vale a pena conferir!
Agradeço imensamente à direção da escola pela oportunidade!...
Parabéns aos alunos!
Saiu uma matéria sobre a contação de histórias que realizo na sala de leitura de minha escola, no Blog do Rio Educa:
http://www.rioeduca.net/blogViews.php?id=1100
(É só copiar o link e jogá-lo no google)
Vale a pena conferir!
Agradeço imensamente à direção da escola pela oportunidade!...
Parabéns aos alunos!
quarta-feira, 29 de junho de 2011
domingo, 26 de junho de 2011
terça-feira, 21 de junho de 2011
Dia dos contos
domingo, 19 de junho de 2011
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Norma
Era uma vez uma garota que falava uma língua diferente. Ela se chamava Norminha.
Por isso, muitas pessoas a acusavam de maltratar a gramática do português.
Essa menina vendia ‘chicretes’, no sinal, fazendo malabarismos para ‘os freguês’, pois ela vivia na corda bamba.
― Ei, você está falando errado! ― disse um menino da janela de um carro.
― Eu tô falano do jeito que os pessoal me ensinou! Eu nunca não fui pra escola...
Um dia, essa jovem conheceu uma professora, que compreendia sua língua.
― Você parece uma poetisa da Literatura de Cordel!... ― disse a professora.
― Tia, os pessoal tudo diz que sou uma ingnorante, que meu português é errado...
A professora aproximou-se da menina.
― Uma criança estar nas ruas, e não na escola, é errado!
A menina se sentiu gente com aquela defesa.
― Discriminar as pessoas, por quaisquer razões, inclusive linguísticas, é errado!
A professora recordou-se de seu poema preferido.
― Como diria o poeta, o português são dois... Eu quero ensinar a você o outro português que você não conhece...
A garota adotou a professora.
Então, ela simplesmente abandonou as ruas e conheceu a escola.
Por isso, muitas pessoas a acusavam de maltratar a gramática do português.
Essa menina vendia ‘chicretes’, no sinal, fazendo malabarismos para ‘os freguês’, pois ela vivia na corda bamba.
― Ei, você está falando errado! ― disse um menino da janela de um carro.
― Eu tô falano do jeito que os pessoal me ensinou! Eu nunca não fui pra escola...
Um dia, essa jovem conheceu uma professora, que compreendia sua língua.
― Você parece uma poetisa da Literatura de Cordel!... ― disse a professora.
― Tia, os pessoal tudo diz que sou uma ingnorante, que meu português é errado...
A professora aproximou-se da menina.
― Uma criança estar nas ruas, e não na escola, é errado!
A menina se sentiu gente com aquela defesa.
― Discriminar as pessoas, por quaisquer razões, inclusive linguísticas, é errado!
A professora recordou-se de seu poema preferido.
― Como diria o poeta, o português são dois... Eu quero ensinar a você o outro português que você não conhece...
A garota adotou a professora.
Então, ela simplesmente abandonou as ruas e conheceu a escola.
quinta-feira, 9 de junho de 2011
sexta-feira, 3 de junho de 2011
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Fauna
Às vezes, sou várias.
Inusitadas.
Inesperadas.
Surpreendentes.
Uma gatinha feroz.
Uma avestruz extrovertida.
Uma raposa ingênua.
Uma onça indefesa.
Uma andorinha cativa.
Uma jiboia generosa.
Às vezes, sou várias.
Mas sempre
Sou mais eu!...
Inusitadas.
Inesperadas.
Surpreendentes.
Uma gatinha feroz.
Uma avestruz extrovertida.
Uma raposa ingênua.
Uma onça indefesa.
Uma andorinha cativa.
Uma jiboia generosa.
Às vezes, sou várias.
Mas sempre
Sou mais eu!...
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Diário de Sherazade IV
Querido diário,
Hoje, queria deixar registradas algumas falas das crianças, que anotei:
“Você é muito bonita”, “Sua maquiagem está borrada”, “A história foi boa”, “Sua voz é muito bonita”, “Vai com Deus”, “Eu queria que isso fosse real”, “Conta a história de novo”.
Fico emocionada somente em me lembrar da imensa afetividade das crianças. Após o ato de se contar uma história, nós nunca mais somos os mesmos para elas.
Nós nos tornamos especiais, únicos!
Na escola, vivem me abraçando.
Nas ruas, gritam meu nome, acenam e me mostram para as suas mães.
Até me tornei uma tia mais encantadora depois que passei a contar histórias para meus sobrinhos!
Essa troca de afeto permeia a troca de conhecimentos, de experiências, de pontos de vista, de magia que envolve a contação de histórias.
Mas, além disso, tenho um plano: acho que podemos reverter essa nossa popularidade em benefício do estímulo à leitura.
Outro dia, após uma contação, mostrei o livro com a história para as crianças e comentei sobre a importância do ato de ler.
Li um artigo que nos aconselha a sempre levar o livro onde está a história, se for esse o caso, para estimular os alunos a descobrirem a magia da leitura.
O resultado da minha atitude foi imediato: dois meninos, após a atividade de colagem, pediram-me para ver de novo o livro.
Eles formaram uma dupla e liam com certa dificuldade a história, mas sempre com muita empolgação. Algumas crianças ficaram em volta, numa rodinha de leitura, que tocou meu coração...
Ah! Queria lembrar que, de acordo com os PCNs, todo professor é professor de leitura.
A situação dos contadores de histórias é idêntica.
Por fim, já que tratamos de afeto, relembro as palavras contidas no inventivo livro “O Pequeno Príncipe”: És responsável por quem cativas.
Hoje, queria deixar registradas algumas falas das crianças, que anotei:
“Você é muito bonita”, “Sua maquiagem está borrada”, “A história foi boa”, “Sua voz é muito bonita”, “Vai com Deus”, “Eu queria que isso fosse real”, “Conta a história de novo”.
Fico emocionada somente em me lembrar da imensa afetividade das crianças. Após o ato de se contar uma história, nós nunca mais somos os mesmos para elas.
Nós nos tornamos especiais, únicos!
Na escola, vivem me abraçando.
Nas ruas, gritam meu nome, acenam e me mostram para as suas mães.
Até me tornei uma tia mais encantadora depois que passei a contar histórias para meus sobrinhos!
Essa troca de afeto permeia a troca de conhecimentos, de experiências, de pontos de vista, de magia que envolve a contação de histórias.
Mas, além disso, tenho um plano: acho que podemos reverter essa nossa popularidade em benefício do estímulo à leitura.
Outro dia, após uma contação, mostrei o livro com a história para as crianças e comentei sobre a importância do ato de ler.
Li um artigo que nos aconselha a sempre levar o livro onde está a história, se for esse o caso, para estimular os alunos a descobrirem a magia da leitura.
O resultado da minha atitude foi imediato: dois meninos, após a atividade de colagem, pediram-me para ver de novo o livro.
Eles formaram uma dupla e liam com certa dificuldade a história, mas sempre com muita empolgação. Algumas crianças ficaram em volta, numa rodinha de leitura, que tocou meu coração...
Ah! Queria lembrar que, de acordo com os PCNs, todo professor é professor de leitura.
A situação dos contadores de histórias é idêntica.
Por fim, já que tratamos de afeto, relembro as palavras contidas no inventivo livro “O Pequeno Príncipe”: És responsável por quem cativas.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Carta ao Príncipe Encantado
Querido Príncipe,
Sou uma princesa.
Esperei, por longos anos, que você viesse me salvar, montado em seu famigerado cavalo branco.
Mas você não veio.
Imagino que você seja muito ocupado, tendo que duelar constantemente com monstros e dragões, sempre confiando no poder de sua espada.
Não tem problema.
Descobri que minha batalha é outra.
Na verdade, você não pode me salvar, pois não pode me livrar dos dragões da vida.
Da rejeição, do despeito, da intriga, da hipocrisia, da arrogância, da calúnia, da malícia...
Quer saber? Acho que os verdadeiros heróis são os que enfrentam esses monstros sem desacreditar dos seres humanos.
Sem perder a ternura.
Confesso que, às vezes, fujo para o alto de torres.
E nem quero jogar tranças para ninguém.
Mas... penso nas crianças.
Mais que isso.
Penso que todos somos crianças.
E que só erramos tanto porque, de algum modo, ainda não crescemos...
Sou uma princesa.
Esperei, por longos anos, que você viesse me salvar, montado em seu famigerado cavalo branco.
Mas você não veio.
Imagino que você seja muito ocupado, tendo que duelar constantemente com monstros e dragões, sempre confiando no poder de sua espada.
Não tem problema.
Descobri que minha batalha é outra.
Na verdade, você não pode me salvar, pois não pode me livrar dos dragões da vida.
Da rejeição, do despeito, da intriga, da hipocrisia, da arrogância, da calúnia, da malícia...
Quer saber? Acho que os verdadeiros heróis são os que enfrentam esses monstros sem desacreditar dos seres humanos.
Sem perder a ternura.
Confesso que, às vezes, fujo para o alto de torres.
E nem quero jogar tranças para ninguém.
Mas... penso nas crianças.
Mais que isso.
Penso que todos somos crianças.
E que só erramos tanto porque, de algum modo, ainda não crescemos...
domingo, 15 de maio de 2011
O livro em cartaz
“Os verdadeiros analfabetos são aqueles que aprendem a ler, e não leem”. Com essas palavras, extraídas de um poema intitulado Cartaz para uma feira de livros, Mário Quintana elucidou a importância do hábito de leitura e, por conseguinte, do livro no Brasil. Afinal, os livros consubstanciam o ideal do “saber”, tão necessário ao desenvolvimento de uma nação forte e soberana.
Nem sempre as pessoas tiveram acesso aos livros, no Brasil, tal como ocorre no século XXI, em que a população conta com sebos, bibliotecas e livrarias a seu dispor. Os livros, antigamente, eram um artigo de luxo, destinados às pessoas mais abastadas que sabiam ler. Tratava-se de uma exclusão que privava muitas pessoas de ampliar seus conhecimentos e desenvolver o senso crítico.
Hoje, a importância do livro no Brasil é indiscutível. Como ferramenta de instrução, o livro possibilita a formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, de pessoas mais bem formadas e informadas. Sem o livro, a Educação ficaria sem a sua própria alma.
Assim, a Educação não pode prescindir do livro, pois, como afirmou Monteiro Lobato, uma nação se faz com homens e livros; com homens instruídos, portanto. Não se trata apenas dos necessários livros didáticos, mas também de outros livros que estimulem, igualmente, a criatividade e despertem o sabor que está contido, etimologicamente, no saber.
As bibliotecas, no país, devem se multiplicar ainda mais, a fim de que o acesso aos livros não seja privilégio de uma minoria. Deste modo, como verdadeiro instrumento de democratização do saber, o livro cumprirá o seu papel de assegurar o progresso intelectual de quantos lhe procurem, ávidos por aprimorar seus conhecimentos.
Os livros são capazes de despertar a paixão naqueles que leem. Lembro o caso de um amigo que estava se sentindo angustiado na faculdade, cansado de ler tantos “pedaços de livros”, imerso a um saber fragmentado, e que um dia deparou-se com uma imagem, estampada em um livro, que o fez recuperar o gosto pela leitura. Tratava-se de uma biblioteca em ruínas, bombardeada pelos nazistas, por ocasião da Segunda Guerra Mundial. O que chama a atenção na capa desse livro é o fato de haver, nessa mesma biblioteca, três homens, devidamente trajados e portando seus elegantes chapéus, consultando as obras, como o fazemos em tempos de paz. O livro, intitulado A paixão pelos livros, era pleno de textos de D’Alambert, Chalámov, Drummond de Andrade, Gustave Flaubert, Plínio Doyle, Jonh Milton, Montaigne, Petrarca, Mindlin, entre outros. Esse livro trata justamente da relação amorosa que se estabelece entre o livro e seus leitores, dessa paixão capaz de acenar para a paz, mesmo em meio a terrível confronto armado.
Na atual era da informática, nem mesmo o computador foi capaz de substituir o papel do livro na sociedade deste século, como difusor de conhecimentos gerais. Conectados aos livros, de mais fácil acesso inclusive, é possível apreender informações e saberes que irão potencializar o desenvolvimento dos indivíduos nos níveis intelectual e pessoal.
Não apenas os livros devem ser lidos. Tudo o que está a nossa volta deve ser decifrado, pois, como afirmou Paulo Freire, a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Mas, sabemos, o mundo está contido nos livros. Assim, quem lê a vida e lê o livro decodifica o mundo duas vezes. E é preciso ler e reler o mundo para ser um agente transformador, ou um leitor transformador: um mundo de livros para todos...
Nem sempre as pessoas tiveram acesso aos livros, no Brasil, tal como ocorre no século XXI, em que a população conta com sebos, bibliotecas e livrarias a seu dispor. Os livros, antigamente, eram um artigo de luxo, destinados às pessoas mais abastadas que sabiam ler. Tratava-se de uma exclusão que privava muitas pessoas de ampliar seus conhecimentos e desenvolver o senso crítico.
Hoje, a importância do livro no Brasil é indiscutível. Como ferramenta de instrução, o livro possibilita a formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, de pessoas mais bem formadas e informadas. Sem o livro, a Educação ficaria sem a sua própria alma.
Assim, a Educação não pode prescindir do livro, pois, como afirmou Monteiro Lobato, uma nação se faz com homens e livros; com homens instruídos, portanto. Não se trata apenas dos necessários livros didáticos, mas também de outros livros que estimulem, igualmente, a criatividade e despertem o sabor que está contido, etimologicamente, no saber.
As bibliotecas, no país, devem se multiplicar ainda mais, a fim de que o acesso aos livros não seja privilégio de uma minoria. Deste modo, como verdadeiro instrumento de democratização do saber, o livro cumprirá o seu papel de assegurar o progresso intelectual de quantos lhe procurem, ávidos por aprimorar seus conhecimentos.
Os livros são capazes de despertar a paixão naqueles que leem. Lembro o caso de um amigo que estava se sentindo angustiado na faculdade, cansado de ler tantos “pedaços de livros”, imerso a um saber fragmentado, e que um dia deparou-se com uma imagem, estampada em um livro, que o fez recuperar o gosto pela leitura. Tratava-se de uma biblioteca em ruínas, bombardeada pelos nazistas, por ocasião da Segunda Guerra Mundial. O que chama a atenção na capa desse livro é o fato de haver, nessa mesma biblioteca, três homens, devidamente trajados e portando seus elegantes chapéus, consultando as obras, como o fazemos em tempos de paz. O livro, intitulado A paixão pelos livros, era pleno de textos de D’Alambert, Chalámov, Drummond de Andrade, Gustave Flaubert, Plínio Doyle, Jonh Milton, Montaigne, Petrarca, Mindlin, entre outros. Esse livro trata justamente da relação amorosa que se estabelece entre o livro e seus leitores, dessa paixão capaz de acenar para a paz, mesmo em meio a terrível confronto armado.
Na atual era da informática, nem mesmo o computador foi capaz de substituir o papel do livro na sociedade deste século, como difusor de conhecimentos gerais. Conectados aos livros, de mais fácil acesso inclusive, é possível apreender informações e saberes que irão potencializar o desenvolvimento dos indivíduos nos níveis intelectual e pessoal.
Não apenas os livros devem ser lidos. Tudo o que está a nossa volta deve ser decifrado, pois, como afirmou Paulo Freire, a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Mas, sabemos, o mundo está contido nos livros. Assim, quem lê a vida e lê o livro decodifica o mundo duas vezes. E é preciso ler e reler o mundo para ser um agente transformador, ou um leitor transformador: um mundo de livros para todos...
sábado, 7 de maio de 2011
A estilista da alma
Era uma vez uma jovem que recebera uma carta misteriosa de si mesma.
Ela não se lembrava de ter escrito nenhuma daquelas linhas, mas se apaixonou por cada palavra, que a tornava uma verdadeira estilista da alma.
Desde então, a moça se vestiu de fantasia.
Enfeitou sua cabeça com uma coroa de margaridas radiantes.
Bordou estrelas cadentes em sua blusinha azul celeste.
Costurou retalhos de poesias na sua saia rodada de luzes.
Calçou sapatinhos banhados nos cores de um arco-íris marinho.
Então, essa jovem se tornou uma encantadora poliglota do amor!...
Ela gaguejava rosas,
Sussurrava algodão doce,
Falava com crianças interiores,
Gritava estrelas do mar.
As pessoas ficavam fascinadas com a moça e descobriam em si mesmas sua própria dose de magia, que as tornava mais ousadas na arte de serem simplesmente únicas, singulares.
Nunca ninguém soube o que estava escrito na carta que a moça recebera de si própria, mas praticamente todos os que conviviam com ela se transformavam em cartas vivas escritas na mais cativante linguagem do amor!...
Ela não se lembrava de ter escrito nenhuma daquelas linhas, mas se apaixonou por cada palavra, que a tornava uma verdadeira estilista da alma.
Desde então, a moça se vestiu de fantasia.
Enfeitou sua cabeça com uma coroa de margaridas radiantes.
Bordou estrelas cadentes em sua blusinha azul celeste.
Costurou retalhos de poesias na sua saia rodada de luzes.
Calçou sapatinhos banhados nos cores de um arco-íris marinho.
Então, essa jovem se tornou uma encantadora poliglota do amor!...
Ela gaguejava rosas,
Sussurrava algodão doce,
Falava com crianças interiores,
Gritava estrelas do mar.
As pessoas ficavam fascinadas com a moça e descobriam em si mesmas sua própria dose de magia, que as tornava mais ousadas na arte de serem simplesmente únicas, singulares.
Nunca ninguém soube o que estava escrito na carta que a moça recebera de si própria, mas praticamente todos os que conviviam com ela se transformavam em cartas vivas escritas na mais cativante linguagem do amor!...
terça-feira, 3 de maio de 2011
Revista Reconstruir
Caros leitores,
Recebi um convite para escrever artigos para a Revista Reconstruir, do Instituto Brasileiro de Educação Moral (IBEM).
Sou responsável pela seção "LITERANDO", por meio da qual trabalho com a interface Língua e Literatura.
Escrevi, em abril, um texto sobre ensino de língua materna e variação linguística.
Vale a pena conferir!...
http://www.educacaomoral.org.br/reconstruir/literando_edicao_85_o_portugues_sao_dois_tres_quatro.html
Abraços!
Recebi um convite para escrever artigos para a Revista Reconstruir, do Instituto Brasileiro de Educação Moral (IBEM).
Sou responsável pela seção "LITERANDO", por meio da qual trabalho com a interface Língua e Literatura.
Escrevi, em abril, um texto sobre ensino de língua materna e variação linguística.
Vale a pena conferir!...
http://www.educacaomoral.org.br/reconstruir/literando_edicao_85_o_portugues_sao_dois_tres_quatro.html
Abraços!
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Diário de Sherazade III
Querido diário,
Hoje, contei novamente a história da dona Árvore, só que para uma turma do jardim.
Fiquei impressionada com as novas imagens que eu criei corporalmente. Eu simplesmente me transformei na dona Árvore “em pessoa”! Rsrsrsrs! Simulei o caule, os galhos, as folhas, vivi as suas emoções e sonhos...
Percebi que o contato com os alunos, durante a contação, aguça consideravelmente a minha criatividade.
Embora eu reconheça sua importância, a experiência do ensaio me parece técnica e solitária. As crianças parecem respirar a história comigo, entende?
Além disso, a essência de todo conto é o encontro, não é verdade?
Outra questão tem chamado minha atenção. Sempre me apoiei em objetos para contar histórias. Acreditava que sem eles a história perdia um pouco do seu encantamento ou não prenderia a atenção dos ouvintes.
Atualmente, estou modificando esse meu ponto de vista.
Reconheço que os objetos têm seu valor, tanto quanto minha caracterização como contadora, que envolve figurino e maquiagem. Contudo, acho que preciso acreditar mais no aspecto verbal das histórias.
As palavras, por si sós, têm seus encantos, seus mistérios, seu perfume! Quero aprender a manejá-las com mais e mais destreza. Usar as palavras para colorir as histórias.
Eu estou ensaiando a releitura de uma fábula, apenas com base na voz e na expressão corporal. Faço isso porque uma vez me chamaram para contar uma história em um evento para crianças e eu estava sem nenhum objeto ou figurino.
Nessa ocasião, eu até contei uma história, mas não fiquei satisfeita totalmente com o meu desempenho, pois fiquei insegura sem meu material.
Serviu-me de lição.
Aliás, todo contador de histórias precisa ter o seu próprio repertório.
Estou montando o meu!
Sempre pode pintar uma oportunidade para minha atuação!
Hoje, contei novamente a história da dona Árvore, só que para uma turma do jardim.
Fiquei impressionada com as novas imagens que eu criei corporalmente. Eu simplesmente me transformei na dona Árvore “em pessoa”! Rsrsrsrs! Simulei o caule, os galhos, as folhas, vivi as suas emoções e sonhos...
Percebi que o contato com os alunos, durante a contação, aguça consideravelmente a minha criatividade.
Embora eu reconheça sua importância, a experiência do ensaio me parece técnica e solitária. As crianças parecem respirar a história comigo, entende?
Além disso, a essência de todo conto é o encontro, não é verdade?
Outra questão tem chamado minha atenção. Sempre me apoiei em objetos para contar histórias. Acreditava que sem eles a história perdia um pouco do seu encantamento ou não prenderia a atenção dos ouvintes.
Atualmente, estou modificando esse meu ponto de vista.
Reconheço que os objetos têm seu valor, tanto quanto minha caracterização como contadora, que envolve figurino e maquiagem. Contudo, acho que preciso acreditar mais no aspecto verbal das histórias.
As palavras, por si sós, têm seus encantos, seus mistérios, seu perfume! Quero aprender a manejá-las com mais e mais destreza. Usar as palavras para colorir as histórias.
Eu estou ensaiando a releitura de uma fábula, apenas com base na voz e na expressão corporal. Faço isso porque uma vez me chamaram para contar uma história em um evento para crianças e eu estava sem nenhum objeto ou figurino.
Nessa ocasião, eu até contei uma história, mas não fiquei satisfeita totalmente com o meu desempenho, pois fiquei insegura sem meu material.
Serviu-me de lição.
Aliás, todo contador de histórias precisa ter o seu próprio repertório.
Estou montando o meu!
Sempre pode pintar uma oportunidade para minha atuação!
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Poema da Exclusão
Não conheci as notas,
A mim, só restaram as moedas...
Não comi as refeições,
A mim, só restaram as migalhas...
Não fui ao teatro,
A mim, só restaram os panfletos...
Não bebi o refrigerante,
A mim, só restaram as latinhas...
Não curti o cinema,
A mim, só restaram os letreiros...
Não frequentei a escola,
A mim, só restaram papéis amassados...
Não tive emprego,
A mim, só restaram as ruas...
Mas...
A todos restou a Morte,
Que arrebata os homens sem distinção!...
A mim, só restaram as moedas...
Não comi as refeições,
A mim, só restaram as migalhas...
Não fui ao teatro,
A mim, só restaram os panfletos...
Não bebi o refrigerante,
A mim, só restaram as latinhas...
Não curti o cinema,
A mim, só restaram os letreiros...
Não frequentei a escola,
A mim, só restaram papéis amassados...
Não tive emprego,
A mim, só restaram as ruas...
Mas...
A todos restou a Morte,
Que arrebata os homens sem distinção!...
sexta-feira, 22 de abril de 2011
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Diário de Sherazade II
Querido diário,
Hoje, contei uma história sobre a dona Árvore para uma turma do 3º ano. Gostei muito da experiência, pois houve muita interação por parte das crianças.
De fato, todos participaram muito da história. Elas imitaram animais que eu introduzi na narrativa de propósito. Teve cachorro, gato, cavalo, galo, macaco... Parecia uma sinfonia do zoológico. Rsrsrs!
As crianças adoraram e se divertiram bastante!...
No começo, eu ficava insegura com as chamadas intromissões, que são, na verdade, participações. Isso acontecia porque eu praticamente decorava toda a história (tenho boa memória). Então, quando uma criança participava espontaneamente, eu ficava meio perdida para lhe dar atenção sem perder o fluxo narrativo.
Essas experiências me fizeram reconhecer o valor das participações e passei até a programá-las para enriquecer a contação.
Conforme esclareci, eu mesma introduzi os animais na história, pois detectei uma brechinha para isso na parte em que se tratava de besouros, abelhas... Faço isso sem nenhum problema, pois me considero, como contadora de histórias, uma coautora dos contos que escolho, ou dos contos que me escolhem... Rsrsrs!
Às vezes, a experiência de não contar a história, em suas minúcias, gera uma ansiedade em mim. Sinto-me transgredindo um roteirinho. Parece paradoxal. Introduzo elementos na história com naturalidade, mas omitir palavras, expressões ou detalhes me causa angústia.
Hoje, gaguejei numa palavra. Isso me deixa triste, pois parece que fica evidente uma fragilidade minha ou parece que por um momento se quebra o encantamento da história.
Será que estou sendo muito exigente comigo mesma?...
Em uma oficina de contação de histórias, minha professora esclareceu que só preciso saber os fatos principais da narrativa e o restante pode ficar por minha conta. Essa orientação também está em um livro que estou lendo.
Preciso relaxar e curtir mais a dança das palavras e o ritmo dos gestos que a história evoca.
Quero fazer isso com cada vez mais desenvoltura!
Hoje, contei uma história sobre a dona Árvore para uma turma do 3º ano. Gostei muito da experiência, pois houve muita interação por parte das crianças.
De fato, todos participaram muito da história. Elas imitaram animais que eu introduzi na narrativa de propósito. Teve cachorro, gato, cavalo, galo, macaco... Parecia uma sinfonia do zoológico. Rsrsrs!
As crianças adoraram e se divertiram bastante!...
No começo, eu ficava insegura com as chamadas intromissões, que são, na verdade, participações. Isso acontecia porque eu praticamente decorava toda a história (tenho boa memória). Então, quando uma criança participava espontaneamente, eu ficava meio perdida para lhe dar atenção sem perder o fluxo narrativo.
Essas experiências me fizeram reconhecer o valor das participações e passei até a programá-las para enriquecer a contação.
Conforme esclareci, eu mesma introduzi os animais na história, pois detectei uma brechinha para isso na parte em que se tratava de besouros, abelhas... Faço isso sem nenhum problema, pois me considero, como contadora de histórias, uma coautora dos contos que escolho, ou dos contos que me escolhem... Rsrsrs!
Às vezes, a experiência de não contar a história, em suas minúcias, gera uma ansiedade em mim. Sinto-me transgredindo um roteirinho. Parece paradoxal. Introduzo elementos na história com naturalidade, mas omitir palavras, expressões ou detalhes me causa angústia.
Hoje, gaguejei numa palavra. Isso me deixa triste, pois parece que fica evidente uma fragilidade minha ou parece que por um momento se quebra o encantamento da história.
Será que estou sendo muito exigente comigo mesma?...
Em uma oficina de contação de histórias, minha professora esclareceu que só preciso saber os fatos principais da narrativa e o restante pode ficar por minha conta. Essa orientação também está em um livro que estou lendo.
Preciso relaxar e curtir mais a dança das palavras e o ritmo dos gestos que a história evoca.
Quero fazer isso com cada vez mais desenvoltura!
quinta-feira, 7 de abril de 2011
domingo, 3 de abril de 2011
Grãos de areia
Era uma vez um mestre que ministrava lições em verdadeiras montanhas do conhecimento. Lá, os discípulos o seguiam nas trilhas do estudo e da meditação ao ar livre.
O sol da sabedoria penetrava a alma dos discípulos, aquecendo sonhos e ideais que se desvendavam um após o outro.
As histórias do mestre eram como pássaros que posavam em seus ombros, dando asas à imaginação e fantasia de muitos.
Havia plantas de esperança embelezando a paisagem moral que o mestre descortinava com o poder de seu exemplo.
Contudo, havia pedras no caminho...
Alguns discípulos preguiçosos se recusaram a subir a montanha do conhecimento.
Eles se negavam a apreciar amplos panoramas e preferiam sua visão limitada.
Desafiaram o mestre.
Zombaram de seus ensinamentos.
Mas o mestre não se perturbou, pois sabia que uma tempestade se aproximava.
Desabou uma forte chuva, com relâmpagos e trovões.
O mestre e os outros discípulos abrigaram-se nas cavernas de seu conhecimento.
Durante o vendaval da vida, os discípulos rebeldes se acusaram mutuamente por conta das dificuldades.
Temeram.
Choraram.
Sofreram.
Até que se reinventaram ao se recordarem justamente das lições do mestre.
Então, eles começaram a cantar e dançar na chuva.
O mestre e os outros discípulos deixaram a caverna para participar da festa.
Após o ensinamento de vida, todos subiram juntos a montanha do conhecimento.
Desde então, a história do mestre tem se repetido, com variações, ao longo da vida de muitos professores, nas escolas de nosso país, onde as lições se assemelham a grãos de areia, sem os quais, sabemos, não existiriam as montanhas...
O sol da sabedoria penetrava a alma dos discípulos, aquecendo sonhos e ideais que se desvendavam um após o outro.
As histórias do mestre eram como pássaros que posavam em seus ombros, dando asas à imaginação e fantasia de muitos.
Havia plantas de esperança embelezando a paisagem moral que o mestre descortinava com o poder de seu exemplo.
Contudo, havia pedras no caminho...
Alguns discípulos preguiçosos se recusaram a subir a montanha do conhecimento.
Eles se negavam a apreciar amplos panoramas e preferiam sua visão limitada.
Desafiaram o mestre.
Zombaram de seus ensinamentos.
Mas o mestre não se perturbou, pois sabia que uma tempestade se aproximava.
Desabou uma forte chuva, com relâmpagos e trovões.
O mestre e os outros discípulos abrigaram-se nas cavernas de seu conhecimento.
Durante o vendaval da vida, os discípulos rebeldes se acusaram mutuamente por conta das dificuldades.
Temeram.
Choraram.
Sofreram.
Até que se reinventaram ao se recordarem justamente das lições do mestre.
Então, eles começaram a cantar e dançar na chuva.
O mestre e os outros discípulos deixaram a caverna para participar da festa.
Após o ensinamento de vida, todos subiram juntos a montanha do conhecimento.
Desde então, a história do mestre tem se repetido, com variações, ao longo da vida de muitos professores, nas escolas de nosso país, onde as lições se assemelham a grãos de areia, sem os quais, sabemos, não existiriam as montanhas...
quinta-feira, 24 de março de 2011
Diário de Sherazade I
Querido diário,
Sou uma contadora de histórias.
Inspiro-me em Sherazade. Ela salvou sua própria vida com o ato de contar histórias para o sultão, que superou o trauma da traição da esposa com o poder curador dos contos.
Por isso, acredito que todos – crianças, jovens, adultos e idosos – podem curtir o encantamento que envolve as histórias, pois após mergulharmos no universo mágico das tramas, voltamos para a superfície revigorados.
Gosto mais de contar histórias para as crianças. Elas vibram durante a contação, seus olhos ficam iluminados, o sorriso espontâneo e até o estranhamento de algumas me deixa comovida.
Já tive a oportunidade de contar histórias para adultos, mas foi diferente.Bom, mas diferente. Alguns adultos abrem mão de se envolver com a história para avaliar a performance do contador. Acho que perderam o contato com sua a criança interior...
Eu conto histórias porque eu acredito na Poesia da Vida.
Creio que precisa haver um espaço para a imaginação, para o lúdico. Por isso, além das histórias, eu e as crianças sempre desenvolvemos uma atividade juntos, envolvendo pintura, colagem, massinha, dobraduras... Tudo para que as crianças exercitem a sua criatividade e reflitam sobre as histórias.
Eu conto histórias usando todo o meu potencial criativo e intuição. Até onde sei não existem cursos profissionalizantes de contadores de histórias. Há, na verdade, pessoas que reconhecem o valor da leitura e se dispõem a fazer um trabalho de divulgação literária em escolas, hospitais, templos religiosos, asilos... Para isso, muitos participam de oficinas, simpósios, cursinhos, além de lerem sobre as possibilidades de atuação como narradores.
Sabe, tenho um sonho inusitado: eu queria ser como uma biblioteca viva!...
Gostaria de trazer histórias e mais histórias dentro de mim, para enriquecer o meu interior de magia e emoção. Por isso, conto histórias.
Isso é tão forte em minha vida que, quando passo por momentos de tristeza ou enfrento fracassos, vêm à minha mente cenas de meu trabalho como contadora de histórias. Então, me sinto forte, não obstante minha momentânea fragilidade.
Nossa, nem percebi! Estou contando a minha própria história...
Este meu diário será uma oportunidade para eu me conhecer mais, para poder atuar na sociedade com mais segurança e ser uma educadora incansável, com uma singela vocação para a Pedagogia do Amor!...
Sou uma contadora de histórias.
Inspiro-me em Sherazade. Ela salvou sua própria vida com o ato de contar histórias para o sultão, que superou o trauma da traição da esposa com o poder curador dos contos.
Por isso, acredito que todos – crianças, jovens, adultos e idosos – podem curtir o encantamento que envolve as histórias, pois após mergulharmos no universo mágico das tramas, voltamos para a superfície revigorados.
Gosto mais de contar histórias para as crianças. Elas vibram durante a contação, seus olhos ficam iluminados, o sorriso espontâneo e até o estranhamento de algumas me deixa comovida.
Já tive a oportunidade de contar histórias para adultos, mas foi diferente.Bom, mas diferente. Alguns adultos abrem mão de se envolver com a história para avaliar a performance do contador. Acho que perderam o contato com sua a criança interior...
Eu conto histórias porque eu acredito na Poesia da Vida.
Creio que precisa haver um espaço para a imaginação, para o lúdico. Por isso, além das histórias, eu e as crianças sempre desenvolvemos uma atividade juntos, envolvendo pintura, colagem, massinha, dobraduras... Tudo para que as crianças exercitem a sua criatividade e reflitam sobre as histórias.
Eu conto histórias usando todo o meu potencial criativo e intuição. Até onde sei não existem cursos profissionalizantes de contadores de histórias. Há, na verdade, pessoas que reconhecem o valor da leitura e se dispõem a fazer um trabalho de divulgação literária em escolas, hospitais, templos religiosos, asilos... Para isso, muitos participam de oficinas, simpósios, cursinhos, além de lerem sobre as possibilidades de atuação como narradores.
Sabe, tenho um sonho inusitado: eu queria ser como uma biblioteca viva!...
Gostaria de trazer histórias e mais histórias dentro de mim, para enriquecer o meu interior de magia e emoção. Por isso, conto histórias.
Isso é tão forte em minha vida que, quando passo por momentos de tristeza ou enfrento fracassos, vêm à minha mente cenas de meu trabalho como contadora de histórias. Então, me sinto forte, não obstante minha momentânea fragilidade.
Nossa, nem percebi! Estou contando a minha própria história...
Este meu diário será uma oportunidade para eu me conhecer mais, para poder atuar na sociedade com mais segurança e ser uma educadora incansável, com uma singela vocação para a Pedagogia do Amor!...
segunda-feira, 21 de março de 2011
Um poeta dorminhoco
José construiu um barraco, e o bairro não tem saneamento básico...
Acorda, poeta!
José sofre com a doença da esposa, e não há médico...
Acorda, poeta!
José tem cinco filhos queridos, e não há escola para eles...
Acorda, poeta!
José trabalha com garra, e sem a garantia dos seus direitos legais...
Acorda, poeta!
José acredita no poder do voto, e as promessas não se cumprem...
Acorda, poeta!
José não está sozinho...
Muitos josés acordam o poeta,
Que escreve prontamente um título:
“POR UMA POESIA DA ESPERANÇA!”
Acorda, poeta!
José sofre com a doença da esposa, e não há médico...
Acorda, poeta!
José tem cinco filhos queridos, e não há escola para eles...
Acorda, poeta!
José trabalha com garra, e sem a garantia dos seus direitos legais...
Acorda, poeta!
José acredita no poder do voto, e as promessas não se cumprem...
Acorda, poeta!
José não está sozinho...
Muitos josés acordam o poeta,
Que escreve prontamente um título:
“POR UMA POESIA DA ESPERANÇA!”
sexta-feira, 11 de março de 2011
Contar histórias para os filhinhos...
"As crianças pedem a seus pais para lhes contarem histórias antes de dormir. A mãe que se relaciona todos os dias com seus filhos quase que exclusivamente por meio de palavras de ordem - 'Já fez alição?', 'Não deixa nada no prato!', 'Seu quarto está uma bagunça!', 'Não se esqueça de escovar os dentes!' - aparece de outra forma para as crianças quando, à noite, senta-se na sua cama para ler ou contar histórias. É uma outra voz, que se torna tranquila e harmoniosa. É um outro contato humano, num tom mais colorido, divertido, vibrante, misterioso. Da mesma maneira, quando um professor se dispõe a trazer um conto para seus alunos, pode estabelecer um contato com eles, poderíamos dizer de imaginação para imaginação, no qual esta mesma qualidade viva se apresenta de modo insubstituível."
(MACHADO, Regina. "Acordais: Fundamentos teórico-poéticos da arte de contar histórias". São Paulo: DCL, 2004)
(MACHADO, Regina. "Acordais: Fundamentos teórico-poéticos da arte de contar histórias". São Paulo: DCL, 2004)
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Um príncipe encantador!... (Peça que escrevi sobre o aborto)
Era uma vez um príncipe encantador!...
Personagens:
Narrador
Branca, a princesa
Carlos, o príncipe
Julieta, amiga da princesa
Pedro, músico e ex-namorado (amigo) da princesa
João, estudante desleixado e ex-namorado (amigo) da princesa
Aurélio, intelectual e ex-namorado (amigo) da princesa
(Branca entra em cena trajando um lindo vestido de princesa, usando apenas um sapato em um dos pés):
Branca: Espero por um príncipe!...
(Pausa. Entra em cena o príncipe com um sapatinho nas mãos, que ele coloca em um dos pés de Branca para, em seguida, dançar com ela. Música instrumental)
Branca: Espero por um príncipe, mas... não sou nenhuma Cinderela.
(O príncipe estranha as palavras de Branca, e vai se afastando lentamente)
Branca: Nada de nobreza, nada de bondade, nada de delicadeza, nada de simplicidade! Estou mais para bruxa!...
(O príncipe se assusta e se retira às pressas)
Branca: Espelho, espelho meu, você conhece alguma escola de princesas?...
Narrador: Era uma vez uma escola de princesas chamada Vida. Branca, uma jovem sonhadora, estava, como nós, matriculada nesta escola especial e estava prestes a aprender uma importante lição. Ela era uma mulher romântica e, como se costuma dizer por aí, um tanto “moderninha”. Branca vivia de acordo com a seguinte filosofia de vida: “Enquanto o homem certo não aparece, eu me divirto com os errados.”
(Entra em cena uma amiga de Branca e, em seguida, a própria Branca)
Branca: Julieta! Como vai você, fofa?
Julieta: Vou bem... bem mal!
Branca: Mas por quê, menina?
Julieta: Terminei o meu lance com o Romeu.
Branca: Por quê? As famílias de vocês eram contra?
Julieta: Não. Ele é que era sempre do contra... Só mesmo você para acreditar em príncipe encantado...
Branca: É, acredito, mas enquanto o meu príncipe não aparece, a minha coleção de sapos só vai aumentando... (risos de vaidade feminina)
(Branca mostra à amiga algumas fotos em seu celular)
Branca: Olha aqui! Alguns você não conhece... Olha... esse aqui é o João.
(Entra em cena João, um músico carregando um violão, que desfila com uma placa em que se lê: “ Sapo 1”)
Branca: Ele era músico, e era até bem engraçadinho, mas eu tenho ouvidos bem sensíveis...
(João canta mal a música sertaneja “É o amor...”, além de tocar pessimamente)
Branca: Ah! Esse aqui é o Aurélio.
(Entra em cena Aurélio, um rapaz com jeito de intelectual, que desfila para todos com uma placa em que se lê: “Sapo 2”)
Branca: Ele era sensível, mas havia um problema de comunicação entre a gente...
Aurélio: Branca, eu estou anelando por lhe oscular as alfácias e por lhe dar o famigerado amplexo fagueiro dos enamorados!...
Julieta: HEIN?!?
Branca: Calma que eu vou chamar o Aurélio!
Aurélio: Eu estou aqui, minha diva!
Branca: Não é você, querido sabichão! Estou falando do dicionário Aurélio. AURÉLIOOO!
Dicionário Aurélio: queridos falantes de Língua Portuguesa, o referido rapaz apenas disse: “Branca, eu estou ansiando por beijar sua face e por lhe dar o famoso abraço carinhoso dos apaixonados!”)
(O dicionário sai abraçado com Aurélio, buscando consolá-lo)
Branca: Já esse aqui é o Pedro.
(Entra em cena Pedro, um estudante desleixado, que desfila para todos com uma placa em que se lê: “Sapo 3”)
Branca: Ele era divertido, mas meio largadão e tinha um problema sério...
Pedro se senta numa cadeira e tira o sapato. Branca torce o nariz.)
Pedro: “O sapo não lava o pé, não lava porque não quer, ele mora lá na lagoa e não lava o pé porque não quer. Mas que chulé!”
Julieta: É, amiga, a coisa está feia! Acho que os príncipes deviam andar com uma placa escrito “Príncipe Encantado”!
Narrador: Branca acreditava em contos de fadas e sonhava em “ser feliz para sempre”. Mas a sua felicidade estava... no país de si mesma. Um país que ela conservava distante. Por isso, Branca precisava fazer uma viagem, mas uma viagem interior. Sua vida precisava de magia. Magia é acreditar em si mesmo. Magia é mostrar ao mundo quem somos. Magia é curar um coração ferido. Magia é sonhar acordado. Magia é saber que podemos ser felizes.
(Branca está parada em um ponto de ônibus. Ela faz sinal, mas o motorista não para. Entre em cena Carlos, o príncipe, com uma placa colada nas costas, em que se lê: “Príncipe Encantado”)
Carlos: Por favor, você pode me informar as horas?
Branca: Claro. São 16:30h.
Carlos: Obrigado.
(Carlos faz um movimento para avistar o ônibus e Branca lê a placa em suas costas)
Branca: Gente! Não acredito... Bem que a Julieta falou... Um príncipe!!!
Carlos: HEIN?!?
Branca: Você... você é um príncipe!...
Carlos: Calma aí, que história é essa?
(Branca arranca a placa e mostra a Carlos)
Carlos: Ah! É isso?... Meus amigos vivem fazendo essas brincadeiras comigo...
Branca: Mas então... você não é um príncipe?
(Carlos olha para Branca, lê novamente o papel e olha para a plateia)
Carlos: Príncipe Carlos. Muito prazer...
(Carlos beija a mão de Branca)
Branca: Princesa Branca. O prazer é meu...
(Branca e Carlos ficam congelados durante a fala do narrador)
Narrador: Amar é a maior aventura do ser humano. No coração que ama, reina a mais pura paz. Mas só ama quem ousa amar a si mesmo. Quem não se ama, não pode amar os outros. Por isso, ame-se e ame!... Se você amar de verdade, dará ao outro a possibilidade de ter uma relação baseada na honestidade e na sinceridade desde o primeiro momento.
Branca: Você se lembra do dia em que a gente se conheceu?
Carlos: Como eu poderia esquecer os detalhes da nossa história, minha princesa? Esquecer a primeira vez que a vi, esquecer a nossa linda noite de amor!...
Branca: Nossa! Esse mês passou voando....
(Entram em cena Pedro, Aurélio e João)
Pedro, Aurélio e João: Branca?!!!
Branca: Meus amores!...
(Branca se afasta de Carlos e vai abraçar cada um dos ex-namorados. Carlos fica enciumado)
Carlos: Branca, quem são esses?
Pedro: Você não a ouviu? Nós somos os amores da Branca. Somos ex-namorados...
Branca: Eles são meus amigos.
(Carlos fica zangado)
Carlos: Eu estou indo embora. Branca, vamos?...
(Carlos estende a mão em direção a Branca)
Pedro: Branca, está rolando uma festança na casa da Julieta. Você não quer vir com a gente?
Branca: Claro! Eu estou com saudades da minha amiga!... Carlos, vamos?
(Branca estende a mão em direção a Carlos. Todos congelam)
Narrador: Se você se amar e amar o outro de verdade, amará sem data de validade, sem exigências nem contrato, sem condições, sem truques, sem disfarces, sem inseguranças. No estatuto do amor, só uma coisa fica proibida: amar sem amor.
(Carlos se retira. Branca fica meio indecisa, mas depois que os amigos a chamam novamente, vai com eles para a festa da amiga)
Pedro, Aurélio e João: Branca, vamos?...
(Todos se retiram. Pausa longa. Branca entra em cena alisando a barriga. Carlos chega)
Carlos: Por que você me chamou aqui? A gente não tem mais nada para conversar.
Branca: Carlos, eu acabei me descuidando e... bem... eu estou grávida!
(Carlos experimenta um contentamento, que dura pouco)
Carlos: E... você já sabe quem é o pai?
Branca: Como quem é o pai?... Depois de tudo o que a gente viveu...
Carlos: Não sei não, Branca. Você tem muitos “amores”.
(Branca fica magoada)
Branca: Carlos...
Carlos: Escuta bem o que eu vou lhe dizer, Branca. Pra ficar comigo, você terá que se afastar daqueles seus ex-namorados e se livrar dessa criança, que eu nem sei se é minha...
Branca: Você quer que eu faça um aborto?
Carlos: Filho é coisa séria, e deve ser planejado pelo casal. Desse jeito, parece que você quer me dar o golpe da barriga... O descuido foi seu, portanto o problema é seu!...
(Carlos se retira)
Branca: O conto de fadas acabou!...
(Branca chora quase desesperada)
Branca: Eu preciso beber alguma coisa... Cadê meu cigarro?...
(Ao procurar o cigarro, Branca toca em sua barriga, e passa a alisá-la)
Branca: Não. Eu não posso prejudicar o meu filho...
Narrador: Uma vez ou outra, renascemos de nós. Todo renascimento contém o fim de um ciclo, seja de um estilo de vida, de uma relação, de uma amizade, de um trabalho, de uma ideia, de um comportamento, de um lugar, de um amor. Uma vez ou outra, renascemos de nós.
(Passagem do tempo. Branca entra em cena com o filho nos braços, e passa a conversar com ele)
Branca: Ô, meu filho, você mudou minha vida, sabia? Eu percebi que, para se uma boa mãe para você, eu precisava me tornar uma pessoa melhor. Eu não estou falando só de deixar de beber ou de fumar, eu estou falando de deixar a vida acontecer: correr, brincar, pular, trabalhar, estudar, amar e amar! Eu estou falando de preservação da vida. Você preservou a minha vida!...
(Carlos entra em cena)
Carlos: Branca?...
Branca: Carlos?...
Carlos: Branca, eu pensei bem e...
(Branca se enche de esperança)
Branca: E?...
Carlos: Se ficar comprovado, por um teste de DNA, que esse menino é meu filho, eu vou assumi-lo. Pagar pensão, essas coisas e enfim... É isso. Tchau.
(Branca vai para o centro do palco)
Branca: Espero por um príncipe...
(Pedro, Aurélio, João e Julieta entram em cena com brinquedos nas mãos)
Pedro: Nós viemos ver o seu pequeno príncipe!...
(Branca olha para o filho e descobre que ele é o seu verdadeiro príncipe)
Branca: Um príncipe que me salvou!...
(Cada amigo vai se colocando próximo a Branca, um de frente para o outro, fazendo um gesto de reverência para a criança)
Julieta: Era uma vez um pequeno príncipe!...
Pedro: Era uma vez um príncipe encantador!...
João: Era uma vez um pequeno príncipe!...
Aurélio: Era uma vez um príncipe encantador!...
(Todos congelam)
Narrador: Nessa escola de princesas, chamada Vida, Branca aprendeu que as bruxas são apenas princesas a serem descobertas.
Branca: Era uma vez uma princesa e seu pequeno príncipe!...
Personagens:
Narrador
Branca, a princesa
Carlos, o príncipe
Julieta, amiga da princesa
Pedro, músico e ex-namorado (amigo) da princesa
João, estudante desleixado e ex-namorado (amigo) da princesa
Aurélio, intelectual e ex-namorado (amigo) da princesa
(Branca entra em cena trajando um lindo vestido de princesa, usando apenas um sapato em um dos pés):
Branca: Espero por um príncipe!...
(Pausa. Entra em cena o príncipe com um sapatinho nas mãos, que ele coloca em um dos pés de Branca para, em seguida, dançar com ela. Música instrumental)
Branca: Espero por um príncipe, mas... não sou nenhuma Cinderela.
(O príncipe estranha as palavras de Branca, e vai se afastando lentamente)
Branca: Nada de nobreza, nada de bondade, nada de delicadeza, nada de simplicidade! Estou mais para bruxa!...
(O príncipe se assusta e se retira às pressas)
Branca: Espelho, espelho meu, você conhece alguma escola de princesas?...
Narrador: Era uma vez uma escola de princesas chamada Vida. Branca, uma jovem sonhadora, estava, como nós, matriculada nesta escola especial e estava prestes a aprender uma importante lição. Ela era uma mulher romântica e, como se costuma dizer por aí, um tanto “moderninha”. Branca vivia de acordo com a seguinte filosofia de vida: “Enquanto o homem certo não aparece, eu me divirto com os errados.”
(Entra em cena uma amiga de Branca e, em seguida, a própria Branca)
Branca: Julieta! Como vai você, fofa?
Julieta: Vou bem... bem mal!
Branca: Mas por quê, menina?
Julieta: Terminei o meu lance com o Romeu.
Branca: Por quê? As famílias de vocês eram contra?
Julieta: Não. Ele é que era sempre do contra... Só mesmo você para acreditar em príncipe encantado...
Branca: É, acredito, mas enquanto o meu príncipe não aparece, a minha coleção de sapos só vai aumentando... (risos de vaidade feminina)
(Branca mostra à amiga algumas fotos em seu celular)
Branca: Olha aqui! Alguns você não conhece... Olha... esse aqui é o João.
(Entra em cena João, um músico carregando um violão, que desfila com uma placa em que se lê: “ Sapo 1”)
Branca: Ele era músico, e era até bem engraçadinho, mas eu tenho ouvidos bem sensíveis...
(João canta mal a música sertaneja “É o amor...”, além de tocar pessimamente)
Branca: Ah! Esse aqui é o Aurélio.
(Entra em cena Aurélio, um rapaz com jeito de intelectual, que desfila para todos com uma placa em que se lê: “Sapo 2”)
Branca: Ele era sensível, mas havia um problema de comunicação entre a gente...
Aurélio: Branca, eu estou anelando por lhe oscular as alfácias e por lhe dar o famigerado amplexo fagueiro dos enamorados!...
Julieta: HEIN?!?
Branca: Calma que eu vou chamar o Aurélio!
Aurélio: Eu estou aqui, minha diva!
Branca: Não é você, querido sabichão! Estou falando do dicionário Aurélio. AURÉLIOOO!
Dicionário Aurélio: queridos falantes de Língua Portuguesa, o referido rapaz apenas disse: “Branca, eu estou ansiando por beijar sua face e por lhe dar o famoso abraço carinhoso dos apaixonados!”)
(O dicionário sai abraçado com Aurélio, buscando consolá-lo)
Branca: Já esse aqui é o Pedro.
(Entra em cena Pedro, um estudante desleixado, que desfila para todos com uma placa em que se lê: “Sapo 3”)
Branca: Ele era divertido, mas meio largadão e tinha um problema sério...
Pedro se senta numa cadeira e tira o sapato. Branca torce o nariz.)
Pedro: “O sapo não lava o pé, não lava porque não quer, ele mora lá na lagoa e não lava o pé porque não quer. Mas que chulé!”
Julieta: É, amiga, a coisa está feia! Acho que os príncipes deviam andar com uma placa escrito “Príncipe Encantado”!
Narrador: Branca acreditava em contos de fadas e sonhava em “ser feliz para sempre”. Mas a sua felicidade estava... no país de si mesma. Um país que ela conservava distante. Por isso, Branca precisava fazer uma viagem, mas uma viagem interior. Sua vida precisava de magia. Magia é acreditar em si mesmo. Magia é mostrar ao mundo quem somos. Magia é curar um coração ferido. Magia é sonhar acordado. Magia é saber que podemos ser felizes.
(Branca está parada em um ponto de ônibus. Ela faz sinal, mas o motorista não para. Entre em cena Carlos, o príncipe, com uma placa colada nas costas, em que se lê: “Príncipe Encantado”)
Carlos: Por favor, você pode me informar as horas?
Branca: Claro. São 16:30h.
Carlos: Obrigado.
(Carlos faz um movimento para avistar o ônibus e Branca lê a placa em suas costas)
Branca: Gente! Não acredito... Bem que a Julieta falou... Um príncipe!!!
Carlos: HEIN?!?
Branca: Você... você é um príncipe!...
Carlos: Calma aí, que história é essa?
(Branca arranca a placa e mostra a Carlos)
Carlos: Ah! É isso?... Meus amigos vivem fazendo essas brincadeiras comigo...
Branca: Mas então... você não é um príncipe?
(Carlos olha para Branca, lê novamente o papel e olha para a plateia)
Carlos: Príncipe Carlos. Muito prazer...
(Carlos beija a mão de Branca)
Branca: Princesa Branca. O prazer é meu...
(Branca e Carlos ficam congelados durante a fala do narrador)
Narrador: Amar é a maior aventura do ser humano. No coração que ama, reina a mais pura paz. Mas só ama quem ousa amar a si mesmo. Quem não se ama, não pode amar os outros. Por isso, ame-se e ame!... Se você amar de verdade, dará ao outro a possibilidade de ter uma relação baseada na honestidade e na sinceridade desde o primeiro momento.
Branca: Você se lembra do dia em que a gente se conheceu?
Carlos: Como eu poderia esquecer os detalhes da nossa história, minha princesa? Esquecer a primeira vez que a vi, esquecer a nossa linda noite de amor!...
Branca: Nossa! Esse mês passou voando....
(Entram em cena Pedro, Aurélio e João)
Pedro, Aurélio e João: Branca?!!!
Branca: Meus amores!...
(Branca se afasta de Carlos e vai abraçar cada um dos ex-namorados. Carlos fica enciumado)
Carlos: Branca, quem são esses?
Pedro: Você não a ouviu? Nós somos os amores da Branca. Somos ex-namorados...
Branca: Eles são meus amigos.
(Carlos fica zangado)
Carlos: Eu estou indo embora. Branca, vamos?...
(Carlos estende a mão em direção a Branca)
Pedro: Branca, está rolando uma festança na casa da Julieta. Você não quer vir com a gente?
Branca: Claro! Eu estou com saudades da minha amiga!... Carlos, vamos?
(Branca estende a mão em direção a Carlos. Todos congelam)
Narrador: Se você se amar e amar o outro de verdade, amará sem data de validade, sem exigências nem contrato, sem condições, sem truques, sem disfarces, sem inseguranças. No estatuto do amor, só uma coisa fica proibida: amar sem amor.
(Carlos se retira. Branca fica meio indecisa, mas depois que os amigos a chamam novamente, vai com eles para a festa da amiga)
Pedro, Aurélio e João: Branca, vamos?...
(Todos se retiram. Pausa longa. Branca entra em cena alisando a barriga. Carlos chega)
Carlos: Por que você me chamou aqui? A gente não tem mais nada para conversar.
Branca: Carlos, eu acabei me descuidando e... bem... eu estou grávida!
(Carlos experimenta um contentamento, que dura pouco)
Carlos: E... você já sabe quem é o pai?
Branca: Como quem é o pai?... Depois de tudo o que a gente viveu...
Carlos: Não sei não, Branca. Você tem muitos “amores”.
(Branca fica magoada)
Branca: Carlos...
Carlos: Escuta bem o que eu vou lhe dizer, Branca. Pra ficar comigo, você terá que se afastar daqueles seus ex-namorados e se livrar dessa criança, que eu nem sei se é minha...
Branca: Você quer que eu faça um aborto?
Carlos: Filho é coisa séria, e deve ser planejado pelo casal. Desse jeito, parece que você quer me dar o golpe da barriga... O descuido foi seu, portanto o problema é seu!...
(Carlos se retira)
Branca: O conto de fadas acabou!...
(Branca chora quase desesperada)
Branca: Eu preciso beber alguma coisa... Cadê meu cigarro?...
(Ao procurar o cigarro, Branca toca em sua barriga, e passa a alisá-la)
Branca: Não. Eu não posso prejudicar o meu filho...
Narrador: Uma vez ou outra, renascemos de nós. Todo renascimento contém o fim de um ciclo, seja de um estilo de vida, de uma relação, de uma amizade, de um trabalho, de uma ideia, de um comportamento, de um lugar, de um amor. Uma vez ou outra, renascemos de nós.
(Passagem do tempo. Branca entra em cena com o filho nos braços, e passa a conversar com ele)
Branca: Ô, meu filho, você mudou minha vida, sabia? Eu percebi que, para se uma boa mãe para você, eu precisava me tornar uma pessoa melhor. Eu não estou falando só de deixar de beber ou de fumar, eu estou falando de deixar a vida acontecer: correr, brincar, pular, trabalhar, estudar, amar e amar! Eu estou falando de preservação da vida. Você preservou a minha vida!...
(Carlos entra em cena)
Carlos: Branca?...
Branca: Carlos?...
Carlos: Branca, eu pensei bem e...
(Branca se enche de esperança)
Branca: E?...
Carlos: Se ficar comprovado, por um teste de DNA, que esse menino é meu filho, eu vou assumi-lo. Pagar pensão, essas coisas e enfim... É isso. Tchau.
(Branca vai para o centro do palco)
Branca: Espero por um príncipe...
(Pedro, Aurélio, João e Julieta entram em cena com brinquedos nas mãos)
Pedro: Nós viemos ver o seu pequeno príncipe!...
(Branca olha para o filho e descobre que ele é o seu verdadeiro príncipe)
Branca: Um príncipe que me salvou!...
(Cada amigo vai se colocando próximo a Branca, um de frente para o outro, fazendo um gesto de reverência para a criança)
Julieta: Era uma vez um pequeno príncipe!...
Pedro: Era uma vez um príncipe encantador!...
João: Era uma vez um pequeno príncipe!...
Aurélio: Era uma vez um príncipe encantador!...
(Todos congelam)
Narrador: Nessa escola de princesas, chamada Vida, Branca aprendeu que as bruxas são apenas princesas a serem descobertas.
Branca: Era uma vez uma princesa e seu pequeno príncipe!...
domingo, 20 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Receita da Felicidade (Kate Lúcia Portela)
Era uma vez um Rei tirano e egoísta, que queria encontrar a receita da felicidade. Ele anunciou que recompensaria muito bem o sábio que desvendasse o enigma do ‘ser feliz para sempre’.
Um jovem sábio se prontificou a lhe revelar a fórmula da felicidade.
― Majestade, case-se e será feliz!...
O rei casou-se com uma linda princesinha.
O tempo passou... passou... e o Rei não se sentia totalmente feliz.
Então, ele tornou a procurar o jovem sábio, que aconselhou:
― Majestade, tenha um filho e será feliz!
Em pouco tempo, o filho do Rei nasceu.
O tempo passou... passou... e o Rei não se sentia totalmente feliz.
Ele voltou a procurar o jovem sábio, que tornou a orientá-lo.
―Majestade, adquira um animal de estimação e será feliz!...
O soberano adquiriu um cão valente.
O tempo passou... passou e o Rei não se sentia totalmente feliz.
Procurado novamente pelo Rei, o jovem sábio o instruiu uma vez mais.
― Então, só há um meio de Vossa Majestade alcançar toda a felicidade possível neste planeta: sirva a sua família!...
O Rei relutou em aceitar a ideia, pois era muito orgulhoso, mas estava disposto a tudo para ser plenamente feliz. Então, ele começou a servir a sua família: a esposa e o filho, sem esquecer o nobre cachorro. O soberano passou a amá-los profundamente, sendo igualmente amado por eles.
O tempo passou... passou e o Rei ainda não se sentia completamente feliz.
Contudo, após aprender as lições do amor, o Rei tornou-se um sábio e percebeu que ele precisava fazer algo mais.
― Eu vou servir o meu povo!...
Assim fez o soberano, que nem viu o tempo passar, tamanho era o seu empenho em ajudar os semelhantes. Ele, a família e o povo estavam verdadeiramente felizes.
O Rei sábio encontrou a receita da felicidade quando serviu a todos.
Um jovem sábio se prontificou a lhe revelar a fórmula da felicidade.
― Majestade, case-se e será feliz!...
O rei casou-se com uma linda princesinha.
O tempo passou... passou... e o Rei não se sentia totalmente feliz.
Então, ele tornou a procurar o jovem sábio, que aconselhou:
― Majestade, tenha um filho e será feliz!
Em pouco tempo, o filho do Rei nasceu.
O tempo passou... passou... e o Rei não se sentia totalmente feliz.
Ele voltou a procurar o jovem sábio, que tornou a orientá-lo.
―Majestade, adquira um animal de estimação e será feliz!...
O soberano adquiriu um cão valente.
O tempo passou... passou e o Rei não se sentia totalmente feliz.
Procurado novamente pelo Rei, o jovem sábio o instruiu uma vez mais.
― Então, só há um meio de Vossa Majestade alcançar toda a felicidade possível neste planeta: sirva a sua família!...
O Rei relutou em aceitar a ideia, pois era muito orgulhoso, mas estava disposto a tudo para ser plenamente feliz. Então, ele começou a servir a sua família: a esposa e o filho, sem esquecer o nobre cachorro. O soberano passou a amá-los profundamente, sendo igualmente amado por eles.
O tempo passou... passou e o Rei ainda não se sentia completamente feliz.
Contudo, após aprender as lições do amor, o Rei tornou-se um sábio e percebeu que ele precisava fazer algo mais.
― Eu vou servir o meu povo!...
Assim fez o soberano, que nem viu o tempo passar, tamanho era o seu empenho em ajudar os semelhantes. Ele, a família e o povo estavam verdadeiramente felizes.
O Rei sábio encontrou a receita da felicidade quando serviu a todos.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Um cachorro para Maya - Roseana Murray (Adaptação de Kate Lúcia Portela)
Era uma vez uma menina meiga, inteligente e simpática, que se chamava Maya.
Maya era amiga da natureza!...
Ela gostava de admirar o sol, com seus raios que pareciam abraçá-la; o céu azul, que a fazia pensar nas coisas celestiais; ela admirava as rosas, com seu perfume mágico; as borboletas verdes, que traziam esperança para sua vida.
Apesar disso, Maya era uma menina solitária.
Então, ela começou a sonhar... sonhava com alguém de quem pudesse cuidar... sonhava com um cachorrinho, para com ele brincar correr, pular.
No seu aniversário, Maya pediu um cachorro de presente por meio de uma cartinha: “Pai e mãe, no meu aniversário de sente anos, não quero brinquedos nem roupas, quero uma coisa viva, quero um cachorrinho.”
Mas seus pais não lhe deram o presente desejado.
No Natal, Maya pediu novamente o cachorrinho através de uma nova cartinha:”Pai e mãe, para eu ser uma criança totalmente feliz, eu preciso de um cachorrinho. Quando o papai viaja, fico muito só. Ele vai ser como um irmão pra mim!”
Mas não houve resposta. No dia das crianças, Maya pediu outra vez um cachorrinho, com uma carta: “Pai e mãe, quero um cachorrinho! Pode ser de qualquer raça, de qualquer cor, pode ser feio ou bonito, eu já o amo como meu melhor amigo! Por favor, por favor, por favor!”
Mas ela não ganhou o tão sonhado presente.
O que estaria acontecendo?...
Como narrador, vou descobrir.
Os pais de Maya estão conversando neste momento.
O pai diz que ter um cachorro exige muita responsabilidade, pois tem que dar comida, dar banho, levar pra passear...
E a mãe...
Não estou ouvindo! Ei, mãe, você pode falar mais alto?
Obrigada!
Ah, sim! Ela diz que é preciso confiar em Maya, que ela vai amadurecer muito com a experiência. O pai acaba concordando.
Então, eles começam a procurar anúncios em jornais e descobrem que em um sítio ali por perto havia nascido uma ninhada de cães.
Eles levam Maya, feliz da vida, até esse sítio e ela não sabia que cãozinho escolher. Ficou numa dúvida! Por ideia do pai, ela fechou os olhos, deu um giro, abaixou-se e pegou um cãozinho. Viu, então, que ele tinha um olhinho pintado, como um piratinha...
― Eu vou cuidar de você, nada de mal vai lhe acontecer...
Eles vão embora, pois precisavam esperar o desmame dos filhotes.
O tempo passou devagarzinho, Maya estava ansiosa.
Mas logo chegou a semana de provas e o tempo passou rapidinho.
Quando chegaram ao sítio, souberam que algo de muito triste havia ocorrido.
Maya descobriu que o sítio havia sido invadido e os filhotes, roubados.
Ela ficou muito, muito triste.
Mas ouviu uma música, uma canção de esperança dentro de si mesma!
Então, Maya seguiu sua vida: cantou, brincou, amou, sofreu, estudou, correu.
Amou.
Amou-se.
O tempo passava normalmente, nem rápido, nem devagar.
Os pais de Maya pesquisaram um novo anúncio e fizeram uma surpresa para a filha.
Pediram que ela fosse até o escritório.
Maya, quando abriu a porta do escritório, teve uma surpresa.
Ela não precisou escolher um cãozinho: ganhou uma ninhada de filhotinhos!
Ela se sentiu feliz e realizada.
Pegou um por um.
Afinal, descobriu que os nossos sonhos estão nas nossas mãos!...
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
O corvo e a raposa (Adaptação de Kate Lúcia Portela)
Um corvo pegou um pedaço de carne e posou sobre uma árvore.
Uma raposa viu o corvo e quis se apoderar do pedaço de carne.
Então, ela se aproximou do corvo e começou a elogiar o seu pelo negro, o seu bico vistoso, a sua postura austera.
A raposa afirmou que nenhum outro animal da floresta merecia, tanto quanto ele, ser o Rei dos Animais.
Nem o leão com suas garras.
Nem a cobra com seu chocalho.
Nem o coelho com suas orelhinhas brancas.
Nem o canguru com seus grandes saltos.
A raposa afirmou, então, que para o corvo virar o rei da floresta realmente, só era preciso que, além de tantas qualidades, ele tivesse uma linda voz...
Neste momento, ela pôs-se a dançar para que o corvo cantasse e deixasse cair o pedaço de carne.
Então, o corvo logo se pôs a crocitar, com toda a sua força, cantando e cantando, sem perceber que o pedaço de carne caíra no chão.
A raposa correu e apanhou o pedaço de carne, fugindo rapidamente do local.
O corvo ficou desolado, mas aprendeu uma lição.
Ele mudou sua vida: virou cantor e formou uma dupla de rock com a cigarra.
Um dia, em um de seus shows, reencontrou a raposa na plateia.
Ela tinha se tornado sua fã número 1 e estava totalmente transformada, pois conhecera uma coruja que lhe transmitiu lições de sabedoria.
Então, eles se apaixonaram, se casaram e foram felizes para sempre.
Moral da história: Com o amor e a morte, não tentes ser forte.
(Fábula adaptada por Kate Lúcia Portela)
Uma raposa viu o corvo e quis se apoderar do pedaço de carne.
Então, ela se aproximou do corvo e começou a elogiar o seu pelo negro, o seu bico vistoso, a sua postura austera.
A raposa afirmou que nenhum outro animal da floresta merecia, tanto quanto ele, ser o Rei dos Animais.
Nem o leão com suas garras.
Nem a cobra com seu chocalho.
Nem o coelho com suas orelhinhas brancas.
Nem o canguru com seus grandes saltos.
A raposa afirmou, então, que para o corvo virar o rei da floresta realmente, só era preciso que, além de tantas qualidades, ele tivesse uma linda voz...
Neste momento, ela pôs-se a dançar para que o corvo cantasse e deixasse cair o pedaço de carne.
Então, o corvo logo se pôs a crocitar, com toda a sua força, cantando e cantando, sem perceber que o pedaço de carne caíra no chão.
A raposa correu e apanhou o pedaço de carne, fugindo rapidamente do local.
O corvo ficou desolado, mas aprendeu uma lição.
Ele mudou sua vida: virou cantor e formou uma dupla de rock com a cigarra.
Um dia, em um de seus shows, reencontrou a raposa na plateia.
Ela tinha se tornado sua fã número 1 e estava totalmente transformada, pois conhecera uma coruja que lhe transmitiu lições de sabedoria.
Então, eles se apaixonaram, se casaram e foram felizes para sempre.
Moral da história: Com o amor e a morte, não tentes ser forte.
(Fábula adaptada por Kate Lúcia Portela)
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
A Terapêutica da Literatura
Você conhece a feição terapêutica da Literatura?
Já se deu conta de que um conto pode restaurar o seu equilíbrio emocional e espiritual?
Então, saiba que uma contação de histórias pode entrar para a história...
Para a história de sua vida!
Afinal, quem não gosta de ouvir histórias, sejam elas verídicas ou fictícias?
As histórias alimentam a nossa alma, dão brilho ao nosso mundo interior.
Proporcionam paz e conforto emocional.
Possuem um caráter terapêutico, pois encantam e curam.
Salvam vidas!
As nossas histórias podem exalar o perfume da Poesia Divina.
Elas simplesmente se unem aos enredos de todos os que nos compartilham a existência, pois a história de um único homem carreia em si a história de muitos, muitos outros homens e de todos aqueles que, de algum, modo se identificam com essa história.
Era uma vez?...
Todas as histórias começam, na verdade, com um silêncio na alma!...
Já se deu conta de que um conto pode restaurar o seu equilíbrio emocional e espiritual?
Então, saiba que uma contação de histórias pode entrar para a história...
Para a história de sua vida!
Afinal, quem não gosta de ouvir histórias, sejam elas verídicas ou fictícias?
As histórias alimentam a nossa alma, dão brilho ao nosso mundo interior.
Proporcionam paz e conforto emocional.
Possuem um caráter terapêutico, pois encantam e curam.
Salvam vidas!
As nossas histórias podem exalar o perfume da Poesia Divina.
Elas simplesmente se unem aos enredos de todos os que nos compartilham a existência, pois a história de um único homem carreia em si a história de muitos, muitos outros homens e de todos aqueles que, de algum, modo se identificam com essa história.
Era uma vez?...
Todas as histórias começam, na verdade, com um silêncio na alma!...
sábado, 5 de fevereiro de 2011
No Reino das Crianças.!.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Oração do Contador de Histórias
Senhor,
Inspira-me!...
Que eu possa encantar as pessoas,
Com histórias perfumadas de sabedoria!...
Inspira-me!...
Que eu possa embelezar vidas,
Com a terapêutica artística da Literatura!
Inspira-me!...
Em todos os carismáticos espetáculos,
Que eu seja mais Deus
Que eu seja mais eu:
Brando e enérgico,
Sereno e agitado,
Engraçado e sério,
Extrovertido e tímido,
Ousado e cauteloso...
Sempre de mãos dadas com
a Imaginação, a Fantasia e a Criatividade!
Inspira-me!...
Que eu seja, enfim,
Um incansável doador de Horizontes!
Inspira-me!...
Que eu possa encantar as pessoas,
Com histórias perfumadas de sabedoria!...
Inspira-me!...
Que eu possa embelezar vidas,
Com a terapêutica artística da Literatura!
Inspira-me!...
Em todos os carismáticos espetáculos,
Que eu seja mais Deus
Que eu seja mais eu:
Brando e enérgico,
Sereno e agitado,
Engraçado e sério,
Extrovertido e tímido,
Ousado e cauteloso...
Sempre de mãos dadas com
a Imaginação, a Fantasia e a Criatividade!
Inspira-me!...
Que eu seja, enfim,
Um incansável doador de Horizontes!
domingo, 30 de janeiro de 2011
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Concurso para o magistério
Questão de consciência:
Assinale com um “X” a alternativa que melhor traduz uma pedagogia da esperança:
( ) Sofressor
( ) Crionça
( ) Aborrescente
( ) Educador-educando/ Educando-educador
Atenção, professor! Justifique sua resposta em sala de aula!...
Assinale com um “X” a alternativa que melhor traduz uma pedagogia da esperança:
( ) Sofressor
( ) Crionça
( ) Aborrescente
( ) Educador-educando/ Educando-educador
Atenção, professor! Justifique sua resposta em sala de aula!...
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